abril 2010 Archives
Pela sua importância, os dois primeiros posts do Sérgio Faria merecem o destaque - indevidamente resumidos -, mas com a justa ligação à coisa:
Primeiro, há um documento encomendado no final do mês de Dezembro do ano passado pelo Município de Ourém a uma coisa chamada Deloitte & Associados, SROC, S.A., que custou à malta 74.950,00 € - assim à moda belo do ajuste directo -, e com um prazo de execução de 60 dias. Os sessenta dias já lá vão e auditoria há-de chegar um dia. Provavelmente tarde e de forma inútil ao relatório de gestão referente ao exercício de 2009, as orientações do plano para 2010-2013 e o orçamento para o exercício de 2010, assim como a proposta do quadro orgânico novo do município. Brilhante.
A segunda e importantíssima chamada de atenção do Sérgio vai para mais uma triste e grave manobra de transparência e de promoção da participação pública que, de tão triste e tão grave que é, me deixa completamente parvo. É ler e tentar perceber aquilo que em nada é perceptível. Acima de tudo, o melhor mesmo é não lamentar mais. É que, afinal, afinal, aqui - em Ourém - tudo isto é apenas um déjà vu.
Quando comparado com os territórios que estão mais próximos, verificamos que, em termos de população residente, o concelho de Ourém representa, grosso modo, 40% da população que reside em Leiria, sendo um concelho que tem, de alguns anos a esta parte, apresentado níveis de crescimento, em termos populacionais, mais acentuados que os dos municípios vizinhos. Cerca de 65 % da população que existia em Dezembro de 2008 tinha menos de 50 anos.Se isso poderá ser visto como um sinal positivo, já o mesmo não poderemos dizer em relação a um fenómeno que, sendo recente, assume contornos que nos devem preocupar: trata-se, efectivamente, do desemprego.
Se até aqui era recorrente um discurso que apontava o concelho como uma região onde o drama da desocupação não se fazia sentir, pelo menos de uma forma tão significativa, essa situação alterou-se profundamente a partir, sobretudo, de 2008.
A taxa de crescimento verificada em relação ao número de desempregados registados no concelho foi de 85% entre 2008 e Fevereiro de 2010. Sendo uma situação generalizada um pouco por todo o País e com alguma intensidade na região, a taxa de crescimento de novos desempregados entre os homens é maior do que entre as mulheres, o que corresponde a uma situação que até aqui não vinha acontecendo. Para caracterizar genericamente o desemprego que se verifica no município, poderemos afirmar, de facto, que são as mulheres o grupo de pessoas mais atingido - e metade dos desempregados têm entre 35 e 54 anos.
Para finalizar, e no que respeita ao tecido empresarial, quando olhamos para o universo de empresas existentes no concelho de Ourém, em comparação com os municípios mais próximos, verificamos que se assume como um dos principais pólos de desenvolvimento empresarial da Região Centro, apenas suplantado por concelhos como os de Leiria, Coimbra, Figueira da Foz, Pombal e, mais afastado, o de Aveiro.
A internacionalização é o grande mote para a Conferência da próxima quinta-feira. O que fazer e que caminhos escolher, com indicações de dois especialistas
Como fazer para internacionalizar as nossas empresas? Que caminho seguir para conseguir mercados fora de portas? Perguntas urgentes, sobretudo se tivermos em conta quão fundamental é conseguir aumentar exportações. Em busca de respostas e indicações de especialistas sobre o melhor caminho a seguir, a e o ISLA escolhem a cidade de Ourém para a discussão: "Qual é o melhor caminho para a internacionalização das empresas portuguesas?"
Para discutir este tema a próxima Conferência de Estratégia - ISLA recebe Francisco Van Zeller, presidente do Conselho para a Promoção da Internacionalização (CPI). A mesma conferência servirá ainda para as explicações de Luís Mira Amaral, ex-ministro e analista habitual do estado da economia.
O terceiro convidado da para esta conferência é o empresário José Vicente, sócio-gerente da StarExtrasLine, que promete trazer o cunho da experiência empresarial ao debate.
Vai ser na próxima quinta-feira, pelas 18 horas, no Centro de Negócios de Ourém (auditório do núcleo da Nersant).
Todos os detalhes e o programa aqui.
Estou muito curioso para saber se é desta que a administração da Verourém - que, segunda a mesma, tem procurado melhorar a programação de cinema (colocando em cartaz filmes recentes) - vai trazer a estreia de nacional de um filme português de grande qualidade a Ourém.
Podemos dizer que não é todos os dias que há « bom cinema português». Ainda assim, quando há, acaba sempre por passar ao lado. Foi «recentemente» o caso de Aquele Querido Mês De Agosto que, na minha opinião, é um filme que diz mais respeito a Ourém do que qualquer coisa alguma vez filmado dentro dos nossos limites administrativos. Mas o cinema português é assim mesmo, cheio de ironias e já habituado à forma como é tratado. Para muitos pode não ser a coisa mais fantástica do mundo, OK, mas certamente que ficaria muito grato se, de vez em quando - só pedimos mesmo de vez em quando - tivesse uma oportunidade para se mostrar, especialmente quando este é de elevada qualidade e o tema que este aborda tem pontos de contacto com a realidade Oureense.
Depois da tremenda estreia no DocLisboa 2009 - à qual tive a sorte de assistir - e ganhar de seguida três prémios na competição nacional, Alexandra Prado Coelho escreveu o seguinte na Ípsilon:
Jorge Pelicano, o realizador do premiado Ainda há Pastores?, quis voltar a filmar a interioridade e o despovoamento. O plano era percorrer uma série de linhas de comboio encerradas em Portugal nos últimos anos, mas acabou por parar no Tua e ficar a filmar aí dois anos e meio. Um filme a que chamou Pare, escute, olhe, porque é precisamente isso que ele nos pede para fazer.
No Tua concentravam-se muitas das histórias que queria contar. Por exemplo, a das promessas dos políticos nunca cumpridas, a do permanente discurso da "solidariedade nacional para com o interior" - Cavaco a decidir acabar com um troço da linha do Tua e, anos depois, a perguntar "o que é que precisamos de fazer para que nasçam mais crianças?"; Sócrates a anunciar o admirável mundo novo da barragem de Foz Tua que vai alagar o vale e acabar definitivamente com a linha do comboio.
Nos dois anos e meio em que Jorge Pelicano filmou no Tua aconteceram quatro acidentes graves na linha e entrou no debate a questão da barragem, que, diz, "vai ditar o fim da linha em nome do progresso para as pessoas que estão no litoral, e sem grandes vantagens para as que ali vivem". O realizador acredita que a barragem "não vai ajudar a fixar as pessoas ali", como prova a história de um jovem agricultor que filmou e que tinha decidido investir na terra e na vinha, contra tudo e contra todos, e pode agora ser obrigado a ir-se embora.
"O filme tem um ponto de vista muito do povo, das pessoas que sofrem com as consequências das decisões dos políticos, das pessoas que precisam do comboio para ir à farmácia". Confessa que no início "ia à procura de histórias de luta e de revolta de um povo", mas não foi isso que encontrou. "Fiquei desiludido por não encontrar essa luta. Mas depois percebi que a história é precisamente essa: não há luta porque já não há gente".
«Cinema Português» ou «Europeu» é coisa que nunca combinou com «Cineteatro de Ourém». É um facto. No entanto estou especialmente curioso para conhecer o rumo que esta estreia nacional vai ter por cá. Se normalmente as minhas esperanças são reduzidas por saber que determinado cinema não está nos parâmetros do «pior» que se faz nos Estados Unidos, desta vez, para além disso, há o acréscimo de já saber de antemão que a película que se segue tem um fotografia péssima no que diz respeito aos tons laranja e rosa. O que certamente não convém a muita cabeça dura. Já imaginaram se a base de tanto voto fielmente colorido começa a pensar?
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