sinais, vii.i

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Apontamento preambular. Sobretudo por efeito do potencial turístico que tem, Fátima cresceu e desenvolveu-se significativamente, de modo mais acentuado nas últimas décadas. No plano religioso, em particular entre os católicos, tem uma projecção que alcança distâncias extraordinárias, assim como tem o reconhecimento decorrente dessa projecção. O santuário e as instituições religiosas locais, por um lado, e os empresários, por outro lado, têm promovido e aproveitado o potencial de Fátima. Embora não sempre com o ritmo, a orientação e a correspondência desejáveis, também o estado, por via tanto do governo quanto do município, tem atendido a algumas das necessidades maiores de Fátima. Seja como for, ainda há muito a fazer. Parte dos afazeres é no plano político e institucional, como atesta a não consideração do turismo religioso no âmbito de um documento estruturante da política portuguesa para o sector, o plano estratégico nacional do turismo. Sendo o reconhecimento de determinado lugar ou território decorrência do estatuto, da dimensão e da relevância que se conseguem projectar a partir daí e através das instituições que lhe conferem representação política, importa envidar esforços no sentido de que esse reconhecimento ultrapasse a escala local e regional, atingindo a escala nacional. É preciso diplomacia no quadro das relações institucionais, mas é necessário também uma estratégia de afirmação local, dos patrimónios e das marcas locais, de modo a que o reconhecimento político desejado surja e se sedimente como consequência do reconhecimento difuso, feito por cada pessoa.

Apesar de Fátima ser um caso singular, o problema que mais afecta Fátima não é exclusivo. Pelo contrário, é semelhante ao de outras localidades do país, pois não é só a Fátima que aflui pontual ou conjunturalmente um número bastante superior de pessoas em relação ao número daquelas que residem regularmente aí. Com intensidades e incidências específicas - distintas das que caracterizam as peregrinações a Fátima -, sucede o mesmo na generalidade das estâncias balneares do país. Também nesses lugares existe a necessidade de estruturas e equipamentos colectivos que não são objecto de uso com a mesma intensidade durante o ano todo. Pelo que o problema comum a tais localidades e Fátima é que, devido aos afluxos temporários e sazonais de muitas pessoas, aí colocam-se exigências em termos de investimento e de despesa que não são suportáveis pela economia e pelas autarquias locais. Donde a situação de dependência dos municípios que são afectados por este tipo de circunstâncias, dependência seja em relação ao investimento governamental, seja em relação ao investimento privado, o que em muitos casos - Fátima não é excepção - gera condições favoráveis a uma pressão imobiliária forte, com consequências negativas e duradouras em termos de ordenamento territorial e urbano e, por aí, com impacto severo sobre alguns itens associados à qualidade de vida.

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