Fazer obra por conta de outrem

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Durante a sessão da assembleia municipal realizada na quinta-feira passada, por ocasião da apreciação do relatório de contas do município de Ourém, Natália Nunes, membro do grupo municipal do psd, deu expressão a um argumento amanhado à podoa, portanto canhestro e obtuso, que já tido surgido para aí no espaço público. Segundo ela: "decidir fazer obra tendo dinheiro é fácil". Do que decorre que o que a câmara municipal fez, decidir fazer obra - nomeadamente o edifício novo que irá albergar os serviços municipais - sem dinheiro, é que, por ser difícil, é louvável. Isto, mais do que um ensaio falacioso, é ensaiar o engano da malta. Aliás, o exemplo dado na ocasião para justificar o argumento, da família que recorre a empréstimo bancário para fazer obra porque não tem dinheiro, não é exemplo que possa servir de paralelo ao procedimento da câmara municipal. Porque a câmara municipal decidiu fazer a obra sem qualquer garantia de financiamento externo - reler agora algumas palavras de David Catarino é lindo. E, como anunciou Vítor Frazão, se é verdade que o município de Ourém já pagou 5,5 milhões de euros de uma obra com um custo de 7 milhões de euros - e que foi adjudicada por 4,6 milhões de euros -, não é menos verdade que a câmara municipal forçou entidades que forneceram o município e que lhe prestaram serviços a funcionar como financiadores, pagando-lhes tarde, muito tarde, muitos meses para além da data de vencimento das facturas(*). Portanto, pelo que é possível observar, ao contrário do que vozes do psd tentam fazer crer, decidir fazer obra sem dinheiro também é fácil para a câmara municipal de Ourém. Porque, como não há obra sem dinheiro, é decidir fazer obra por conta e a expensas de outrem. O pessoal do psd acha que isto é mesmo assim e ainda por cima se vangloria do feito. Ora aí está mais um motivo por que não é merecedor de confiança política.
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(*) Vítor Frazão fez referência a dois prazos médio de pagamento que, sinceramente, não percebi. Retive «oito meses», referente a um dos casos, e «doze/treze meses», referente a outro dos casos, o «geral». Quando o relatório de contas estiver disponível aqui - ainda não está -, poderá fazer-se uma apreciação mais circunstanciada deste ponto e da situação financeira do município. Que, sabe-se, consequência de um acumulado de erros, manias e trapalhadas, não é famosa.

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