Estilo e conteúdo

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TJ, no blog da JSD Fátima (Energia Jovem) escreveu o seguinte num artigo entitulado "O Carrilho de Ourém":

José Alho recusou felicitar David Catarino, porque “em jogos em que a equipa vencedora faz batota não se lhe pode dar os parabéns”. Entre a “batotice” social-democrata estão as inaugurações de “algumas soleiras de portas”, explicou José Alho.

“Temos um adversário que ganhou mas fez batota. Não tenho a boa educação de lhe dar os parabéns”, ainda referiu ao concluir que “é esta a atitude que podem contar no futuro. Não vai ser vida fácil”.

Fonte: Notícias de Fátima


Esta argumentação de José Alho faria talvez sentido (i.e. compreendia-se!), se o PS tivesse perdido por uma pequena margem, no entanto não foi o que sucedeu. O PS nas três últimas autárquicas tem obtido aproximadamente a mesma votação.

Um pouco de humildade aos derrotados do PS, não faria mal nenhum. Esta arrogância é levada em conta pelo eleitorado.

Nota: Em termos de curiosidade eu deixo aqui os valores das despesas contempladas nos orçamentos de campanha apresentadas pelas listas candidatas em Ourém ao Tribunal Constitucional:


PPD/PSD - 112 410 €
PS - 101 169 €
CDS-PP - 112 410 €
CDU - 11 100 € (+ 5232€ ???)
Fonte: Tribunal Constitucional

No essencial concordo com o TJ, ou seja, as declarações de José Alho são, na minha humilde opinião, desculpas de mau pagador. O PS Ourém (e aqui já não estou a falar apenas de José Alho) só tem que responsabilizar-se a si próprio pelo resultado das últimas eleições autárquicas e começar a entender porque é que nunca foi poder em Ourém, apesar do já conhecido terreno adverso que lhe dificulta imenso o espaço de penetração. Mas o TJ cai em dois erros. O primeiro é comparar José Alho a Carrilho, o que é, no mínimo, infeliz, sabendo as diferenças de estilo entre os dois e a forma como se mostraram aos eleitores. O segundo é desmistificar a batotice do PSD usando o argumento que ambos os partidos gastaram o mesmo dinheiro nas eleições autárquicas. Esquece-se que aqui os meios de que José Alho se queixa, foram aqueles que só podem ser usados por quem detem o poder, e para dar um exemplo concreto, é recordar as ruas alcatroadas mesmo à porta das eleições em Alburitel, para além de outras coisas engraçadas. Facto esse que provavelmente contribuiu para que que o PSD perdesse aquela freguesia para o PS.

A questão de cumprimentar ou não o candidato vencedor torna-se de menos importância quando logo de seguida se afirma que ... "Não vai ser vida fácil". Será que haverá uma mudança de estilo (e conteúdo) na maneira do PS fazer Oposição em Ourém? Quererá este PS fazer parte da solução e não do problema? Costuma-se dizer que prognósticos, só no fim do jogo. Os espectadores, esses, é que já se fartaram.

8 Comentários

No artigo que escrevi, coloquei o título: O "Carrilho" de Ourém!
- o nome Carrilho vem entre aspas, porque apenas representa uma metáfora. Pois a atitude de José Alho é idêntica à de Carrilho em Lisboa ao perder as eleições. Este título vem numa linha de raciocínio que tinha exprimido num artigo anterior no Energia Jovem, sob o título "Rescaldo - Autárquicas 2005", onde escrevi o seguinte:
"Em Lisboa,
a direita PPD/PSD (8) e CDS-PP (1) também tiveram maioria (9/17) devido ao
excelente desempenho de Carmona Rodrigues (o "candidato de betão", como alguém
lhe chamou) e a excelente candidata do CDS-PP, Maria José Nogueira Pinto. O
candidato "gelatina" de Lisboa, Carrilho, nem na hora da derrota teve a
humildade de felicitar o vencedor... demonstrando a sua arrogância, que
levou a apelidarem-no de "grande ordinário!" - um dos episódios mais tristes desta
campanha. Simpatizei bastante com a campanha da CDU, particularmente do seu candidato Ruben de Carvalho (apesar das diferenças ideológicas)."

Portanto, concordo com o Fred, quando diz que
"comparar José Alho a Carrilho, o que é, no mínimo, infeliz, sabendo as diferenças de estilo entre os dois e a forma como se mostraram aos eleitores" - porque realmente a campanha de José Alho em nada se pode comparar à de Carrilho!

A conclusão que o Fred fez ao ler o referido artigo está errada, pois eu não comparava a campanha, mas e apenas a atitude após derrota eleitoral.

Quanto à história das obras... qual é o autarca que não faz obras e inaugurações no último ano de mandato?! Independentemente do partido. Acreditam que se o PS ganhasse em Ourém iria ser diferente daqui a 4 anos? Só se ilude quem quer.

O PSD não perdeu Alburitel devido às obras, o motivo é outro. Tal como o PS ganhou na Gondemaria, sabe-se bem porquê. Em Fátima, o PS apresentou-se com uma lista de independentes, muitos dos quais já se tinham candidatado em autárquicas anteriores por listas do CDS-PP - portanto, nem que o PS tivesse ganho em Fátima, verdadeiramente não teria sido o PS, apenas tinha ganho a oposição (não importa a lista em que se apresentam). No fundo nas eleições nacionais estes candidatos muito provavelmente votam CDS-PP ou PSD, no fundo incorporam listas onde podem obter mais dinheiro para a campanha.

Para confirmar o que disse anteriormente basta comparar os resultados das últimas legislativas (em que o candidato a PM foi Santana Lopes) e o destas autárquicas em Fátima:

Legislativas 2005:
PPD/PSD ....59.77%
PS..........15.79%
CDS-PP......15.22%

Autárquicas 2005:
PPD/PSD ....50.81%
PS..........29.21%
CDS-PP......11.78%

E veremos o resultado das presidenciais, suponho que Cavaco Silva (no caso de ser candidato) obterá valores acima dos 80% em Fátima.

Claro, que o PS Ourém faz o que pode para conseguir algo nas autárquicas, mas ganhar em Fátima não é igual a ganhar na Gondemaria!

Ideologicamente o PS, não penetra facilmente no eleitorado concelhio (excepto N. S. Piedade, Seiça e Alburitel). Por alguma razão, só existiu alternância na CM entre PSD e CDS nos anos iniciais da democracia. Só não vê quem não quer! As coisas podem mudar, mas vai levar anos.

Pelo que, depreendo eu que sou maluco, se o PS Ourém se aliar à direita é parte da solução, se se juntar à esquerda na oposição é parte do problema.
Se a JF for do PSD faz parte da solução, i.e., vai contar com os meios e os apoios da CMO, se não for então faz parte do problema e que se lixe, para não usar outro vernáculo.

(Ah sim?! É a isto que se chama Democracia?! 'Tou estupefacto!)

É só dar a oportunidade ao PS Ourém que ele utilizará os mesmos meios que o Catarino usou... é tudo uma questão de oportunidades.

Esqueçamos os partidos, o que realmente deveria ser importante era o programa de cada candidato, mas mais uma vez a informação não passou (sinceramente acho que por ineficácia dos intervenientes) e o eleitorado votou no tradicional.

Deixo aqui um repto aos partidos da oposição de Ourém, que tal começar a fazer campanha desde hoje para as próximas eleições autárquicas. Saiam da cidade e aproximem-se já do eleitorado, ver quais são as suas reais necessidades. Assim, dentro de 4 anos, quando se for a votos, o eleitorado já terá uma ideia de quem se preocupa realmente com a população.

Esta proposta é de borla, a próxima será a pagantes ;)

Na ressaca (de uma constipaçãozita...), não resisto a uma observações sobre tema que muito me ocupa: o dos comportamentos, da ética.
Se outra coisa não teve, a campanha de Carrilho trouxe para o mediatismo a mediática atitude de recusar um aperto de mão. Disso se fez caso, se tornou referência, se dá (mau) exemplo para comparações e conotações. Algumas despropositadas.
Ao longo de décadas de prática desportiva (e não só), venho treinando (e praticando) a atitude de cumprimentar os competidores. Mas uma coisa é cumprimentar urbanamente, outra é saudar amistosamente e dar parabéns.
O cumprimento pode travestir-se em hipocrisia se quem cumprimenta, sauda e dá parabéns, está a pensar cobras e lagartos de quem o venceu e acha que vencido foi por forma que o que entende é que deveria o vencedor ter sido desqualificado por ter sido desleal e batoteiro.
E vem a velha e maquiavélica sentença de que os resultados é que contam e que os fins justificam os meios. Pois eu acho, bem pelo contrário, que os meios têm de ser coerentes com os fins, e que mais importante é praticar que vencer, até porque assim os vencedores têm de respeitar quem venceram, ainda que de maneira pouco ética.
No que respeita às autárquicas oureenses, quero apenas acrescentar duas coisas: uma, saudar - e calorosamente! - todos os que se disponibilizaram para entrar na peleja eleitoral; outra, a de cumprimentar (sem saudações e parabéns hipócritas) quem chegou ao fim, e fazer a advertência que Eluard pôs num poema seu... agora vejam lá que fazem da vitória que tiveram. Vitória que, acrescentaria, tiveram nas condições em que a tiveram, com os meios que mobilizaram, com a sem-cerimónia com que usaram, contra outros, os meios e os argumentos que de todos ou só de outros eram.
Estarei a ser cabalístico ou hermético? Talvez. Gosta-se de ler muito mais directo. Mas também não percebo como, quem gosta de ser directo, passa como no meu tempo de jovem se dizia que passavam os canitos por vinha vindimada, pelas abissais diferenças de meios usados nas campanhas pelos diferentes candidatos e partidos. Com a gravante de os números mais enormemente altos estarem falseados porque muitos mais meios foram utilizados por se dispor de poder, local ou central.
Isto é deslealdade, é falta de ética. Mas ninguém liga muito, acha natural, assobia para o lado.
E estas seriam as regras deste jogo, as do equilíbrio entre os concorrentes. Repito, deste jogo... porque há outros!
Fica o desabafo. De passagem e porque me foi suscitado por estes comentários.

O caro TJ escreve,

Quanto à história das obras... qual é o autarca que não faz obras e inaugurações no último ano de mandato?! Independentemente do partido. Acreditam que se o PS ganhasse em Ourém iria ser diferente daqui a 4 anos? Só se ilude quem quer.

Eu sou daquele tipo de eleitor que avalia a "obra" pelo que se fez durante os quatro anos, pelo menos. As manobras de última hora só funcionam porque muitas vezes a memória é curta. E sim, não é uma questão de partidos, é uma questão de pessoas.

O PSD não perdeu Alburitel devido às obras, o motivo é outro. Tal como o PS ganhou na Gondemaria, sabe-se bem porquê

Pois então estou curioso em saber os motivos reais do PS ter ganho estas duas freguesias.

E para acabar, em reposta ao caro vizinho tomarense "SantaCita", as autárquicas em Ourém não se decidem por razões ideológicas. Por muito que partidos e coligações não o queiram (a CDU, por exemplo), as ideologias não interessam para muito em questões locais. E em Ourém a questão não está em ser-se de Esquerda ou de Direita, a questão é estar-se a favor ou contra o Partido Situacionista Oureense.

Excelente artigo do Fred; já não tão boa a resposta do tj.

O que me aprovém dizer é: isto não é fácil meus amigos.
É minha opinião que a maioria dos políticos portugueses está na política (e particularmente no exercício do poder local) da "forma errada". Veem nela uma forma de atingir sucesso pessoal e profissional.
Na minha óptica, exercício desse poder deveria ser feito a troco de nada, apenas com o objectivo de melhorar a qualidade de vida dos meus pares.

Ok, ok. É uma visão utópica, eu sei, mas sem utopia o que seria da nossa espécie? Teríamos carros, aviões, internet?

Se me pedirem para ir para uma junta de freguesia, câmara, etc, a troco de nada, é óbvio que não posso aceitar (ainda n me calhou o Euromillions), mas deveria ser esse o príncipio.

Já não tem nada a ver.
Ou terá tudo a ver?

sem utopia o que seria da nossa espécie? Teríamos carros, aviões, internet?

nenhum deste três bens é devido a uma qualquer utopia, mas sim a esse pecado mortal que é o lucro. vide patentes dos irmãos wright e o case study económico que é a ford no princípio do século xx. quanto à internet, tem que ser agradecida à investigação e desenvolvimento pagos pelo governo dos eua, essa súcia de horrendos neoliberais desenfreados.

quanto ao trabalhar de borla, nem comento, claro.

Sobranceiramente já passo ao lado do que se passa em Ourém depois da desilusão, esperada admito, que sofri uma outra vez.
Essa manobra de diversão utilizada por si, Tj, de apresentar os gastos em campanha pelos partidos, é simplesmente genial, para divertir quem o lê, poderia inserir essa informação a título informativo e aí sim seria util e de saudar, agora inserir a mesma no contexto que a insere e a título justificativo dum resultado de eleições, é completamente demonstrativo da sua completa abstracção do humanidade das mesmas. Reduzindo o reultado eleitoral a uma regra de três simples, do tipo "Nós gastamos X e obtivemos Y", "vocês gastaram X e obtiveram Y - x" logo nós somos melhores e vocês não conseguem penetrar no eleitorado concelhio é de uma falta de sensibilidade total.
Já quanto ao aperto de mão "Carrilhesco" ou não, já o afirmei antes, se eu acho que merecia, queria e devia ganhar porque devo então cumprimentar quem venceu? Porque devo cumprimentar, quem me derrotou, hipocritamente só porque depois me vão chamar "Derotado simpático e ético", prefiro ser chamado apenas de derrotado sem mais adjectivos á frente.
Quanto ao nosso concelho continuará a ser um paraíso para quem lá está, qual aldeia dos Gauleses, fechadíssima a sete chaves impedindo quem quer que seja de lá entrar e estragar a harmonia. Qualquer dia fala-se o Oureensês de tão isolados que iremos ficar. Mas isso é outra questão.
Quanto á suposta votação superior a 80% para Cavaco Silva nas presidenciais, assim o espero também.

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