Aconteceu ontem mais uma sessão ordinária da assembleia municipal. Com começo marcado para as 17.00 horas, o presidente da câmara municipal chegou 45 minutos depois. A propósito, uma nota.
No final do último ponto do período «antes da ordem do dia», dedicado às declarações e intervenções de interesse local ou geral, Ângela Marques, membro do grupo municipal do psd, arengou sobre um folheto qualquer do ps e, embalada, debitou uma retórica comicieira. A prédica foi tão sectária quão demagógica, a fazer lembrar os pregadores obscurantistas, em registo distorcido e patético, do tipo «eles, os maus cor de rosa - como o Boo do Dragon Ball -, que administram mal a coisa pública e mais não fazem do que dificultar a vida do povo e o bem que acaso fazem mais não é do que por obrigação, e nós, os benfazejos cor de laranja - como os citrinos da vitamina cê do Pafarrão e aquele gato gordo mandrião que gosta muito de lasanha -, os bons feitores da paróquia, por quem o povo clama e a quem o povo alcandora na padiola das honras e das sinecuras locais e muito bem, porque a nossa senhora da hora da nossa morte não deixa o povo ir em enganos». A charla atingiu tal nível de estupidez - verdade seja dita, não se ouviu sequer uma palavrinha em abono de Luís Filipe Menezes - que um elemento do grupo municipal socialista rogou o direito de intervenção para defesa da honra da bancada e da seita política. Mas o episódio não terminou aqui. Na sequência, Deolinda Simões, a quem compete orientar e conduzir os trabalhos da sessão de modo isento, tomou as dores do grupo do psd e, armando-se em patroa de estabelecimento com balcão e esplanada para atendimento ao público, reiterou o sentido do palavreado de Ângela Marques e reforçou a censura ao ps, fazendo tabula rasa dos preceitos legais e regulamentares que regulam a condição de presidente da mesa da assembleia municipal. Ainda bem. Viva. Urra. Iupi iupi lá lá lá. É que poderia ter-lhe dado para pior. Por exemplo, poderia ter-lhe dado para pensar na compatibilidade funcional e política entre o desempenho do cargo de chefe do gabinete do presidente da câmara municipal e o assento simultâneo na assembleia municipal, órgão de controlo da acção do executivo e, portanto, do seu presidente. Como é que alguém em posição subordinada consegue ao mesmo tempo fiscalizar o seu chefe? A lei há-de dizer alguma coisa sobre o assunto, mas isso, agora, não tem qualquer interesse. É dia de festa. Pode entrar a música dos Bonanza. Íii á.
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