Sobre o desenvolvimento regional

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Ora, a tendência tardia da urbanização metropolitana dá-se à custa da fragmentação e diluição das cidades médias portuguesas e da absorção do êxodo rural, num movimento de polarização de duas áreas em relação ao resto do país, mas também da AML em relação à AMP. A alteração sócio-demográfica dos últimos vinte anos decorre da litoralização do espaço, que foi ele próprio um processo heterogéneo nas duas áreas metropolitanas, com traduções diferenciadas em cada uma delas e uma evidente preponderância para a AML.

Isso resulta não de características endógenas de Lisboa, que nunca teve o dinamismo comercial e industrial do Porto ou de outras regiões, mas de opções políticas erradas, de concentração local da alta burocracia do Estado e do seu investimento público. A transumância da banca privada para Lisboa, independentemente das suas sedes se manterem no Porto, é apenas um dos exemplos mais óbvios das consequências desse artificialismo que reproduz assimetrias entre regiões.

Um estudo recente liderado por Augusto Mateus, intitulado Competitividade e Coesão Sócio-Territorial, comprova isso mesmo: duas décadas de fundos estruturais não impediram a divergência de enormes manchas regionais em relação à coesão e competitividade territoriais. E este não é um problema de afirmação específica da região Norte, mas sim de todo o país porque a reconfiguração do tecido urbano nacional após o 25 de Abril é completamente atípica no contexto europeu.

Tiago Barbosa Ribeiro, Kontratempos.

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