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Durante o período de impulso e frenesim do movimento «Ourém para Leiria» - a propósito, o que é feito desse colégio de vozes?, o que manifestou publicamente esse coro, o silêncio não conta, aquando a associação sorrateira e intempestiva de Ourém com os municípios do Médio Tejo?, para efeito de acesso aos fundos dos programas operacionais subjacentes ao quadro de referência estratégico nacional, vulgo QREN -, voltando à meada, durante o período de impulso e frenesim do movimento «Ourém para Leiria» detive-me várias vezes diante desta placa em díptico, posta contra uma parede da rua Teófilo Braga ia o século XX já avançado. Detive-me com inquietude. Desassossegava-me sobretudo o facto de, segundo a retórica atamancada pelo referido movimento, a inclinação de Ourém para Leiria remontar a desde as brumas imemoriais e não haver indicação expressa de Leiria como destino na banda direita da placa aludida. Estavam lá enunciados outros destinos, Fátima, Batalha e Santarém, mas não estava Leiria. Cá comigo, com os meus botões e com os meus fechos éclairs também, deduzi que, só podia, tal facto era decorrência de uma cabala de antanho. Se a ligação a Leiria era tão intensa e tão intensa desde muito antigamente – os tempos de Viriato ou ainda antes –, ao suprimir-se o nome de Leiria na referida placa - supressão, convém não deixar a coisa por menos -, os de então do século XX não viam ou não queriam ver aquilo que hoje é mais do que evidente tanto para agora quanto para outrora e, com isso, ensaiaram uma manobra de despiste. Para enganar a malta de depois. Claro.
Agora a sério. Sempre me pareceu que o excesso da retória pro Leiria, para além de promover um diagnóstico distorcido da situação e da condição territorial oureense, obnubilava a integração complexa de Ourém na sua geografia próxima e iludia as consequências da associação estrita a um dos espaços imediatos, Pinhal Litoral e Médio Tejo, com os quais, em diversos planos e sectores, Ourém tem relações. Em particular, preocupava-me e preocupa-me o acentuar a todo o transe de uma ligação exclusiva a um desses espaços contíguos a Ourém, qualquer que seja, em detrimento necessário de um outro. É que num quadro que tenha por referência a necessidade de concertação inter-municipal assim como a mobilidade e o trânsito de diversos factores, entre os quais as pessoas, as ligações, assumidas e prosseguidas com fundamento estratégico, devem ser diversas e complementares. O que significa que qualquer relação exclusiva traduz um fechamento autárcico. Pelo que, sem colocar em causa a opção por uma relação mais intensa e integrada com os municípios do Pinhal Litoral, Ourém podia e deveria ter preservado uma relação estratégica com os municípios do Médio Tejo, nomeadamente os da sua coroa envolvente e com os quais tem fronteira, como Tomar ou Torres Novas. As relações de parceria, enquanto relações de simbiose, nunca são demais. Porque, através do encontro das necessidades das várias partes, geram-se proveitos e vantagens comuns e particulares.
fotografia © Acácio Paiva

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