Foto&Legenda 111

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Eu gostava de escrever assim:

Recordo que na velha vila nova a rua era ainda o domicílio dos jogos e das brincadeiras. O chão era simples e o domínio ainda não havia sido travestido de condomínio. As pastilhas elásticas, as únicas, eram Pirata e os putos cresciam com mais publicidade. Os iogurtes eram raros. A batota, mesmo a mostrada, não. Trocavam-se cromos. Improvisavam-se regras. Ensaiava-se a inocência e o corpo até à ferida. Era golo e a baliza era duas pedras, uma de cada lado. Os putos acomodavam-se ao trânsito. O trânsito permitia-lhes que crescessem. Nos quintais ia-se às nêsperas. E perto, mais alto, porque o moinho de vento era lá em cima, havia apenas o depósito de água. Já não há.

Sérgio Faria, no Foto&Legenda.

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