E ó mãe, guarda-me longe também da simpatia de Deolinda Simões

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Vivo demasiado dentro de uma banda desenhada. Por isso, por palavras, conto esta página. Foi assim. Hoje, no espaço da livraria e editora Som da Tinta, houve recital de poemas e canções, palavras sobre águas salgadas e doces, palavras ditas e cantadas. Na parede havia fotografias com tema semelhante aos das palavras. Depois, foi bom o que se ouviu, mas acabou. A sessão foi dada como encerrada e aberto o período para rogo de autógrafos às autoras e ao autor da antologia poética que havia sido apresentada. A luz da ocasião já bruxuleava, mas houve ainda um fogacho que sentiu a necessidade de, fora de tempo, resplandecer. Não havia necessidade. Porque as palavras que Deolinda Simões decidiu dizer naquele momento nada acrescentaram à circunstância. Todas as pessoas tinham estado ali, presenciaram, sabiam o que tinha acontecido e como tinha acontecido. Na prática, a converseta de cabo de Deolinda Simões foi como aspergir lágrimas derramadas com água do mar. Água salgada sobre água salgada. Ou sejam, as suas palavras, extemporâneas, não poliram a ocasião. Pelo contrário. Acrescentaram rebarba num evento que, até àquele momento, não tinha tido. Enfim, custa-me a acreditar que, pelo comportamento que patenteiam – e me parece ser paradigmático –, algumas pessoas sejam deste mundo, deste lado em que, mesmo que não se olhe todos os dias para o espelho, se aprende a evitar armações ao pingarelho. É que, vamos lá, a simpatia e as boas intenções até podem pulsar das entranhas de Deolinda Simões. Porém, quando essas intenções e simpatia correm depois de tudo, sobre o que já passou, numa espécie de acrescento institucional ou bordo de cerimónia, sem que tal lhe tenha sido rogado ou se verifique necessário, isso torna-se resíduo, superficial. E incómodo. Como vivo demasiado dentro de uma banda desenhada, é provável que mereça este tipo de castigo.

2 Comentários

LIVRAI-NOS SENHOR DE OUVIR ESSA SENHORA QUE NÃO TEM MANEIRA DE ENXERGAR QUE CAI CONSTANTEMENTE NO RIDICULO

Pois, a Sra. Deolinda Simões faz sempre dessas e a mim não me parece que seja simpatia... é mais puro deslumbramento! E assim tem frequentemente atitudes ridículas, enfastiantes e por vezes riculamente cómicas!

Nada a fazer, a senhora não vê e não aprende... para nosso triste fado!

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