O anonimato na blogosfera

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É curioso observar que na maior parte dos blogs de e para oureenses, políticos ou não, a maioria dos seus autores optou por usar o anonimato. Eu considero o uso do anonimato um direito que assiste a qualquer indivíduo e está intimamente ligado ao direito à privacidade. No entanto, este texto do Paulo Gorjão no Bloguítica é bastante pertinente e faz-nos pensar:

Acho curiosa esta necessidade que os portugueses têm de se refugiar no anonimato para expressarem as suas opiniões na blogosfera. Esta incapacidade, muito generalizada, de se assumir aquilo que se pensa, diz, ou escreve. Obviamente, a razão directa deste receio em assumir as opiniões pessoais tem que ver com a recusa em assumir os custos, reais ou imaginários, que lhe estão associados. Independentemente das racionalizações que cada um possa fazer para justificar o seu caso pessoal, a verdade é que estamos sempre a falar de uma recusa ou receio em assumir as consequências do que se pensou, disse, ou escreveu. Muito embora possa parecer irrelevante, esta questão toca numa das questões mais fundamentais de um regime democrático. Isto porque esta recusa em assumir os 'custos do pensamento' tem consequências no exercício da cidadania e na qualidade da democracia. Na realidade, a opção pelo anonimato na blogosfera revela plenamente o défice de cidadania e a qualidade da democracia em Portugal.

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8 Comentários

na~o podia concordar mais.

Treta!

Então aqui fica:
Pedro Miguel D'Assunção Mascarenhas e Teles.
Nascido em Tomar, Freguesia de S. João Batista a 12 de Janeiro de 1937. Portador do Bilhete de Identidade nº 6170087.7, emitido pelo Arquivo de Santarém.

Claro que ficam mais claras as minhas opiniões e tudo o que penso

E "Pfig" parece-me um pseudónimo tão fechado como "Santa Cita"!

caro pedro,

pfig tem sido o meu email/username em todo o lado desde 1991/1992, vem de pedro figueiredo. como saberia se lesse a pergunta nu'mero 5 da faq do castelo (presente desde o 1o dia deste blog, embora inicialmente fosse um link a dizer "quem e' quem no castelo").

cumprimentos.

Treta!

Então aqui fica:
Julio José de Almeida Espanca D'Eça.
Nascido em Tomar, Freguesia de Santa Maria do Olival a 12 de Janeiro de 1807. Portador do Bilhete de Identidade nº 6, emitido pelo Arquivo de Évora.

Claro que ficam mais claras as minhas opiniões e tudo o que penso

pá!, o anonimato pode ter diversos motivos e significados. tanto pode ser motivado por uma economia de cobardia quanto pode ser motivado por uma opção estética. para além disto - a dificuldade em meter todos os anónimos no mesmo saco -, tenho dificuldade em admitir que seja imperioso saber quem é o autor do discurso. aceito que conhecer o autor do discurso satisfaz a curiosidade e facilita a vida, no sentido em que permite confrontar o dito pelo fulano com o antes dito e feito por ele. mas admito perfeitamente quem esteja disposto a expor as suas opiniões sem querer ser reconhecido por isso. e para mim tudo bem conquanto se respeitem os princípios da ética discursiva. no contexto de uma discussão, qualquer que seja, mais do que as pessoas, suspeito que devam ser atendidos os argumentos mobilizados por cada uma das partes envolvidas. aliás, em muitas circunstâncias, suspeito, conseguimos ser mais justos no diálogo desconhecendo a identidade dos interlocutores. porque o que fica sobre a mesa é sobretudo a mensagem. não o mensageiro. mas sei lá.

Nem mais, SF.
Porque raio a minha opinião é mais valorizada se assinar o meu nome de BI e não o pseudónimo que escolhi?
Se eu for "Pedro Miguel D'Assunção Mascarenhas e Teles" ou "Julio José de Almeida Espanca D'Eça" emito uma opinião e se for "Santa Cita" não passa de uma boca?

"Ah! porque eu assino Julio de Sousa" e eu quero lá saber! Eu, pessoalmente, "Fernando Pereira da Silva" conheço dezassete.

Resumindo, cada um cria o blog como quer e assina como quer. O anonimato é um pau de dois bicos. Serve para coisas boas e coisas más. Sobre a credibilidade de quem assina ou não com o próprio nome, isso é irrelevante. Num blog, quem queira ser levado a sério tem que estabelecer uma relação de confiança com os leitores. E isso demora tempo. Passa por exemplo, por referir sempre as fontes onde se busca informação e não fugir à discussão. Na blogosfera, a credibilidade leva muito tempo a ganhar e pouco tempo para que se esvaneça. E é por isso que, numa espécie de lei 'darwinesca', os blogs que nascem e que usem do anonimato para espalhar a confusão ou má-informação, podem ter um sucesso delimitado no tempo mas o que é mais provável é que desapareça por não ser mais levado a sério. Existem aqueles que também não se interessam pela credibilidade, querem é ter a liberdade de dizerem o que entenderem. O texto que citei, conclui com a afirmação de que a "opção pelo anonimato na blogosfera revela plenamente o défice de cidadania e a qualidade da democracia em Portugal." Eu não iria tão longe, mas existe uma pequena verdade que é a de que muitas cabeças falam de maneira diferente com um pseudónimo, do que com o nome que vem no BI. É um facto. Bom ou mau.

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