Dia vinte, noite. Panorama. Corpos agitados, em alerta, vigilantes, o barulho ensurdecedor das moto-bombas, o fumo, as vozes, alguns gritos, os avisos, os ecos, os veículos dos bombeiros em progressão acelerada, o fumo, o cheiro de incêndio, o halo alaranjado das chamas, o crepitar do fogo, o fumo, as vozes, os corpo agitados, a guardar a noite.
Dia vinte, noite. Cena no Vale de Leiria. Oliveiras velhas, incandescentes, o tronco em braseiro, como espectros infernais, quietos, a arderem lentamente por dentro, a cortarem o escuro da noite.
Dia vinte e um, manhã. Panorama. Pequenos fios de fumo, nascidos das cinzas, soprados lentamente para cima. Alguns fogachos.
Dia vinte e um, manhã. Cena na Várzea. A senhora Maria, a quem o tempo lavrou fundas rugas na face, enxuga as lágrimas com um lenço engelhado, apertado na mão direita. Ontem o fogo cercou-lhe a casa, roçando-se nas respectivas paredes.
Dia vinte e um, manhã. Cena nas Areias. O ti Joaquim tem o olhar baço, queimado, como o seu pinhal. A filha ampara-o, tentando também segurar-lhe a dor. As lágrimas de ambos salgam o chão de cinza que pisam.
Dia vinte e um, tarde. Cena no Casal d’Além. A aflição das gentes. A sensação de impotência. As chamas lavram bravas, a assobiar. Uma densa coluna de fumo negro, permanente, estende-se pelo horizonte.
É uma bela história mas muito curta meu caro amigo...
O fogo não rondou só essas casas,mas sim muitas mais casas e muitas aldeias do concelho de Ourém foram evacuadas de emergencia.
Estou a falar do dia 20 de Agosto onde o incendio começado na Barroca Branca ( atrás do restaurante pirilampo) se propagou violentamente por destruindo tudo há sua passagem.
Areias,Escandarão,Pinhel,Alqueidão,Favacal e Atouguia foram atacadas pelo fogo.Muitas casas tiveram em perigo de arder,mas foram salvas pelos bombeiros e populares.
Tou a falar do dia 20 de agosto onde há mesma hora deflagrava outro violento incendio na freguesia da Freixianda vindo do concelho de Pombal onde aldeias como Fonte Fria,Cumeada,Perucha,S.Jorge,Charneca,Besteiros e Camarões foram dizimadas pelo o fogo onde arderam 2 casas e houve algumas pessoas queimadas e intoxicadas pelo fumo.
Vou agora falar do dia 21 onde os reancendimentos apareciam minuto a minuto na zona de Escandarão e no outro laodo o violento incendio caminhava em direcção ao Fárrio pondo o lare de idosos em perigo e a serração em perigo.
Perto do fim da tarde Mata do Fárrio e Ruge d´Água estavam cercadas pelo fogo que teimava em não abrandar.Pela zona de Pinhel e Favacal mais alguns reancendimentos.Os Bombeiros andavam num vaivem constante sem parar e sem descansar.
Pelo meio mais 2 focos de incendio em Penigardos e Carregal para complicar a vida aos bombeiros.
Vale da Meda era agora o destino das chamas esfomeadas por devorar mato,pinheiros e eucaliptos,isto no dia 21 há noite.
Advinhava-se uma noite de terror e no posto de comando todas as possibilidades do trajecto do fogo eram possiveis.No dia 21 o fogo a passar o Vale da Meda o fogo ia em direcção há Cartaria- Albergadria dos doze,ia para fora do concelho de Ourém mas bastava o vento mudar para as chamas apontarem em direcção a Casais dos Bernardos ou voltar para o Fárrio.
A noite tava fria mas nem por isso as chamas diminuiam de intensidade.
Dia 22 o pior acontecia,o vento mudava de direcção e seguia em direcção a Casais dos Bernardos,as aldeias de Formarigos e Salgueira do Meio estavam em perigo,as ambulancias eram acionadas,havia muitos idosos acamados e com problemas de saude para evacuar.
No meio do intenso fumo e fogo Casais Moleiros e Salgueira do Meio era evacuados,algumas pessoas quiseram ficar para salvar seus bens apesar do pedido dos bombeiros para sairem.As chamas não param e outra frente de fogo aponta em direcção ao Fárrio e de repente a Cacinheira é cercada pelas chamas.Os bombeiros de um lado para o outro não param e mais uma aldeia é evacuada.
Pelos lados de Ourém,noticias de mais reancendimentos no Escandarão e Pinhel.
Era fogo a mais para os bombeiros cansados fisicamente e moralmente,mesmo assim não paravam.Com o chegar da madrugada acalmia no fogo,o pior tinha passado e agora os bombeiros tinham cuidado aos possiveis reancendimentos.
Dia 23 o pior voltava,novo incendio violento no Valongo,as chamas fortes andavam a uma velocidade alucinante em direcção há Ramalheira,Casal Sobreira,Soalheira e Sandoeira.
Os populares gritavam por socorro,havia casas,pessoas,animais em perigo.Para os bombeiros não havia descanso,era o regresso ao inferno.Ambulancias eram acionadas para evacuar as pessoas da Ramalheira e Soalheira,algumas não quiseram fugir preferindo enfrentar as chamas.
Os bombeiros faziam o que podiam contra tudo e contra todos.
O fogo parecia ganhar a batalha mas os bombeiros não se davam por vencidos.
Dia 23 de madrugada tudo acalmou e o fogo foi dominado pelos bombeiros e populares numa luta conjunta mas desigual contra as chamas violentas.
Foi um fim de semana negra para o concelho de Ourém onde depois do inferno vivido em Espite,Urqueira,Caxarias e Olival,foi a vez da Freixianda,Fárrio e Casal dos Bernardos viverem dias de inferno.
Os bombeiros andam esgotados,sem descansarem e sem irem a casa para junto das suas familias.
O Verão ainda tá pa durar e os incendios também.
Resta esperar o que irá acontecer,mas aconteça o que acontecer estes homens e mulheres que vestem a farda de bombeiros são uns herois,e quem manda criticas é um mal agradecido e um pobre infeliz que não sabe respeitar quem trabalha e vive para ajudar o próximo.
Um abraço.