Deste tempo me lembro.
Neste tempo vivi.
Este tempo também eu sou.
(De tantos tempos já fui!)
Deste tempo, desta praça, destas quintas-feiras,
deste mercado, desta gente
eu fui e sou.
Desta gente que nós fomos e somos.
Panelas, “amontolias”, formas para queijo.
Gente!
Homens de barrete e jaleco, mulheres de lenço e xaile
(alguns e algumas descalços e descalças).
Burricos a servirem de montaria… e de companhia.
Era a vila nova. de Ourém. Vila viva às quintas-feiras.
(…)
E como os tempos mudaram!
Como sempre fizemos,
as mulheres e os homens de todos os tempos:
mudamos os tempos!
(De tantos tempos já fui!)
Vivi atravessando estes tempos que fomos e somos.
Deste tempo me lembro.
E gosto de o lembrar como tempo vivido.
Com saudade. Com nostalgia.
Mas olhando-o de frente.
Com os olhos de hoje.
Dos homens e das mulheres de hoje e de amanhã.
Sérgio Ribeiro
(2005)