Uma política de ordenamento florestal

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Recebemos mais um comunicado da concelhia de Ourém do PCP o qual aqui publicamos. Quero referir, uma vez mais, que publicaremos aqui qualquer comunicado que outros partidos nos queiram enviar.

Num concelho como o de Ourém, com grande área florestal, impõe-se uma política de ordenamento florestal, que há muito tarda. De protocolo em protocolo, o avanço concreto tem sido nulo, e os pequenos proprietários querem projectos objectivos que vão ao encontro dos seus problemas.
Em termos florestais, pode falar-se de duas realidades mais ou menos distintas identificáveis com o norte e o sul do concelho.
Em primeiro lugar, há que considerar que o regime de pequena propriedade, típico das regiões a norte do Tejo, se traduz na existência do agricultor-operário, que tenta manter as suas propriedades amanhadas para ajudar ao sustento e mostra crescentes preocupações com o estado geral da floresta, com o brutal e desordenado incremento da biomassa a ameaçar mesmo os que vão tendo o árduo trabalho de a manter limpa.
É urgente a criação efectiva de equipas camarárias de desmatamento, bem equipadas, com acompanhamento técnico para aconselhar os proprietários sobre as formas de proteger a sua floresta com o mínimo de custos.
Há algumas questões básicas a ter em conta na problemática do inexistente ordenamento florestal.

É o eucalipto a espécie mais produtiva e mais lucrativa?
A degradação dos solos, que em certas zonas do nosso concelho é evidente e apresenta tão elevada erosão que no futuro dificilmente será possível plantar directamente árvores no solo sem que se usem primeiro espécies pioneiras, deve-se a essa errada ideia; acresce que os sedimentos, ao serem arrastados, destroem solos férteis, entopem leitos de ribeiras e degradam vias existentes. Estes prejuízos superam em muito os benefícios, quer para o proprietário quer para a comunidade.
Quando tudo se pondera, verifica-se ser o pinheiro a essência florestal de eleição para grande parte do norte do concelho. E sê-lo-á tendo em conta que apresenta elevada taxa de germinação que possíbilita desmatar e deixar “indivíduos jovens” que irão substituindo/ocupando o seu lugar na floresta. Também o carvalho português e o sobreiro são espécies espontâneas nestas áreas, e observa-se que muitos proprietários, ao desmatarem, deixam estas espécies, o que valoriza ecologicamente a mata, protege-a e contribui para a formação duma manta morta mais rica, além do factor de nutrição que representa. Assim se inibe/desacelera a germinação de espécies arbustivas e contribui para menor incremento da biomassa no substrato arbustivo.
O desmatamento coordenado tecnicamente i) por um lado, permite triturar parte da biomassa vegetal deixando-a no local, contribuindo para o enriquecimento do solo (importa dizer que muitos proprietários têm dificuldades no destino a dar ao material vegetal retirado da floresta) assim como as espécies caducas ou hemi-caducas que, ao perderem a folha, formam a camada de manta morta que dificulta a germinação, ii) por outro lado, há no mercado equipamentos que permitem transformar a biomassa que se remove em materiais reutilizáveis.
É fundamental a manutenção duma rede estratégica de vias transitáveis nas áreas florestais e incentivar os proprietários das zonas adjacentes a contribuírem para criar corredores verdes a ladear estradas, utilizando espécies mais resistentes ao fogo, menos carburantes (como a aroeira), que dariam, em situações de incêndio, maior protecção a veículos que ali transitassem. Estas vias podem ser também percursos de lazer e manutenção, o que, valorizando-as socialmente, reforça a protecção dado que, como se sabe, muitos dos incêndios são detectados por cidadãos e não pelo sistema de prevenção.
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Sérgio Ribeiro de volta à Assembleia Municipal
Uma vereação em que haja oposição

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