Liberdade

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Sem o 25 de Abril, hoje não haveria liberdade de expressão em Portugal, a Internet e os blogs seriam vistos como um meio perigoso e subversivo, onde a censura também teria de se impor, controlar e calar quem ousasse falar livremente, contra o status quo, contra a ditadura e o Estado Novo. É o que ainda hoje acontece em países como a China e o Irão. Sou um privilegiado, nasci em 1974, já depois de Abril, nunca conheci o que era viver numa ditadura nem o que era a falta da liberdade. No entanto, em muitos blogs, tal como em Ourém, existem muitos que só conseguem falar livremente se usarem o anonimato ou se esconderem atrás de uma personagem. A liberdade também passa por aí. Mas dá que pensar, afinal estamos em 2005.

"Liberty means responsibility. That is why most men dread it." - George Bernard Shaw

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Ler quem nasceu em 1974, ou depois, sobre o 25 de Abril é... pedagógico. Farei, hoje, a minha sétima intervenção sobre o 25 de Abril dos últimos 4 dias, e não páro de reflectir, de procurar a melhor maneira de contar o que foi vivido, o que tão importante foi para todos nós, povo português (e para mim em particular, que dele sou parte) o 25 de Abril. Como o vivi e vejo. Às vezes, tantas vezes, pelos olhos de quem nasceu depois dele.
Ao Fred quero agradecer as suas reflexões e dizer-lhe que estou convicto que, sem o 25 de Abril haveria, hoje em Portugal, a liberdade que respiramos, a democracia que vivemos. O fascismo e o colonialismo não resistiriam à História... mesmo sem um 25 de Abril. O que não diminui a importância, enorme, decisiva, que teve o 25 de Abril.
Contradição? Não! Tudo seria igual, a liberdade que respiramos, a democracia (tão mitigada!) que vivemos, sem o 25 de Abril, e tudo passou a ser diferente por ter havido um 25 de Abril. Eu explico-me... ou melhor, eu vou explicando-me, a começar por me explicar-me...
O projecto, a esperança, a certeza de que pode ser melhor a liberdade, mais participada a democracia, tudo isso nasceu com aquele 25 de Abril de 1974, e com o que o povo fez dele enquanto foi capaz, enquanto não foi submetido a modelos e a coletes, enquanto procurou, tentou, manteve o querer e a querença, enquanto plano de médio prazo, aplicação da estratégia (nova, inovadora, da OIT) do emprego e das necessidades essenciais, enquanto 25 de Abril, até aos FMI, às "Europa connosco", ao neo-liberalismo reaganiano e tatcheriano, ao monetarismo, à resignação de ser esta a liberdade e esta a democracia. Melhor que nada, bem melhor que antes...
Quando falamos do 25 de Abril, não falamos do que somos, da liberdade que respiramos, da democracia que vivemos, mas do que poderíamos ter sido. E do que seremos!

Caro Sérgio Ribeiro, eu é que agradeço as suas palavras e entendo que pelo seu ponto de vista, o 25 de Abril serviu sobretudo para despertar as mentes que a democracia só o será de facto se for participada. A democracia também é aceitar o caminho que os outros escolhem. O preocupante é observar o quanto situacionista está a sociedade portuguesa e a sua crescente dependência do Estado. É apenas o meu ponto de vista. Preocupante também é a indiferença de muitos e a corrupção instalada. Verdadeiros inimigos da democracia.

Caro Fred,
O que (também) me preocupa é essa fobia ao Estado que sinto em alguns de vós. O Estado é, dizia a minha disciplina Organização Política e Administrativa da Nação do velho 7º ano, a Nação politicamente organizada. Direi, hoje, que reflecte a relação de forças de classe, e que é, continua a ser, um elemento essencial da vida e da reflexão política. A questão do Estado é muito séria, o que não me impede de brincar:
A questão do Estado/o Etado em questão/o estado em qu'estamos/estamos em que (mau) estado...!
Mas o que me preocupa é que pressinto (pré-sinto)a fuga para se tentar pôr de parte, anular, apagar, o que não se entende, não se domina, não se controla, como se assim se entendesse, controlasse, dominasse o que continuará a ser o que é se não o entendermos, dominarmos, controlarmos, isto é, se não o pusermos ao nosso serviço.
Nosso?, de quem? Nosso!
E isto o que é? Desabafos de 25 de Abril!

Como tens reparado cada vez menos o 25A mobiliza o povo.
Parece que a grande maioria já percebeu que efectivamente foram os homens do 25A reunidos no 25 de NOvembro que ofereceram a liberdade ao povo.
Infelizmente muitos dos que participram no 25A quiseram substituir uma ditadura por outra, a deles que seriam bem pior que a anterior.
A história fará separar o trigo do joio.
Saudações democráticas

Quem incendiou sedes?

Quem barricou Rio Maior?

O 25 de Abril apenas foi um começo, o início de uma metamorfose que hoje ainda não se completou.

Que é feito dos milhares de tipos que mataram, assassinaram, violaram e vilipandiarem centenas de pessoas?

Tivemos de aceitá-los porque não sabiam o que faziam..ou porque raio?

Deveria ou não ter-se partido a loiça toda?

Os "brandos costumes", o situacionismo misericordioso e impune que vão passando uma tábua rasa pelo problemas do passado, como se nunca tivessem existido. Comprometendo o presente e o futuro sempre.

Num qualquer dia do futuro, bastará que as ânimos se incendeiem, sim esses que andam por ai na calada da noite no silêncio da lua, bem se escutam, as vozes reaccionárias que entre dentes vão dizendo, revelando o seu pensamento.

Esses que acham que o 25 de Abril de nada passa, que o lamentam, que acham que estaria tudo bem sem isso, esses que acham que "perdemos" as colónias..

Os restos de um ditadura vestidos com novas roupas e sapatos, mas, são eles. Anti-comunistas primários, machistas, intolerantes e outras coisas que taís..

É essa gente que me gera uma sensação perfeitamente visceral, pensando e sentindo que ainda muito caminho falta para que Abril esteja efectivamente cumprido.

O 25 de Novembro acabou com caminhos, acabou com a participação directa, acabou com as campanhas sobre a saúde a higiene pelas aldeias, acabou com muitas coisas geradas nesse para mim fabuloso período histórico - O PREC.

Descansem os anti-comunistas primários que apesar de ter uma simpatia de sempre com o Partido Comunista, não sou comunista, portanto esse argumento não funciona.

Continuamos de joelhos à séculos, porque raio não somos gente?

nisto da liberdade é sempre a aprender a evitar a submissão e os obstáculos e a ultrapassar os limites, quaisquer que sejam. os de fora. ou os de dentro. e não há caminho. há passos.

Caro bin.tex, força camarada! Porque é que não leva o seu PREC para Cuba ou Coreia do Norte? É que até a China já é capitalista. Deixe de acreditar numa utopia que é cada vez mais parte do passado. O comunismo falhou. Ponto final. Obrigado Mário Soares por teres travado uma nova ditadura em Portugal, liderada pelo amigo Cunhal. Eu não sou anti-comunista, sou é contra totalitarismos sejam de esquerda ou de direita.

Serenamente, muito serenamente... mas com custo!
Lê-se e custa ler viramilhos e antónios.
A troca de impressões corre, discorre, há diferenças, há posições mais de esquerda, mais de direita, mais de centro, está a debater-se e eis que aparecem uns caceteiros e vá de estragar a conversa...
Que sabe o dito António de totalitarismos?, que sabe o autodenominado Viramilho de ditaduras e de substituição de umas por outras, sendo a de "antes", a do fascismo..., melhor do que a que a substituiria que, claro, ditadura seria segundo ele.
Serenamente, mas com um apêlo muito forte à paciência.

Já vou 24h atrasado mas repito: 25 de Abril sempre, fascismo nunca mais.

Cada vez que leio Sérgio Ribeiro tenho mais e mais vontade de o conhecer pessoalmente: para quando um jantar d'O Castelo? Não me importo de tratar da logística!

Voltando ao que interessa: compreendo algum desencanto por parte do Dr. Sérgio Ribeiro. Pessoalmente (nascido em 78 e não partilhando exactamente as mesmas convicções político-sociais), tenho alguma dificuldade em conceber um modelo social como descreve S.R., mas compreendo e respeito a sua opinião. Até porque, quando refere o desencanto com o Estado, prova que não é um extremista e que respeita as "regras do jogo" democrático.

A meu ver foi isto que mais se perdeu desde 74: o respeito pela democracia. Ontem à noite, na RTP Memória, revi o discurso do Dr. Mário Soares na Assemblei da República no 25 de Abril de 1995. Tal como hoje, estávamos no final de um ciclo terrível (eram os últimos estertores cavaquistas; hoje são os devaneios Santanistas), e o destaque ia para a "crise dos valores democráticos" e o respeito pela democracia.

Não sei se sei o que digo, mas sei o que gostaria de ver: mais honestidade; mais honra; mais respeito; menos chico-espertismo em todo lado.

O 25 de Abril trouxe Liberdade mas não levou velho vícios e hábitos. Como dizia hoje o Dr. Carlos Amaral Dias, a música do Paulo de Carvalho "E depois do Adeus" ainda não está desactualizada: ainda não dissemos adeus a muita coisa que devia ter desaparecido nessa madrugada.

É tão reconfortante "ler gente" como o Marco!
E não estou nada de acordo com a leitura que ele faz de muita coisa, a começar pela sua leitura do que eu escrevo porque, decerto também e sobretudo, por deficiência de expressão, não escrevi o que foi lido, ou não sinto o estado de espírito que foi detectado no que foi escrito.
Só dois ou três pormenores - que são pormaiores... - :
não me sinto nada desencantado com nada e se isso transparece tenho de fazer "uma revisão";
particularmente, nunca me poderia sentir desencantado (ou desiludido...) com o Estado (com o Estado em qu'estamos!...) pois o Estado é, para a minha concepção de sociedade, uma emanação da relação de forças sociais, da luta de classes, e aí é que está o cerne de todas as dinâmicas que se reflectem no Estado "tal como está";
não tenho, nunca tive, espero nunca vir a ter, um "modelo", acho que não há modelos, a relação de forças de classe traduz-se em multímodas formas da sociedade se organizar desobedecendo a todos os modelos que se queiram impor (Torga dizia que o universal é o local menos os muros, eu atrevo-me a parafrasear dizendo que o meu modelo é todos os modelos menos o modelo, e acrescentaria que pugno pela construção de estruturas sociais assentes sobre princípios e valores, esses sim, "modelares", como solidariedade, com-vivência, respeito pelo outro, compreensão baseada no estudo (o que não quer dizer aceitação e muito menos obediência) das tradições culturais, primado do colectivo e social sobre o individual e egoísta... mas isto não é "um modelo"!, é um conjunto de princípios universais, humanos.
Tenho de acabar, com mais um obrigado pelo que me é dado ler e obrigado a escrever.
Quanto ao almoço ou jantar "castelo" (e o mais - ou o menos - que for) terei todo o gosto em participar. É só dizer...

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