O PSD, o CDS/PP e o PS decidiram constituir um consórcio político com o objectivo de patrocinar uma lista comum para a Assembleia da Área Metropolitana de Leiria (vide Região de Leiria, n.º 3527, 22.Outubro.2004. p. 10). Este facto surge bizarro. É que não se descortina qualquer base de convergência entre o PS, por um lado, e o PSD e o CDS/PP, por outro lado, em relação à figura das áreas metropolitanas.
Para além de o PS ter votado contra a proposta de lei que vingou como regime jurídico das áreas metropolitanas, esse mesmo partido tem vindo a defender um modelo alternativo de ordenamento administrativo de dimensão regional para Portugal. Portanto, de base, por maiores malabarismo que possam ser ensaiados neste instante, evidente é que a convergência entre os três partidos políticos não existe.
Tão pouco se pode dizer que exista uma convergência ao nível de um projecto para a Área Metropolitana de Leiria. É que não só não é conhecido qualquer enunciado que consubstancie um projecto, como também não é público e reconhecido em torno de que pontos é que o PS e o PSD e o CDS/PP têm concepções e programas confluentes relativamente à Área Metropolitana de Leiria.
Tudo isto seria normal se houvesse uma tradição de confluência de posições entre o triunvirato de partidos políticos referido. Porém, quanto a isso, o que se sabe é nada, porque tal confluência não existe. O que leva a suspeitar que o referido entendimento é ditado não por motivos de ordem política, mas por politiquice e conveniências, associadas a uma lógica de rateio de lugares e à barganha de influências e poderzinhos entre os partidos políticos implicados. Em suma, o que na origem parecia vir a ser apenas um logro confirma-se agora como lodo.
A feitura do lodo
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Nem tanto por aí caro Sérgio.
O PS não concorda com a criação das Áreas Metropolitanas, no cenário que o PSD as colocou.
O PS sempre defendeu a Regionalização. Porque essa, e só essa possibilitaria o desenvolvimento sustentado, assente nas necessidades específicas de cada região.
Estas Áreas Metropolitanas têm órgãos como sabe. A Assembleia da Área Metropolitana é eleita pelas Assembleias Municipais dos Municípios que as constituem. As Assembleias Municipais resultam das eleições autárquicas, que para o bem e para o mal, deram o resultado concelhio que todos sabemos.
Ourém indicará 3 elementos para a Assembleia da Área Metropolitana, sendo 2 do PSD e 1 do PS. Aqui aplica-se o principio da representatividade política, na proporcionalidade dos membros da Assembleia Municpal de Ourém.
Não há "influencias" ou "poderzinhos".
Ou prefere que o PSD, tendo em conta a maioria esmagadora de municipios que detém ma Área Metropolitana, esteja sozinho na Assembleia Distrital?
Preferia que o PS não indicasse nenhum representante?
Explique-nos lá a sua ideia.
João, a ideia não é ideia. O que esperava era clareza e discernimento político. O que, no caso, por ser evidente a inexistência de uma identidade política entre os três partidos políticos, significa listas separadas. Que, se fossem constituídas ponderando as diferentes representações do colégio eleitoral, permitiriam sempre a eleição, por Ourém, de um elemento do PS e de dois ou três do PSD. Os partidos políticos implicados preferiram outro caminho. O do granel. O do todos ao molho. O do falso consenso. No fundo, negaram o que os distingue, negaram a política. E quando se nega a política, vingam os interesses e as conveniências. Pequeninas. É isto o que julgo.
Sim. Entendo. Tem razão, amigo. Listas separadas dava uma imagem mais transparente do processo, mesmo acabando por ficar a mesma representatividade.
Apesar da própria representatividade ser "falsa" já que, além de na Assembleia Metropolitana estarem os futuros deputados "metropolitanos" também têm assento os Presidentes de Câmara, o que sobe a representatividade da cor laranja.
Mas, comungo da preocupação. É legítima e urge ser mudada por pessoas novas, como o Sérgio Faria, que fazem falta à política.
A crítica, construtiva e efectuada de outros patamares, contribui para o aperfeiçoamento da democracia... Não sei se me faço entender... Que ela assim continue, para mais do que agitar consciências, mudar o que se conseguir. Para melhor.