O Poder da Água

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torneira.jpg Por mais que tente, não consigo entender. A Câmara de Ourém anunciou algures em Agosto que vai gastar quatro (sim, quatro!) milhões de euros em redes, reservatórios e captações de água em todo o concelho, principalmente em Fátima. Só que a população quando paga a factura da água, entrega o dinheiro a uma empresa privada, uma tal de Compagnie Générale des Eaux, que obteve um contrato de exploração no abastecimento de água no concelho de Ourém por uns largos 25 anos. A mesma que decidiu aumentar o preço da água porque, como é óbvio, justifica-se com o aumento de custos na exploração. Quais custos? Pois, a palavra certa aqui é exploração. É realmente um negócio melhor que o petróleo. Como é que ainda não se lembraram de propor um negócio semelhante? Por exemplo, porque não fazer o devido outsourcing da exploração das várias estradas do concelho? A câmara alarga as estradas, mete alcatrão, sinaliza, lança os devidos concursos públicos e depois de tudo pago, uma empresa privada pode lá meter portagens e taxar os utilizadores. Tudo de maneira muito mais eficiente, a troco de um pequeno pagamento pelas novas estradas que foram construídas, porque é o preço do desenvolvimento. Só que no caso da água, existe apenas uma única estrada para casa (não existem canos alternativos) e essa encontra-se rota. É fácil lucrar em monopólios. Mas acho que nos esquecemos de uma coisa, então a estrada, tal como a água, não é um direito de todos nós?

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16 Comentários

investimento público para lucros privados: é a definição do psd para 'liberalismo', e não é de agora; não sei qual é o espanto.

Não é apenas aplicado ao PSD, está descansado.

Dá mesmo satisfação ler-vos.
Não por darem razão a quem quer que seja, mas por demonstrarem, por exemplificarem a grande diferença destes animais que nós somos relativamente aos outros, aos que, como nós, animais são mas não têm essa... diferença. Essa diferença da consciência de sermos, a da capacidade de reflectir e de acumular experiência e reflexão, a experiência (reflectida) de cada um, e a dos que vivem a nosso lado, no nosso tempo, e a dos que viveram antes de nós. E de totalizar essa experiência. Adiante!
Vem isto a propósito da água, bem essencial e livre, ou que livre foi e que mercadoria se tornou e, por isso, se privatizou, primeiro a exploração, e aos poucos o resto, ou o que por arrastamento aí vem. Até que assim deixará de ser. Porque esta não é a forma final da História que é História porque nós somos.
Desculpem lá o desabafo... mas esta coisa da água, do tal bem essencial e livre que mercadoria se tornou, e a privatização do que deveria ser serviço público é estimulantemente provocadora, ou provocadoramente estimulante.
Abraços

A procissão ainda vai no adro. Existe muita coisa por trás do negócio da água que o cidadão comum ainda não percebeu. Por enquanto.

Estou para ver quando é que inventam um lei que proíba/taxe o furo que os meus pais têm no quintal lá em casa.

Há quem diga que o verdadeiro colapso da humanidade se dará quando se esgotarem as reservas aquíferas, e eu concordo. Este bem essencial foi entregue aos privados, sem qualquer pudor ou consciência.
Não percebo esta febre de privatização de tudo e mais alguma coisa, seja EDP, CGD, PT... E o estado? Qual é o seu verdadeiro poder, num tempo em que quem manda é quem tem dinheiro?

Voltando ao cerne da questão, julgo que pouco haverá a fazer nesta altura. Talvez pedir, olhos nos olhos, aqueles a quem confiámos o nosso voto, (a nível autárquico, à direita e à esquerda) para fazer mais e melhor.

Espero um dia poder dar o meu contributo político ao concelho de Ourém. Se tiver essa oportunidade, por favor lembrem-me das minhas palavras. Tenho a certeza que também eles tiveram ideais, haja alguém que os lembre.

Realmente as coisas por Ourém andam pior do que eu pensava e do que me posso aperceber nas minhas curtas visitas, de 2 em 2 semanas. À parte a água - uma coisa que é de todos e não é para privatizar! - acho perfeitamente ridículos uns palitos ao alto, espalhados por Fátima, com a inscrição "Ilha ecológica"(sic) junto a quatro baldes para recolha selectiva de lixos. Em Ourém, que continua a ser a sede do concelho, não vi nenhuma ilha daquelas. O Catarino não precisa de internamento?

Nota: existem ilhas dessas em Ourém. Pelo menos duas que já vi: uma perto do tribunal e outra em frente ao café cinema.

uma gestão privada da água não colide com o seu estatuto de bem público. têm é que se criar mecanismos de controlo/entidades reguladoras que garantam que os concessionários fornecem o bem/serviço a que se comprometeram (nesta caso, a distribuição de água) de maneira justa e sem poderem abusar da posição que têm no mercado, que no fundo é um monopólio por 25 anos.
o que é escandaloso é que depois da privatização a câmara continue a suportar o desenvolvimento da rede de distribuição quando os lucros vão parar todos aos bolsos de uma empresa privada. assim também eu tinha uma empresa de sucesso!

Marco, essa lei que obriga os donos de furos a terem contador no mesmo já existe. Infelizmente ninguém tem, mas que a lei existe, existe. É pena que nâo haja fiscalizaçâo sobre a utilizaçao dos sistemas de captaçâo de àgua, quando vejo dezenas de furos a deitar àgua ao Deus dará (principalmente na zona de Caxarias) até me dói a barriga. Para bem dos que hadem vir.

Pfig, investimento público para lucros privados: é a definição dos políticos sem escrúpulos sejam eles psd, ps ou outro qualquer. Incompetentes há em todo lado, ou é preciso demonstrar??

caríssimo uerun, eu não falei em incompetência. a característica que referi (o estado a investir para um privado lucrar) é apanágio quase exclusivo dos cristão-novos liberais, que querem à força mostrar serviço sem saber o que quer dizer a palavra 'liberal'. esses, vai-me perdoar, estão no psd.

só uma emenda: quando digo psd, não me refiro ao psd per si, mas sim ao psd construído por the artist formerly known as durão e herdado pela anedota com gel.

Pfig, pensas que só existe clientelismo no psd? Sim, porque o "investimento público, lucro privado" é outro nome para clientelismo e muitas vezes corrupção. Este tipo de parceria empresarial, se fores ver bem, também agrada a muita gente do ps ou do ideal socialista socrático.

Pfig, desculpe a minha igonrância, mas o que isso de "cristão-novos liberais"? Onde é que se aplica em Ourém?

A água...sempre a água...
São os primeiros sinais daquilo que muitos analistas consideram como o factor que dominará as relações internacionais a médio prazo; até agora o petróleo tem sido o principal 'pomo da discórdia' ( vide a evolução político-estratégica do Próximo e Médio Oriente' ao longo do séc. XX - o fim do império otomano, a criação de proctetorados europeus, a criação do estado de Israel, as sucessivas guerras regionais (6 dias, Irão-Iraque, Bush(es)-Saddam), nos próximos anos o papel desempenhado pelo petróleo passará para o líquido mais precioso e, por isso, mais estratégico a nível mundial: a água. Entre, por exemplo, Portugal e Espanha a quezília mais importante não é Olivença... é o plano hidrológico espanhol, porque este pode afectar (já afecta)os caudais dos nossos principais rios.
Dito isto, vamos lá localizar o problema:
- Por que raio, Ourém, ou melhor o Povo de Ourém (porque as autarquias locais são representantes do Povo) um dos concelhos do país com maiores e melhores recursos aquíferos a nível nacional está a colocar o seu principal bem estratégico nas mãos de privados, que, se não bastasse, são estangeiros (franceses)?

Lneves, essa é uma pergunta para o qual também gostaria que houvesse uma resposta por parte dos responsáveis. É que a Câmara nunca explicou de facto, quais foram as vantagens em ter entregue a gestão e exploração das águas à CGE Portugal. E em relação às ETARS? O problema aqui não é serem franceses, espanhóis ou vietnamitas. O problema é ser um bem estratégico, uma necessidade básica, de sobrevivência. Não sou contra empresas privadas, antes pelo contrário, só que neste caso, não existe mercado, existe monopólio, ou seja, não existem condições de concorrência para que o serviço de água possa ser melhor em relação à gestão tradicional. O povo, tal como diz, se acha que a CGE presta uma mal serviço em Ourém, não pode contratar outra empresa, porque os canos e rede de água pertencem a uma única entidade, a Câmara. Câmara essa que em vez de defender os interesses de quem os elegeu, cruza os braços totalmente como se os aumentos e taxas cobradas pela CGE fosse a coisa mais racional à face da Terra.

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