Venha a nós a vossa Terra

| Sem Comentários | No TrackBacks

Segundo notícia do Público, edição de 30 de Abril de 2004:

A distribuição, por vários locais, dos milhares de toneladas de terra resultantes das escavações no espaço do Santuário de Fátima, onde começaram já as obras para a construção da futura igreja da Santíssima Trindade, está a criar grande polémica na cidade e entre os ambientalistas da região.

Uns, como Joaquim Clemente, empresário e dinamizador do projecto do aeródromo, alegam que as terras deveriam ser destinadas para as proximidades da pista de apoio à protecção civil da Giesteira, a curta distância da cidade-santuário, permitindo o seu alargamento e utilização por aviões de maior envergadura.

Outros criticam o facto das terras estarem a ser despejadas em vários locais dispersos da freguesia do concelho de Ourém, criando um impacto visual muito negativo numa zona que aposta sobretudo no turismo religioso.

Os ambientalistas, como José Manuel Alho, presidente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), lamentam que o despejo de pedras e terras provenientes das escavações na zona da Cruz Alta, no Santuário de Fátima, esteja "a ser feito de modo anárquico em vários pontos da freguesia, sem que exista qualquer autorização para tal".

José Manuel Alho responsabiliza os construtores da nova igreja e da zona envolvente, que acusa de estarem a criar um forte impacte ambiental negativo na região. "Isto é como receber visitas e pôr o lixo debaixo do tapete", diz o líder da LPN. A associação acusa ainda o empreiteiro de obstruir caminhos e serventias e de perturbar linhas de água.

A cerca de seis quilómetros de Fátima, existe um importante empreendimento com interesse público que já manifestou interesse em receber os inertes do santuário. Trata-se da pista de apoio ao combate a incêndios, que neste momento apenas permite a aterragem e descolagem de pequenos aviões. Como se encontra numa encosta do planalto de Fátima, a pista poderia ser alargada se beneficiasse dos despejos das terras da Cova da Iria, o que permitiria ao mesmo tempo concentrar num único espaço os inertes que estão a ser espalhados um pouco por todo lado.

"A Câmara de Ourém pediu-me uma declaração para permitir a vinda das terras para junto do aeródromo e foi isso que fiz. Curiosamente, depois de ter dado expressamente a autorização, nunca mais despejaram um camião junto à pista", diz Joaquim Clemente, responsável pelo projecto do aeródromo. "Foi o próprio Ministério do Ambiente que defendeu o despejo das terras na encosta contígua à pista. Com isso podia transformar-se um pequeno aeródromo num aeroporto capaz de receber, como já estava previsto num estudo de 1974, um Boeing 727 ou um Canadair para combater grandes incêndios", garante Joaquim Clemente.

O empresário frisa que os 250 mil metros cúbicos de terras provenientes das escavações de Fátima seriam decisivos para a pista da Giesteira. "Ainda num recente congresso de entidades internacionais que organizam peregrinações em todo o mundo foi defendido que um aeroporto seria o aspecto mais importante para impor Fátima como grande pólo turístico, mas não é isso que está a acontecer. Num só dia recebi aqui 556 camiões com inertes, mas logo a seguir desapareceram não sei para onde", conclui.

O presidente da Câmara de Ourém, que chegou a ponderar o embargo das obras antes de solicitar a declaração de disponibilidade de Joaquim Clemente, promete acentuar a fiscalização dos despejos ilegais no concelho.

No TrackBacks

TrackBack URL: http://mtng.marques.cx/mt-tb.cgi/168

Actividade

Comentários Recentes

Mais Comentados

Arquivos

Flickr

Flickriver
Powered by Movable Type 4.38