quando não são só as tristezas que não pagam dívidas, i

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A propósito disto. Conforme noticiado, o presidente da câmara municipal reconheceu que o município está em dívida à empresa a que foi adjudicada a construção dos centros escolares em fontaínhas de seiça e freixianda (vide acta da câmara municipal de 28.12.2010, pp. 2-3). De acordo com ele o montante da dívida rondará os seiscentos mil euros. A empresa refere que é quase um milhão de euros. Há dúvida quanto ao valor exacto do que é devido pelo município - no final de 2011 era 652.757 euros -, não há dúvida quanto à existência da dívida, que em qualquer das hipóteses é grossa. Se assim é, porquê o presidente da câmara municipal afirmou que "o empreiteiro quer receber antes do tempo"? Pretende ele que a dívida em causa ainda não amadureceu suficientemente? Querem lá ver que, em mais uma demonstração da relação lassa que tem revelado manter com as regras publicadas no diário da república e em vigor, a maioria socialista na câmara municipal estabeleceu um calendário de demora especial para aplicar aos pagamentos pelos quais é responsável? Caso a resposta seja positiva, não surpreende. Há algum tempo que se começou a perceber que pessoal eleito pelo ps para a câmara municipal detém poderes especiais. Como, por exemplo, o poder de transformar dívida do município em exigência ilegítima, porque prematura, da parte que tem a haver. Se esta capacidade extraordinária tem mais a ver com hormonas ou com sinapses não se sabe. Aliás, dado o foro da questão e o garimpo que a dissipação da dúvida implica, é provável que não haja vantagem em saber. Pelo que, mais do que dedicar atenção a mistérios, é aconselhado estar disponível para captar a maravilha expressa através de uma das regras da arte de fazer obra por conta de outrem, enunciada e declamada pelo presidente da câmara municipal, "não se pode parar uma obra por falta de pagamento". O pagamento pode faltar, a obra não pode parar. Talvez haja alguém que seja capaz de chamar a isto conversa de mau pagador. Mas tente-se fazer as contas ao que pode e não pode. O município pode não pagar, violando condições de contrato que assumiu. A empresa tem dificuldade em ou não consegue pagar salários, assim como tem dificuldade em ou não consegue pagar a fornecedores. Ainda assim há quem julgue que a obra é para continuar. Porque segundo o socialismo de pacote que viceja localmente os empregados da referida empresa não podem parar de trabalhar mesmo que não recebam salário, assim como os fornecedores da empresa hão-de aguentar e continuar a fornecer o que for necessário mesmo que não recebam ou recebam sabe-se lá quando. Como não custa perceber, o lema «a obra não pode parar» é a derivação para alvenaria e fátima da divisa the show must go on, um dos lumes da doutrina que guia o obreirismo festivo-festivaleiro local, pródigo na promoção de eventos eventuais e que, não obstante, implicam custos para o município como se acontecessem.

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