da administração pública sine ira et studio à gestão municipal caprichosa, i

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Os últimos meses foram marcados por uma série de episódios que confirmam a dimensão desgraçada da gestão promovida pela maioria socialista na câmara municipal. Desatinos, contradições e desmandos têm vindo a acontecer de modo e com frequência não acidental, expondo não só atitudes e orientações típicas de cultura autoritária mas também a falta de capacidade para estabelecer e prosseguir uma pauta de acção mais focada na resolução dos problemas dos oureenses do que em manobras de mistificação por conveniência partidária. Na prática, o que tem abundado em intriga, capricho e farsa por conta do pessoal do ps tem escasseado em lealdade, coerência e responsabilidade.

Do rol de casos que justificam menção, um ocorreu a semana passada. Segundo o que foi reportado pelo notícias de ourém (n.º 3860, 27.janeiro.2012, p. 11), numa reunião extraordinária da câmara municipal um vereador socialista derramou indignação, declarou-se traído e, para placar esta torrente de emoções excruciantes, zás, propôs a revogação de uma decisão tomada por aquele órgão em novembro último. Aprovada com os votos dos elementos eleitos pelo ps para a câmara municipal, a isenção do pagamento de taxas relativas ao licenciamento da sinalização temporária instalada por causa da construção do ic9 foi revogada pelo voto dos mesmos elementos que aproximadamente dois meses e meio antes apresentaram e votaram a favor de uma proposta a concedê-la.

O que justificou esta cambalhota à retaguarda da maioria socialista na câmara municipal? Pelo que se consegue perceber, o discernimento e interesse público não fazem parte da justificação.

O caso está relacionado com uma passagem agrícola, a pa4 famigerada, junto ao nó do ic9 no pinheiro. Prevista inicialmente em determinada localização, na sequência da negociação entre o município e o consórcio responsável pela construção daquele itinerário complementar foi estabelecido um acordo que a afastou da localização original. Contra a solução acordada, por implicar um desvio e um aumento de distância considerável do trajecto de ligação entre pinheiro e louçãs usado com regularidade por pessoas a pé, constituiu-se e mobilizou-se a comissão de moradores desses lugares. Contra mobilizou-se também um munícipe residente em casal dos matos que, bastante prejudicado com o resultado do acordo, não se conformou e interpôs uma providência cautelar com o objectivo de proteger a casa dele e o quintal anexo (vide também notícias de ourém, n.º 3858, 13.janeiro.2012, p. 12). E parece ter feito bem. Porque, pelo que foi assumido e veiculado publicamente, a intervenção de tal munícipe, além de ter assegurado a integridade da propriedade e a protecção da habitação dele, terá provocado o que não foi conseguido e garantido pelo município no acordo referido.

Em síntese foi isto que despoletou a arrelia e o amuo empinado do vereador socialista com a incumbência de acompanhar o processo relativo ao ic9, que este caso particular tenha tido um desfecho que, segundo declarações do próprio, ele tentou antes mas não conseguiu. E não conseguiu porquê? Não conseguiu porque revelou-se incapaz de, sozinho ou assistido, proceder às apreciação e avaliação dos argumentos aduzidos pela outra parte, rebatendo-os, se houvesse base e causa para isso. Atente-se. O consórcio responsável pela construção do ic9 apresentou motivos que, a partir da sua posição e na sua perspectiva, sustentavam não serem viáveis determinadas opções. Dado estar-se perante um conflito de interesses - negociação é negociação -, competia a quem representou o município estar preparado para escrutinar e ponderar criticamente tais motivos ou garantir que alguém estava. A responsabilidade estava associada à missão. Pelo que a reacção verificada agora, com alusão pungente a traição, é sobretudo uma tentativa de vitimização e de desresponsabilização do vereador em causa - mais uma, é propenso à esquiva -, pois no momento devido, no âmbito da negociação estabelecida, revelou não ser capaz de expor argumentos ou convocar arguentes que levassem a outra parte a rever a posição afirmada. Tanto assim é que, ao propor e defender a subscrição do acordo nos termos em que o fez - acordo que não demorou a ser propagandeado como êxito -, o vereador do ps que conduziu o processo negocial em nome do município demonstrou aceitar e acolher como válidos - portanto concordar com - os argumentos invocados pela outra parte (vide aqui, ponto 5.1, p. 18). Se tinha alguma objecção ou reserva, não tivesse promovido ou consentido a inclusão do caso referente à pa4 no lote de «conflitos» resolvidos.

O raio é que agora parece ser possível o que antes foi entendido não ser, a pa4 localizada na via existente. E este é o motivo pelo qual o vereador socialista se sente traído e tal. Está bem. Mas, se ele se dignasse a seguir a doutrina que aplicou a outros (vide os pontos 2 e 3 do «esclarecimento» aqui), talvez não fosse pior sentir-se e declarar-se traído por si, pela incapacidade que revelou no caso. Pelo menos haveria de perceber-se que é dado à coerência e está disponível para aprender com os erros cometidos, em vez de tentar sacudir a água de cima do capote e mandar areia para os olhos dos oureenses.

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