as sessões da assembleia municipal são como divãs, ii

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Tendo sido submetida à assembleia municipal na sessão realizada sexta-feira passada outra proposta de revisão do estatuto da srufátima - uma anterior foi chumbada na sessão de abril último -, também solicitei esclarecimentos sobre a mesma, dado o estilo medieval de fazer política e a alergia à transparência da maioria socialista na câmara municipal terem impedido que tal proposta fosse do conhecimento público. Se fosse, não careceria de esclarecimento.
Atendendo a que ali, naquela sessão da assembleia municipal, mais uma vez foi assumido e afirmado pelo presidente da câmara municipal que o espectro territorial de acção da srufátima passava a cingir-se ao perímetro urbano de fátima, pedi confirmação de que a área de reabilitação urbana de aljustrel não ficava sob a alçada de tal entidade. A confirmação não deveria ser difícil de transmitir na ocasião, porquanto a revisão do estatuto daquela empresa municipal tinha merecido aprovação pouco tempo antes e, presume-se, a área de reabilitação de aljustrel não fica compreendida no perímetro urbano de fátima. O raio é que se estava perante uma espécie de ode tanto à coerência quanto à inteligência. Atente-se.
Sem espanto e sem carecer de esperar pela oportunidade que a presidente da assembleia municipal entende ser conveniente para dar resposta - o que significa que quanto a isto será mais uma reacção extemporânea dela -, analisando-se o estatuto da srufátima aprovado dá para perceber que a revisão do mesmo foi mais uma operação do arco da velha, com o contributo e a chancela cerebral do pessoal do ps. No n.º 1 do artigo 4.º daquele estatuto o objecto da srufátima é circunscrito ao perímetro urbano de fátima. Porém nas alíneas a) e e) do n.º 2 do mesmo artigo são atribuídas à srufátima missões que violam inequívoca e ostensivamente aquele limite. Na primeira daquelas alíneas é assente que a srufátima é responsável pela área de reabilitação urbana de aljustrel e quaisquer "outras que venham a ser declaradas do município de ourém". Pode não parecer a quem redigiu esta alínea e a quem lhe deu aprovação, mas aljustrel assim como qualquer outra localidade onde venha a ser definida uma área de reabilitação urbana - como caxarias, fontaínhas de seiça, ourém ou sandoeira, por exemplo - transcendem o perímetro urbano de fátima. Na outra das alíneas referidas sucede o mesmo, ao ser entregue à srufátima as concepção, criação e manutenção de percursos pedonais com pontos de apoio para os peregrinos que se dirigem a fátima "cujos limites físicos serão os do concelho de ourém". Como surge evidente, há muitos limites físicos do município que não estão confinados ao perímetro urbano de fátima.
Posto isto, constata-se que o pessoal do ps conseguiu a proeza de inscrever contradições maiores do que um comboio no enunciado do estatuto da srufátima. Não é justo apostar dobrado contra singelo em como o caso não tem dedinho, tem mãozinha do vereador com o pelouro fátima. Porque sabe-se que foi ele que, sob a forma de proposta, remeteu aquele enunciado à câmara municipal. Como é que isto foi possível? Corolário lógico, foi possível com a competência e a responsabilidade do pessoal eleito pelo ps. O que talvez seja a única coisa lógica no caso.
As aberrações da responsabilidade do pessoal do ps sucedem-se. O enxovalho próprio e do município promovido por tal pessoal continua. Talvez a inclinação festivo-festivaleira do socialismo paroquial seja em intenção do alívio ou da reparação da desconsideração e da humilhação institucional a que os oureenses têm vindo a ser submetidos por causa de casos como estes. Se assim é, percebe-se o aparato e o motivo. Porém, para obviar, bastava uma réstia de discernimento e um pingo de vergonha. A despesa do município, incluindo a despesa simbólica com a credibilidade dele, seria seguramente menor.

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