operação «faz-me mais uma auditoria, faz lá»

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Outro número tribunício e extraordinário do presidente da câmara municipal, este. Segundo ele, chegou ao município mais uma factura vinda do passado, no valor de 17.400 euros. Está bem. O desperdício deve ser combatido. E a tontaria deve ser denunciada, de modo a que haja condições de responsabilização política. Para que conste, a tal factura faz parte de um lote, o que significa que, no passado - antes de o 25 de abril ter chegado a ourém em outubro de 2009 -, houve quem tenha promovido por conta do município a torrefacção de 86.928,20 euros, número redondo, na definição própria - e quiçá exclusiva no ângulo - do presidente da câmara municipal. Na prática o município pagou por um plano não utilizado um pouco menos do que o presidente da câmara municipal decidiu torrar numa auditoria que, como ele fez questão de recordar e acusar, também não detectou que haveria de chegar do passado mais a tal factura no valor de 17.400 euros. Até aqui tudo bem, inclusive a definição quadrada de número redondo. O raio é que percebe-se que a manobra é um bocadinho desproporcionada e tresanda a demagogia saloia. Porque o que se passa é que o presidente da câmara municipal anda a tentar esconder o elefante que andou a nutrir fartamente chamando a atenção para uma formiga que ele encontrou. Como é óbvio - excepto para o pessoal eleito pelo ps para a câmara municipal, que, vá lá saber-se porquê, cisma que a malta é metade bertoldo e metade deolinda -, a malta vislumbra a formiga mas não deixa de topar o elefante.
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dívidas a terceiros e compromissos do município de ourém (2009-2010).jpg
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Indo às contas e repetindo, em catorze meses, entre 31 de outubro de 2009 e 31 de dezembro de 2010, o valor dos compromissos do município quase triplicou. O que junto com o total da dívida a terceiros - que registou um aumento ligeiro - monta a quase 75 milhões de euros. Ou seja, desde que o ps logrou a maioria na câmara municipal o total dos compromissos e da dívida a terceiros do município aumentou quase 50%. Quase 50%. Perante isto e perante o facto de quase 75 milhões de euros serem um bocadito mais do que os mais de 55 milhões de euros de compromissos e dívidas que o presidente da câmara municipal não se cansou de propalar que tinha herdado - mesmo depois de não ter como atestar tal valor, porque negado de modo inequívoco por informação prestada e validada pela divisão de gestão financeira do município -, não espanta que ele tenha sentido necessidade de salientar a desgraça que é o aparecimento de uma factura de valor equivalente a 0,07% da diferença referida atrás, portanto menos do que um pentelho na escala de Catroga. 0,07%.
Seja como for, a manobra não foi em vão. Porque é mais um contributo para a demonstração de que a coerência do pessoal eleito pelo ps para a câmara municipal é escassa ou nenhuma. É que, como o presidente da câmara municipal afirmou na sessão da assembleia municipal realizada o mês passado, se é falta de seriedade salientar miudezas pretendendo com tal expediente insinuar grandezas que não são grandes, mantendo a concepção, o comportamento patente dele neste caso também há-de corresponder a falta de seriedade, não? Enfim, por mais que o gnu tussa e o crocodilo dance foxtrot, o filme que o presidente da câmara municipal decidiu realizar por causa de uma factura no valor de 17.400 euros não o exime da responsabilidade em relação aos mais de 24 milhões de euros correspondentes ao aumento do conjunto dos compromissos e da dívida a terceiros do município por conta do socialismo de festim, festival e propaganda que para aí vai vigorando. Que o presidente da câmara municipal e quem em consórcio com ele não revelem consciência da consequência disto é motivo para rir. E continuar a preocupar.

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