operação «auditoria», vii

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(de como, voilà, o mesmo pode ser algo e o contrário disso)
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Esta prancha (*) resume dois problemas relacionados com a operação «auditoria», a credibilidade dos relatórios produzidos pela deloitte, nomeadamente os relatórios sobre as finanças municipais, e a credibilidade do uso político que o pessoal do ps na câmara municipal, maxime o presidente desse órgão, deu aos mesmos. Convém não esquecer, a auditoria custou ao município noventa mil euros, valor redondo. Em face do valor do desperdício - chamar-lhe despesa é capaz de não ser exacto -, compreende-se que o presidente da câmara municipal não tenha poupado encómios aos relatórios. Coisa cara haveria de ser boa. O problema - ou talvez mais do que isso - é que, segundo a apreciação realizada pelos serviços municipais, a tal coisa cara está pejada de erros que impedem uma representação exacta da situação financeira do município no momento de transição entre os mandatos anterior e actual. Quanto a isto dá-se mesmo o caso de as apreciações do presidente da câmara municipal e do chefe da divisão de gestão financeira do município não poderem ser mais antagónicas. Em seis meses - o tempo que medeia a publicidade das posições afirmadas por cada um deles -, passou-se de alfa a ómega, sem mudar-se de sítio, porque à partida já se estava em ómega. Ora, assim sendo, para que raio serviu a auditoria? Sabe-se para que serviu. Serviu para o presidente da câmara municipal derramar um rol de lérias e sentenças que, constata-se, não têm escora ou estribo suficientes. O que significa que, tendo sido contratado um serviço para ficar-se a conhecer o estado das finanças municipais a 31 de outubro de 2009, lendo-se os relatórios da auditoria - e se não se tiver a capacidade de leitura e interpretação extraordinária revelada pelo presidente da câmara municipal - não se fica a saber o que era suposto. Mais. Em toda esta embrulhada, a informação que pode considerar-se fidedigna é a que foi prestada pelos serviços municipais. Perante isto, quais são a necessidade e a utilidade de torrar noventa mil euros para aceder a informação que, por exemplo, o chefe da divisão de gestão financeira do município podia compulsar e apresentar? A resposta dói e tem cheiro. Quem quiser ser informado sobre o assunto como deve ser que esqueça o que o presidente da câmara municipal andou para aí a apregoar com quantos foles tinha.
(a seguir)
Segue-se que como algo superior a 55 milhões de euros na cabeça de alguém não é necessariamente superior a 55 milhões de euros nos papéis que inspiram (supostamente) tal cabeça.
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(*) Fonte das palavras do presidente da câmara municipal: acta da câmara municipal de 16.05.2010, pp. 4 e 5. Fonte das palavras do chefe da divisão de gestão financeira do município: acta da câmara municipal de 14.12.2010, p. 18.

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