ainda na esperança de uma resposta, ou um comunicado, ou lá o raio que explique árvores de 29000€ e luzes que, ora custam 38000€, ora custam 105690€

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Algumas juntas de freguesia de Sintra trocam iluminação natalícia por apoio social. Pelo menos, no que toca à demagogia, não está mau.

Em demagogia natalícia - felizmente mais pelo lado financeiro da coisa, do que pelo social - o executivo de Ourém, também marca pontos. Em 2009, a CMO decidiu não colocar a tradicional iluminação de natal, tendo como argumento a crise nas finanças do município. Muito coerente seria se, ao poupar nos anteriores 38 mil euros de 2008, não tivesse gasto uns estranhos 29 mil euros em duas árvores de natal algures envasilhadas entre Ourém e Fátima. Enfim, conversa em ambiente de crise e cortes de austeridade para, ao final de contas, se constatar que gastou 76% de uma verba que - nas intenções do executivo - tinha que ser cortada a todo o custo. Tretas.

Quem ganha verdadeiramente com o triste espectaculoso demagógico, não é quem precisa do tal apoio social em Sintra ou no resto do pais, nem as contas do município de Ourém ou de outro qualquer.

Começando por quem perde  - e muito! -, não há qualquer espaço para dúvida: é o mais que flagelado comércio tradicional, fundamental na vida urbana de qualquer cidade deste planeta. Do outro lado, está quem mais uma vez ganha com o desinvestimento na animação de rua durante esta época: as grandes superfícies, é claro. O estado comercialmente degradado das ruas - altamente patrocinado pelo exercício politico nas ultimas décadas - é verdadeiro mel para o corporativismo selvagem, que cresce e e floresce dentro de espaço claustrofóbicos e com cheiro a fast food. E então, no final, quem são os verdadeiros prejudicados com o apoio que constantemente é dado - directa ou indirectamente - ao comércio de massas? é quem está dependente das pequenas e médias empresas ligadas ao comércio tradicional, que se afunda a cada dia que passa. De uma forma, ou de outra, todos os que não são sobrinhos de um Belmiro.

Enquanto se cria desemprego de um lado e se promove o trabalho precário do outro, enquanto se promove lojas vazias ao mesmo tempo que se suspendem os PDMs em jeito de favorecimentos vergonhosos, os grandes grupos que habitam os centros comerciais vão engordando à conta do portuguesinho que há dentro de cada um de nós e que, teimosamente, vota ao barulho das luzes, a cada quatro anos.

Não quero colocar em causa importância do apoio social do caso de Sintra e compreendendo perfeitamente a importância dos dinheiros públicos em boa saúde. Mas gostaria muito de ver as pessoas atentas, para perceber o processo como um todo e não se deixarem ir pela demagogia gratuita que facilmente faz coluna de um jornal, ou é mote pimba para um edil discursar.

Ainda - e para finalizar - o exemplo de Ourém: este ano, no entender do executivo, já há capacidade para investir na iluminação das cidades de Ourém e Fátima e, por isso, a pergunta surge naturalmente: vão gastar de novo os 38 mil euros de 2008? não, vão gastar 105.690 euros. Até mete dó.


Tanto dó, que se espera ansiosamente por um esclarecimento por parte do executivo aos facto levantados por uma declaração de voto do partido na oposição. Não é que esteja em risco a harmonia social, mas era bom saber a resposta ao porquê da ilusão no corte orçamental de 2009 e o que mudou até aqui na política de contenção do executivo para justificar a brusca mudança? No mínimo, era um sinal de respeito para quem exerce - com mais ou menos perspectivas - a sua actividade no comércio tradicional das cidades de Ourém e Fátima e que, por sua vez, vai contribuindo para o dinamismo económico e social de todo o concelho.

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