Uma ode à aldeia

| Sem Comentários
Muito interessante o último texto publicado no Malibucola, da autoria de RicJo, actualmente emigrado em Londres pela segunda vez na sua vida e que, por isso, é já parte de duas distintas gerações de emigrantes oureenses:

Chegado o verão a estas bandas (embora apenas oficiosamente e por uma, duas semanas no máximo), veio-me à memória (uma das minhas especialidades!) as infinitas férias de verão que passei em Portugal enquanto criança, deixando para trás Londres e um mundo completamente diferente durante um mês inteiro. Durante aquele mês de férias, trocava o constante tempo de meia-estação de Londres pelo calor abrasador do interior Português, nos tempos em que o verão era-o sem medos, onde as noites eram tão quentes como o dia e onde brisas frescas eram algo que raramente existiam. Naquele mês, deixava para trás os automóveis modernos e confortáveis, para passar a ser conduzido em automóveis sem cintos de segurança e que tremiam à medida justa que o acelerador era carregado. Auto-rádios era algo que raramente existia e como forma a combater o intenso calor Português, alguns automóveis vinham equipados com ar condicionado na zona dos pés, isto é, providos de buracos por onde se conseguiam ver as pedras da estrada e por onde a poeira teimava a entrar. Esta era também uma das grandes diferenças de um mundo para o outro - o alcatrão ainda era um luxo e não chegava a todos os lados. À porta da casa Portuguesa dos meus pais, só chegou a meio da década de oitenta. Até lá, conseguia jogar à bola com as pedras do chão de cada vez que ia a pé até a casa da minha avó, afastando-me para a berma - que mais não era do que a extensão da estrada em si - tapando a cara com a t-shirt de maneira a não levar com a poeira gerada pelos pulmões a dentro.

Actividade

Comentários Recentes

Mais Comentados

Arquivos

Flickr

Flickriver
Powered by Movable Type 4.38