operação «quaresma páscoa, dois mil e dez»

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Neste ano em que se comemora para aí o centenário da implantação da república talvez não fosse mau assentar nos cérebros do lugar que o estado português é laico - l-a-i-c-o. Não é que seja contra a religião, porque não é, deixa é esse pasto para as igrejas e reserva para si o pasto da política. Religião é religião, política é política, uma apartada da outra, para não haver confusões. Isto em tese e em tese há uma porrada de anos. Porque depois há a prática. Em que, por exemplo, a câmara municipal de ourém arroga-se da competência de organizar rituais religiosos. Que, por acaso, até já eram organizados antes - e seguramente continuarão a ser organizados apesar e depois - de a câmara municipal arrogar para si a competência de organizar celebrações católicas. Claro que podem sempre tentar convencer a malta que antes não havia lava pés, laudes após matinas, via crucis, procissões e páscoa e que princípios básicos e elementares do ordenamento jurídico português não se aplicam cá, neste reduto sagrado que é o município de ourém, por acaso parcela do complexo administrativo do estado. E claro que até podem estabelecer e declarar que há uma paróquia a colaborar - exactamente, nem menos nem mais, a colaborar - nas manobras pascoais organizadas pretensamente pela câmara municipal. No balanço que para aí vai, ainda hão-de publicar uma nota no site do município a creditar à câmara municipal a organização da visita do papa a fátima e a colaboração - ou, vá lá, a parceria - do vaticano e do reino dos céus nisso. Que fazer? A câmara municipal não podia limitar-se a contribuir para a divulgação e difusão de um programa de religioso - por ter valor cultural -, não, isso era pouco. Havia que ir mais além e publicitar o município como sendo uma estância confessional, pôr a câmara municipal - seguramente por via do vereador que tem o pelouro dos eventos - a organizar missas e tal. A estátua de Artur Oliveira Santos, abrenúncio, abrenúncio, que já foi anunciada para um lugar qualquer da cidade de ourém, deve ser só para disfarçar. Às tantas até andam a pensar em organizar uma missa por alma dele, assim como a benzedura da estátua. Valha-lhes deus.

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