noções de «mudança» ao serviço da causa

| Sem Comentários
psd ourém.jpg

Na última edição impressa do Notícias de Ourém surge em letras grandes: Natálio apresenta equipa que «serve melhor ao partido». Pois, trata-se do psd e, o psd como partido político dos tempos que correm, não tem outra causa que não seja servir-se a si próprio. A malta já sabe isso e, por isso também, surpresa, surpresa, foi só ler o nome de Natálio a encabeçar a tal comissão política. Mais uma vez, o psd, como bom partido falido que é, não podia deixar de se mostrar em todo o seu esplendor. Enfim, já tudo isto são apenas banalidades.

Ainda assim, dentro do corpo da notícia, o pasmo é coisa inevitável. A acreditar no NO - porque de facto custa acreditar que alguém tenha dito tal coisa - Natálio Reis completa a primeira afirmação dizendo ter feito a lista «sem olhar aos nomes e sem olhar às pessoas». A que olha então Natálio no momento da decisão?! Se acha que os nomes de quem compõe uma comissão política a ser escrutinada dentro de um partido e, possivelmente, composta por pessoas que ambicionam representar os eleitores não é coisa importante, está bem, haverá certamente outras factores que contaram para as decisões do o cabeça de lista. A gente só não percebeu quais foram.

Mas cada um é livre de fazer as listas da forma que bem entender. O que é pena, é os eleitores já não votarem como alguns entendem que deviam fazer... Como nos bons velhos tempos... Aquele clubismo partidário dava sempre conta certa! É uma porra!, mas a malta começou a ficar mais espertinha e a memória é coisa que cada vez mais difícil de corromper. Foram tempos que começam deixar saudade, todos nós sabemos...

É um facto que as caravanas tem cada vez menos adesão, o que, para além de dramático para algumas dúzias de militantes old school, dificulta o processo tradicional: repetir personagens viciadas e gritar o pregão de sempre «que a mudança é fundamental», é mais ou menos o mesmo que mandar areia para os seus próprios olhos. Caro Natálio, como empresário que é, habituado a escolher equipas e com a visão necessária a uma presença continua num mercado onde todos os dias compete, já devia ter percebido que, se calhar, é preciso tentar algo diferente dos modos como se faz política actualmente, não lhe parece? Não se acha capaz de, no mínimo, fazer as escolhas que realmente quer apresentar na lista que encabeça? Até pode nem olhar aos nomes, nem às pessoas, mas ao mérito e às competências de cada uma delas, parece-me elementar para se escolher alguém com quem se quer trabalhar. O Natálio quando se vê embrulhado numa situação onde, de livre vontade, apresenta uma lista candidata, e é "obrigado" a ter sentado ao seu lado quem de alguma forma lhe é "imposto", acha mesmo que isso é um exercício livre e saudável da sua militância dentro de um partido político?

Qual é hoje a verdadeira vontade de alguém quando quer contribuir com a sua participação política? Desperdiçar o seu valioso tempo a brincar à política e servindo um velho e falido partido político de poder, cheio de vícios e incapaz de atrair massa crítica?, ou servir num processo diferente - e logo desde o início - aqueles que um dia poderá vir a representar, num exercício de cidadania transparente, livre e sem esquemas de bastidores partidários?

Sei que, para quem de uma forma ou de outra está dentro de uma máquina partidária, é difícil perceber e/ou assumir o cancro da mesma à qual se pertence, embora - mais ou menos como no futebol -  seja muito fácil apontar todos os males das máquinas com as quais se joga o campeonato. A doença é crónica e é geral!, é um facto que já se sabe. Os partidos políticos tal como funcionam hoje, não passam de estruturas inúteis que por aí vagueiam vaidades, onde servem tudo aquilo que não deviam e nada mais que isso.

Felizmente hoje, na política local, há alternativas que passam pela formação de listas independentes. É mais difícil?? É: lá fora há menos palmadinhas nas costas e para quem progride desde o início dentro de um sistema partidário fechado, a coragem, a criatividade e as ideias são coisas que vão só até um certo ponto. No entanto mesmo para os mais puros carreiristas, ou simplesmente para aqueles que ainda acreditam no fundamentalismo da laranja ou da rosa, deviam saber que é um grave erro subestimar a abertura dos eleitores as estes novos modos de participação na vida política do município. Estes até já deram provas da sua aceitação ao nível das assembleias de freguesia, sabe-se disso, mas cada um só lhe dá a atenção que convém. De facto, custa-me a perceber como é que num concelho com quase quarenta e quatro mil eleitores, ainda não tivemos nenhum ou nenhuma com eles verdadeiramente no sítio para desligar de vez este deprimente sporting-benfica e introduzir uma nova dimensão ao exercício da sua cidadania, pela qual já tantos esperam com impaciência e urgência.

Actividade

Comentários Recentes

Mais Comentados

Arquivos

Flickr

Flickriver
Powered by Movable Type 4.38