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Na sequência desta observação, uma nota. A generalidade da imprensa local fez um trabalho mau no acompanhamento do modo como foi decidida, no âmbito da câmara municipal, a política fiscal para vigorar em 2010 (1). Porque omitiu o aumento do imi ou consentiu ser instrumento de comunicação distorcida. Embora não único, o caso do Notícias de Ourém é o mais flagrante. Publicou uma notícia que pretende sumariar o que aconteceu na sessão da câmara municipal de 10 de Novembro último mas que nada refere sobre o imi, matéria apreciada e votada em tal sessão. Na verdade, antes da publicação das reportagens sobre o que sucedeu na última sessão da assembleia municipal, a publicitação do aumento do imi na imprensa local foi feita sobretudo através de um comunicado dos vereadores do psd, em que, num dos pontos, constava a informação de que tinham votado contra a proposta da maioria socialista na câmara municipal (2).

Sendo grave a hipótese de a ausência de referência à decisão de aumentar do imi decidida na câmara municipal ser da responsabilidade exclusiva de jornalistas, mais grave é a hipótese de a câmara municipal, em particular a maioria do ps nesse órgão, ter tido intenção de ocultar tal aumento. É grave porque atenta contra o primado da transparência que deve prevalecer na relação entre autarcas e munícipes e porque é contraditório com a proclamada adesão do presidente da câmara municipal a tal primado. Em acto político, ser pela transparência não é mostrar apenas o que se quer ou julga conveniente, é mostrar tudo. Aliás, à gravidade reforçada desta outra hipótese junta-se a estupidez que lhe subjaz. Estupidez decorrente do facto de a manobra não ser minimamente sustentável, no sentido em que a proposta emanada da câmara municipal haveria de ser apreciada publicamente, ter consequências públicas e ser reconhecida pelo público. Estupidez que, para além disto, é acentuada pelo risco escusado de, se percebida a manobra, resultar na diminuição da credibilidade de quem assim procede. Necessitando tanto a câmara municipal que seja reconhecido e apoiado o esforço que é necessário fazer para sanear as finanças municipais, proceder de modo manhoso é meio caminho andado para a degradação da confiança política e para a censura pública. Pelo que, se querem ser levados a sério, é aconselhável que Paulo Fonseca e a maioria do ps na câmara municipal tenham atenção e cuidado quanto ao modo como é transmitida e difundida a informação sobre o município. Para evitar dúvidas e o resto que as dúvidas tendem a trazer. Às vezes nada bom.
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(1) Vide Notícias de Ourém, n.º 3749, 13.novembro.2009, p. 3, Ourém e o seu Concelho, n.º 901, 15.novembro.2009, p. 5 e Notícias de Fátima, n.º 484, 20.novembro.2009, p. 10. Em termos noticiosos, nestes três jornais foi feita referência apenas à redução da derrama. A excepção a esta tendência, com referência ao aumento do imi, foi o Jornal de Ourém (n.º 54, 12.novembro.2009, p. 3). Ainda assim tal referência é feita em termos que destacam a redução da derrama.

(2) Vide Ourém e o seu Concelho, n.º 901, 15.novembro.2009, p. 2, Jornal de Ourém, n.º 55, 19.novembro.2009, p. 3 e Notícias de Ourém, n.º 3750, 20.novembro.2009, p. 6).

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