o ambientalista liberal, xiv

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(continuação)

A teoria liberal deve ser aplicada cuidadosamente a cada caso. Observações superficiais sobre os problemas não ajudam à sua compreensão e resolução. Perante um problema ecológico, a pergunta que deve ser feita é: qual é o direito de propriedade que está a ser violado ou qual é o common? Alguns exemplos:

Eucaliptos: o problema dos eucaliptos deve-se, por um lado ao apoio do estado à indústria florestal, e por outro à inexistência de direitos de propriedade sobre a água. Se as indústrias florestais não fossem subsidiadas, a pressão para a plantação de eucaliptos seria menor. E se os plantadores de eucaliptos tivessem que pagar a água que consomem, o negócio não seria tão atractivo.

Aquecimento Global: o problema do aquecimento global é um problema de emissão de gases de estufa para um common global. A atribuição da culpa a este país ou aquele não vai resolver o problema porque cada país tem um incentivo para emitir gases de estufa que é superior ao incentivo para não emitir porque os ganhos são nacionais e as perdas globais.

Destruição de propriedades de valor ambiental: pode resultar da má alocação dos direitos de propriedade que impede a exploração do valor ambiental. Por exemplo, na costa algarvia há zonas em que vários proprietários competem para explorar a vizinhança da praia não tendo que pagar nada por essa utilização.

Destruição de propriedades de alegado valor ambiental: aqueles que alegam valorizar um determinado bem ambiental não estão dispostos a comprar esse bem. Por exemplo, embora muitos ecologistas sejam a favor dos parques nacionais, pouco estariam dispostos a pagar uma entrada para os visitar.

Suinicultoras de Leiria: O rio não é de ninguém e o estado não pode intervir porque não quer prejudicar os interesses económicos dos eleitores.

Água de consumo humano: É subsidiada. Por isso é que a água é desperdiçada e as empresas de água não têm muito interesse em processar os poluidores a montante para garantir a qualidade do seu input e a redução de custos de tratamento.

Pesticidas: É um problema de propriedade dos rios e das águas subterrãneas. Os agricultores não têm que pagar os custos de poluição a jusante. Para além disso, toda a agricultura é subsidiada e ineficiente. Os agricultores têm poucos incentivos para fazer uma gestão racional dos seus recursos e muitos nem são necessários.

Espécies em extinção: se elas são realmente valiosas para alguém, então o que os ecologistas têm que fazer é comprar os seus habitats e criar parques naturais. Parte das receitas para a compra e manutenção podem ser obtidas através do turismo ecológico.

Pescas: Os pescadores não são os proprietários dos cardumes. A gestão da pesca deve ser feita pelas próprias associações de pescadores.

joão miranda, in blasfémias, 24/02/2005
editado por pedro figueiredo

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