o ambientalista liberal, viii

| Sem Comentários

(continuação)

Destas 4, a solução liberal é a única que consegue escapar à lógica da tragédia.

A solução social, em que se espera que os membros de uma comunidade se controlem uns aos outros, só funciona em comunidades pequenas, nas quais todos se conhecem e cada membro da comunidade pode registar mentalmente a reputação e as dívidas sociais dos restantes. Nas comunidades maiores, as interacções são anónimas e o registo de reputações e de dívidas sociais é impossível. As comunidades maiores são ameaçadas por fenómenos de free riding, isto é, indivíduos que consomem mais recursos comunitários do que aqueles a que têm direito.

A solução socialista é a pior de todas as soluções. Perante um problema, a propriedade comum, o socialista propõe a criação de uma nova camada de leis, regulamentos e instituições cuja gestão tem que ser feita pela comunidade. Contra os commons o socialista propõe-se criar um novo common: uma burocracia em que o incentivo para a batota é superior ao incentivo para a cooperação.

A fé na democracia fundamenta-se em três equivocos:


  1. Na ideia de que os gestores da propriedade comum são respeitáveis servidores da causa pública sem quaisquer interesses mundanos;

  2. Na ideia de que os eleitores estão mais preocupados com o bem comum do que com os seus interesses mesquinhos;

  3. Na ideia de que os processos de controlo democrático são mais eficientes do que os mecanismos de mercado.


Um político está na mesma posição que os pastores dos commons tradicionais. Se ele fizer o que é melhor para si próprio ganhará mais do que perderá como membro da comunidade porque os ganhos são só dele e as perdas dividem-se por todos. Por isso, os políticos, pensando no seu próprio benefício, tenderão a agradar aos grupos de pressão mais poderosos e com mais capacidade de mobilização. Estes são aqueles que mais lucram com a pressão política e tendem a ser os que mais têm a ganhar com a destruição do ambiente. Este problema não pode ser corrigido pelo sistema de eleições por dois motivos. Em primeiro lugar, os grupos de eleitores estão mais interessados em defender os seus interesses económicos do que em defender o ambiente e pela mesmas razão: os ganhos são privados, as perdas são públicas. Em segundo lugar porque há um funil informativo entre o eleitor e o eleito. O eleitor individual não sabe muito bem o que o eleito anda a fazer nem tem os meios para obrigar o eleito a fazer o que é melhor para a comunidade. E o eleito não conhece as consequências específicas das suas medidas na vida dos eleitores.

joão miranda, in blasfémias, 09/02/2005
editado por pedro figueiredo

Actividade

Comentários Recentes

Mais Comentados

Arquivos

Flickr

Flickriver
Powered by Movable Type 4.38