Abril!...

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Ao abrir logo pela manhã a minha janela, observei o firmamento carregado de nuvens tristes e escuras e olhando para o chão, um estacionamento esventrado e poeirento que alberga carros, motos, camionetes e pessoas humanas. Então, a minha mente foi atirada para a leitura deste poema, do poeta Ary dos Santos: "a cidade" -

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

Isto também é comemorar Abril.

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É, sim, senhor...
Obrigado!

Trova do Vento que Passa

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Adriano C. de Oliveira (texto incompleto)

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