abril 2009 Archives

Turismo em debate

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David Catarino propõe criar uma associação nacional para o Turismo, tendo como objectivo esse organismo ser um "interlocutor privilegiado" junto do poder Central. A associação já tem projectos de Estatutos. Assim, se tal acontecer e salvo melhor opinião, lá se vão mais uns trocos para custos sociais dos órgãos dessa associação, que face à crise vigente, só podem ser retirados do bolo da divulgação/oferta do Turismo.
Já por aqui opinei diversas vezes, que apesar da reforma do Governo levada a efeito neste sector do mercado, existem Regiões /Pólos de Turismo a mais, para um País como o nosso, face à sua dimensão territorial, onde ofertas turísticas não divergem muito de umas Regiões para as outras, assim como os costumes e tradições. Sabe-se bem qual é o custo de cada Região /Polo para participarem num evento Nacional e muito mais onerado se for realizado fora do País, onde entidades idênticas vendem o mesmo produto.Enfim!...Ainda se associação criada prosseguisse o objectivo da divulgação turística!...vamos esperar para ver.

o ambientalista liberal, xiii

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(continuação)

Uma das críticas que é feita ao capitalismo é que os capitalistas, para obterem lucro, estão dispostos a tudo, inclusive a destruir os recursos naturais que geram o lucro. Por exemplo, um agricultor não estaria interessado em investir em métodos de conservação do solo porque o que lhe interessa não é conservar a sua propriedade em bom estado mas sim maximizar a produção agricola para vender o mais possível.

O problema deste raciocínio é que pressupõe que um capitalista está interessado acima de tudo em maximizar as receitas. O que um capitalista pretende é, depois de descontado o seu consumo, maximizar o valor dos seus activos, quer eles estejam sob a forma de dinheiro vivo, quer eles estejam sob a forma de propriedades. Ora, o valor de uma propriedade depende do seu estado de conservação e um capitalista que destrói o seu próprio capital para maximizar a receita está a empobrecer-se. Um capitalista tem mesmo um incentivo para melhorar o estado de conservação das suas propriedades porque se o fizer está a ficar mais rico.

Um agricultor não tem nenhum interesse em destruir o solo das suas próprias propriedades para produzir um bocadinho mais e ganhar um bocadinho mais porque o dinheiro em excesso seria conseguido às custas do valor da sua própria propriedade, porque o valor de mercado de um terreno agrícola é tanto maior quanto maior for o seu estado de conservação.

No entanto, quem explora temporariamente uma propriedade que não é sua terá tendência para maximizar as receitas à custa do estado de conservação e do valor da propriedade. Isto acontece porque quem explora uma propriedade está interessado em maximizar os seus activos e não os activos do dono da propriedade.

joão miranda, in blasfémias, 24/02/2005
editado por pedro figueiredo

Concerto de Alaúde e Canto

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FESTAMBO II A celebração do espaço público

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Aproveitando a deixa do último post do AF e depois de termos recebido mais algumas fotos da direcção da AMBO, por parte de Avelino Subtil, não resisto a publica-las.
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Confessando não estar dentro do programa do FESTAMBO e dando mais uma vez os parabéns à direcção pela magnifica iniciativa, o que gostava de deixar aqui realçado, era que, nos tempos que correm - em que as pessoas preferem os espaços colectivos não públicos, em detrimento do espaço público das nossas cidades - é um regalo observar tais imagens de um evento que penso não ter sido inédito na sua forma. Não estando aqui em causa questões técnicas ou arquitectónicas da requalificação urbana de que esta zona foi alvo e sabendo que ainda muito há fazer no que toca à dinamização do centro, é um facto que, num passado bastante recente, este espaço tinha praticamente como uso exclusivo o estacionamento do automóvel privado. Agora esta praça tem maior espaço entre as suas esquinas, facilitando assim o encontro que naturalmente é promovido por elas. Tem ainda novos possíveis usos que, neste caso, foram explorados da melhor maneira. O que o que podia ser apenas um evento cultural, foi certamente também uma celebração da cidade, da rua e do espaço público como lugar nobre para exercício da nossa cidadania! Espera-se ver mais vezes a praça neste estado...

Ourém, sem deputado do PSD

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A partir do próximo dia 1 de Maio, Mário Albuquerque abandona as suas funções de Deputado na Assembleia da República por vontade própria, conhecendo-se já o nome do seu substituto.

FESTAMBO!

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Tem vindo a decorrer ao longo do mês de Abril a quinta edição da FESTAMBO - Festival de Música e Dança de Ourém, organizado pela AMBO. Este Festival pode-se entender como o culminar de todo um trabalho desenvolvido por executantes, alunos, professores e/ou maestros, e que agora surge para apreciação de toda a comunidade, verificando-se o envolvimento de um número significativo de elementos, desde os infantis aos seniores.
Apesar do programa proposto para o presente ano ainda não estar inteiramente cumprido, (dos sete eventos previstos, decorreram quatro) têm-se presenciado momentos de excelência na área musical. Esperemos agora pelo Espectáculo de Dança no próximo dia 8 de Maio, bem como pelo Encontro de Coros Infantis no dia 10, e para finalizar, o Espectáculo de Música Popular no dia 17 do mesmo mês.
Uma palavra de reconhecimento pelo trabalho (voluntário!) de toda a Direcção da AMBO, na pessoa do seu Presidente da Direcção Dr. Avelino Subtil. A força, coragem e determinação desta equipa, permite dar visibilidade a todo um trabalho de ensino/aprendizagem, atingindo-se dois importantes objectivos: mostrar a todos o trabalho de qualidade que se pratica por estas terras de Ourém, e estimular os praticantes a evoluírem.

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Turismo local

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Este pode vir a ser um passo muito importante para a zona histórica da cidade de Ourém, (Os Castelos) que necessita de ganhar vida. Parece ser uma boa parceria, capaz de trazer mais visitantes até nós, fortalecendo o segmento do Turismo Histórico, a par com o Turismo Religioso. Merece, pois, todo o apoio e atenção da Autarquia, bem como do Ministério da Cultura.
A freguesia de Nª Sª das Misericórdias está a passar momentos menos bons, atendendo à crise económica mundial que nos afecta também. Nada melhor para tentar atenuar a mesma que estimular o Turismo, incluindo uma visita à Serra, para observar as Pegadas dos Dinossauros. A Câmara e Junta de Freguesia têm a palavra. Os oureenses não podem passar mais tempo mudos, pensativos, em quieta observação do Castelo, sem qualquer proveito económico.
Atendendo às potencialidades turísticas do concelho, estas podem originar todo um cordão que pode ser esticado até ao Agroal, cordão esse que pode ser proveniente de Alcobaça, Batalha, Fátima, passando por Ourém, tendo como destino final Tomar. Os oureenses devem mostrar sem vergonha o seu património. Usado de forma coerente, trará reconhecimento e proveito a todo o concelho.

Autárquicas IV...

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Paulo Fonseca no jantar do 25 de Abril, levado a efeito pela Secção do Partido Socialista local, fez a apresentação da sua candidatura às eleições autárquicas de 2009.
O candidato, afirmando-se empenhado na mudança, tem razão de sobra para estar satisfeito, ao conseguir mobilizar um número de participantes a rondar as mil pessoas, sendo que muitos dos presentes nunca participaram em eventos do PS.
Fonseca galvanizou os participantes com um discurso simples, mas com objectivos elevados, mostrando que está nesta corrida autárquica para apresentar ideias novas, capazes de mobilizar os eleitores rumo à sua eleição como Presidente da Câmara.
Paulo Fonseca de olhos postos nos participantes, depois de afirmar que quer vencer a crise financeira que a Autarquia atravessa, falou, sem medo, do estado económico das empresas de que é dono, dos problemas que atravessaram, especificando uma que adquiriu há cerca de um ano, em grandes dificuldades financeiras. Neste momento afirma que pode garantir a recuperação dessa empresa, bem como a conservação dos cerca de 100 postos de trabalho iniciais. Com esta experiência de saber feito, espera poder vir, se for eleito Presidente, a recuperar a Câmara em termos económicos, tal como aconteceu nesta sua empresa.
O candidato explicitou as áreas em que o concelho está deficitário, a forma menos correcta como foram aplicadas as verbas dos fundos comunitários, bem como a grosseira falta de planificação da actual gestão do município. Revelou ainda os seus projectos/objectivos em todas as áreas estruturantes para o concelho. Afirmou que a sua vida como empresário, para além de lhe trazer experiência acumulada, lhe permite apresentar-se com uma conotação diferente da que tantas vezes é dada aos políticos – políticos de profissão - reconhecendo que esta sua faceta lhe trouxe mais sensibilidade no que aos empresários diz respeito, às suas dificuldades, bem como às formas de ajuda na superação das mesmas. Encara esta experiência como uma mais-valia no que concerne à concretização dos seus objectivos programáticos, bem como na coordenação da equipe de que se vai rodear na vereação, tendo sempre como meta o bem-estar económico e social dos Oureenses.

A distinção dos maiorais e mais

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Como avesso do artigo de António Gameiro – e da entrevista incipiente de Paulo Fonseca publicada na semana passada (in Notícias de Ourém, n.º 3721, 17.Abril.2009, p. 5) –, merece destaque o depoimento longo, em jeito de balanço do mandato municipal em curso, prestado ao Notícias de Ourém (n.º 3722, 24.Abril.2009, pp. 6-7) por José Manuel Alho, vereador local, eleito pelo ps. Depoimento que, pela denúncia da prática política sem projecto e sem estratégia do psd e das consequências acumuladas e evidentes disso, vale sobretudo pela afirmação da diferença que, em termos de orientação e de acção municipais, possa haver entre ps e psd. É que, se quer constituir-se como factor de mudança por cá, o ps não pode deixar de, considerando as necessidades, as disponibilidades, as possibilidades e os anseios dos oureenses, afirmar um projecto, marcando e explicitando os pontos em que se distingue ou pretende distinguir do psd e porquê. Sem isto o ps até pode ser o partido político mais votado para a câmara municipal e Paulo Fonseca até pode ser entronado como o «timoneiro» em que - afirmou na entrevista referida – está armado. Porém dificilmente a malta socialista logrará concretizar pauta e intervenção municipais diferentes das que têm vigorado sob a égide do psd. O que significa que, se é para mudar, o ps tem que fazer muito mais do que celebrar o seu candidato a presidente da câmara municipal. Porque isso fez e há-de fazer o psd com Vítor Frazão, que, nunca tendo sido candidato a presidente da câmara municipal, tem a vantagem de já ser presidente da câmara municipal.
Na última edição do Notícias de Ourém (n.º 3722, 24.Abril.2009, p. 15), António Gameiro assina um artigo com prosa para alcandorar Paulo Fonseca na condição de salvador que está para chegar aí, artigo que equivale às hossanas dos comunicados do psd a Vítor Frazão e ao humanismo que ele afirma professar. Prosa de circunstância e para a circunstância portanto. Enquanto não se passar deste nível de propaganda ronceira e de marcação comadresca, as questões que necessitam de ser consideradas e debatidas permanecerão arredadas das atenção e discussão públicas. O que, como as coisas estão – e tendem a estar -, tende a beneficiar a situação, que é o mesmo que dizer a malta do psd. Que, depois de anos e anos a apoiar David Catarino, assim como as propostas, as decisões e as práticas ditadas por ele, a apoiar sem tugir nem mugir, agora anda afanosamente a tentar iludir e reparar parte do legado do presidente da câmara municipal anterior – a parte da nódoa, que dá má fama –, de modo a, ainda a tempo do outono próximo, livrar-se do ónus político e eleitoral disso, sem deixar que se note muito o odor a benzina.

O apocalipse, segundo João Moura

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Em desabafo publicado na última edição do Notícias de Ourém (n.º 3722, 24.Abril.2009, p. 15), João Moura afirmou que muitas das propostas que apresentou enquanto vereador da câmara municipal de Ourém “foram congeladas para não dizer arquivadas”, tendo algumas delas sido reapresentadas com omissão do proponente original, “mas sob a mesma forma de procedimento – informação interna/proposta CMO”. A ser verdade, é um modo de proceder bonito. E lhano. E revelador da estima e da consideração que a malta do psd reserva a si.

Liberdade

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Hoje é o dia da Liberdade.

Ourém numa nova região vitivinícola

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Via lusowine.com:

Vinhos Portugal conta, a partir de hoje, com uma nova região vitivinícola: a Região de Vinhos de Lisboa. Com a publicação da portaria nº 426/2009 de 23 de Abril, o Governo, através do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, acaba de criar a Indicação Geográfica “Lisboa”, agregando nesta denominação todos os vinhos produzidos e certificados na região, substituindo desta forma a designação Vinho Regional Estremadura.

(...)

A Região de Vinhos de Lisboa abrangerá a totalidade do Distrito de Lisboa, com excepção do concelho da Azambuja, o concelho de Ourém, e os seguintes concelhos do Distrito de Leiria: Alcobaça, Batalha, Leiria, Marinha Grande, Nazaré, Pombal (com excepção de quatro freguesias), Porto de Mós e Caldas da Rainha.

(...)

o ambientalista liberal, xii

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(continuação)

Dado que os problemas ambientais são essencialmente problemas de propriedade, o liberalismo tem uma contribuição muito importante a dar para a sua resolução. Isto é como o ovo de Colombo. Se os problemas ambientais são problemas de tragédia dos comuns então a solução não é a criação de um common administrativo para controlar o uso da propriedade comum, mas a privatização dos commons. Como isso deve ser feito depende das circunstâncias particulares de cada problema.

As soluções de inspiração liberal já estão a ser aplicadas por todo o mundo. Aqueles que um tanto jocosamente dizem que o que os liberais querem é privatizar o ar esquecem-se que, em parte o ar já está a ser privatizado. Os países membros da União Europeia acabam de conceder às empresas industriais direitos de emissão de CO2 transaccionáveis em bolsa. Assim, de certa forma algumas empresas têm direitos de propriedade sobre a atmosfera que mais ninguém tem.

Em Portugal, está em curso a privatização da caça. Os terrenos de caça livre estão abertos a todos. Nenhum dos caçadores está muito interessado na conservação da caça e todos estão interessados em caçar. Nas zonas de caça associativa, os caçadores têm que contribuir para a conservação da caça. Os terrenos de caça livre são commons vulneráveis à tragédia. Os terrenos de caça associativa são propriedade das respectivas associações, as quais têm um interesse em conservar os recursos para se manterem atractivas para os seus sócios e clientes.

joão miranda, in blasfémias, 23/02/2005
editado por pedro figueiredo

Convívio

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Centro Recreativo e Convívio das Louçãs

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o ambientalista liberal, xi

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(continuação)

Muitos ambientalistas perceberam, intuitivamente, que a razão e o pensamento crítico podem não ser bons aliados da sua causa. É por isso que os movimentos ambientalistas se foram afastando progressivamente das suas origens científicas e se parecem cada vez mais com religiões. A vantagem das religiões antigas é que elas se foram adaptando ao longo dos séculos às necessidades de longo prazo das sociedades humanas e os seus dogmas eram compatíveis com a preservação dos commons. O problema da nova religião ambientalista é que os seus dogmas, recentemente inventados, muitas vezes sem suporte científico e em constante mutação, só por acaso é que preservam os commons. Na maior parte dos casos promovem a hipocrisia e o alarmismo fazendo mais mal que bem. Para piorar a situação, a nova religião ambientalista está já a contaminar a ciência e o jornalismo. As formas tradicionais de fazer ciência e jornalismo, baseadas no rigor e na objectividade, continuam a ser os melhores antídotos contra esta nova religião, mas temo que ela já se encontre demasiado espalhada.

joão miranda, in blasfémias, 11/02/2005
editado por pedro figueiredo

Antróllio

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A ler de 2 em 2 semanas, para não se distrairem:


Um Troll, na gíria da internet, designa uma pessoa cujo comportamento tende sistematicamente a desestabilizar uma discussão, provocar e enfurecer as pessoas envolvidas nelas. O termo surgiu na Usenet, derivado da expressão trolling for suckers (lançando a isca para os trouxas), identificado e atribuído ao(s) causador(es) das sistemáticas flamewars.

Para combater trolls de forma eficiente, aos usuários e frequentadores de comunidades apenas uma grande eficiente regra: Não alimente os trolls. (do inglês Don't feed the trolls). Significa ignorar completamente alguém que se comporta como troll mesmo que a vontade de responder seja grande. Um troll não tem nada a perder, ele sempre vai voltar e incomodar - ele precisa de atenção para obter prazer e ser bem sucedido. Ignorando um troll os usuários não apenas intimidam seu ato como também provocam profundo desgosto e frustração nele. Isso nem sempre é fácil e exige as vezes muito esforço da comunidade por meses mas o metódo é eficiente. Se ninguém absolutamente dá atenção ao troll, ele desiste de actuar por desgosto de não conseguir resposta as suas provocações.

Este ano, decidimos não publicar qualquer texto ou propaganda vindos dos partidos e que estejam relacionados com a próxima campanha eleitoral para as autárquicas em Ourém. Todos os partidos têm acesso a blogs e outros meios de informação na Internet e sendo assim, acabam sempre por ser difundidos via Miradouro.

Isto não impede que cada um, a nível individual, publique e opine o que entenda pelo Castelo, independentemente do seu envolvimento na campanha ou cor partidária.

Nota: referimos recentemente os jantares da CDU e PS por estarem relacionados com as comemorações do 25 de Abril. Continuaremos a publicar e a difundir qualquer informação relevante sobre Ourém e concelho (política, cultura, desporto, sociedade), venha de onde vier (pessoas, partidos, associações, etc).

Dia 24 de Abril de 2009, pelas 20h, no Centro de Negócios em Ourém, Jantar Comemorativo do 25 de Abril de 1974. Apresentação do Candidato do Partido Socialista à Câmara Municipal de Ourém.

Inscrições até ao dia 22 de Abril para: 91 07 93 836; 91 33 44 188; 91 428 15 07; 249 54 26 04

35 anos depois

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Se perguntarem a alguém o que significa o 25 de Abril, muitos irão responder de cabeça que foi uma revolução feita por um grupo de militares barbudos, que depois de um verão quente e muitas peripécias trouxe-nos a democracia, os partidos, a liberdade de expressão e de imprensa. Que a censura foi abolida, que as pessoas começaram a poder dizer e escrever o que pensam sem medo de represálias, votarem secretamente no partido que quiserem, liberdade de se associarem, manifestarem, o direito à greve. As coisas boas. Tudo o que um regime democrático é suposto permitir. A propósito da liberdade de expressão, 35 anos depois, folheio os jornais oureenses e reparo que a esmagadora maioria dos artigos de opinião são escritos por políticos ou por quem esteja ligado a um partido. Os que não o são escrevem sob anonimato. São os Zés de Ourém, os recadinhos, as palavras enroladas, o cuidado em não referir nomes. O jornal Ourém e seu Concelho sempre foi conhecido por mandar recados cifrados na página principal. Os blogs não vieram alterar o panorama. Falando por experiência própria, em 5 anos de vida deste blog constato que a maior parte dos comentadores prefere o anonimato. Dos que nos escrevem para a caixa de correio com sugestões (obrigado!), muitos ainda pedem para não serem referidos. Que isso não interessa muito. Isto significa o quê exactamente? Não sei. Mas sei que 35 anos depois, há coisas que nunca mudam.

Eleições Autárquicas III...

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O candidato Paulo Fonseca deu uma pequena entrevista ao NO de hoje, onde traça alguns objectivos da sua candidatura à CMO. Depois de em tempos ter sido candidato à presidência da nossa Edilidade, percebe-se que este homem tem agora horizontes mais rasgados, que lhe advêm dos cargos que desempenhou (Vereador, Deputado e Governador Civil - cargo que ainda hoje desempenha). Político de hoje, para além empresário, Fonseca carrega presentemente uma maior bagagem para servir todos os Oureenses na Presidência do Município.
A entrevista pode resumir-se em poucas palavras. Acredita que conseguirá uma mudança de fundo, que tem por base um plano de desenvolvimento estratégico para o Concelho, a urgente recuperação financeira da Câmara, o apoio impreterível ao tecido empresarial com a respectiva salvaguarda dos empregos e ainda, um melhor acesso dos cidadãos aos serviços do Município.
A mudança que o candidato quer levar a efeito se for eleito, como espera, trará aos Oureenses a alegria de viver num concelho capaz de gerar mais riqueza, progresso e desenvolvimento, onde a paz social seja palavra de ordem para todos!...

Na Assembleia Municipal de 29 de Fevereiro do ano passado, depois de uma reunião no dia 10 de Janeiro entre os diversos intervenientes do sector do abastecimento de electricidade ao município, David Catarino disse o seguinte:
(...) esta reunião teve como grande objectivo a racionalização dos consumos de energia nos edifícios municipais e a adopção de medidas para melhoria da qualidade e racionalização dos consumos em iluminação pública O valor que se paga de consumos em iluminação pública é incomportável. Por isso, o nosso objectivo é eliminar os muitos desperdícios que existem.
Depois de mais de um ano, importa saber quais foram os resultados dessa reunião!... Existem?

É um assunto na ordem do dia. Ainda hoje, um município vizinho, Pombal, foi noticia na RTP pelas melhores razões:

Uma pergunta, as Assembleias Distritais servem exactamente para quê? Gostava de saber.

Ourém, Santarém, 16 Abr (Lusa) -- A Câmara Municipal de Ourém deliberou abandonar a Assembleia Distrital de Santarém, situação que a Comissão de Trabalhadores das Assembleias Distritais considera ilegal, tendo comunicado o caso ao Tribunal de Contas e à Inspecção-Geral da Administração Local.

Na reunião de 06 de Abril, o município de Ourém aprovou, por unanimidade, comunicar à Assembleia Distrital de Santarém que pretende deixar de participar na mesma, com efeitos a partir de Janeiro.

Em causa estão as "dificuldades financeiras que os municípios atravessam" e o "valor da quota mensal", de 583,59 euros, além de que "não existe qualquer benefício para a autarquia" em pertencer à assembleia.

Maria Ermelinda Toscano, da comissão de trabalhadores, disse hoje à agência Lusa que esta decisão é "ilegal", sublinhando que a Assembleia é uma entidade consagrada na Constituição da República Portuguesa, equiparada a autarquia local.

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Realiza-se no próximo sábado, 25 de Abril, o Jantar comemorativo do 35º aniversário do 25 de Abril. Promovido pela CDU - Ourém, o jantar será no "Chico Stº Amaro" e contará com a presença de Vladimiro Vale (Comissão Politíca do PCP), e um momento musical com Ricardo Santos ( Gaita Transmontana).

Inscrições e informações para 913450751, 936110450 e 963311010

o ambientalista liberal, x

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(continuação)

Quem insiste no papel da educação como forma de minorar os problemas ambientais não entendeu completamente a tragédia. É verdade que a imposição de normas de conduta em crianças em idade impressionável contribui para que elas se comportem de uma determinada maneira. Só que os pais e educadores bem sucedidos, isto é, aqueles que chegam mais depressa à posição de educar alguém, são os que colocam os seus próprios interesses acima dos interesses da comunidade. Por isso, não devemos esperar que as regras que protegem os commons prevaleçam. Devemos, no entanto, esperar que a hipocrisia prevaleça. Devemos esperar uma contradição entre o comportamento ostentado e o comportamento privado. E as crianças, por muito impressionáveis que sejam, são muito mais sensíveis aos exemplos do que aos sermões. Aliás, devemos esperar que perante um exemplo de hipocrisia, as crianças impressionáveis aprendam a ser hipócritas.

Também não devemos esperar que os que atingem a idade da razão compreendam a racionalidade das normas interiorizadas. Em primeiro lugar, porque as normas interiorizadas que protegem os commons não são racionais. Essa é a grande lição da tragédia. Nos commons, o comportamento egoísta é o único comportamento racional porque quem se comporta altruisticamente contribui mais para o bem estar dos egoístas do que para a preservação dos commons. Em segundo lugar porque, mesmo que as normas fossem racionais, os indivíduos têm um grande incentivo para as ignorar.

Promover a razão pode levar a que alguns compreendam a tragédia. Mas a maior parte dos indivíduos têm um incentivo muito grande para não a entender. Ou para a entender, mas para fingir que ela não se aplica ao seu caso específico, mas aos outros. E quem compreende a tragédia não está necessariamente disposto a viver numa sociedade em que a cooperação é incentivada através da penalização do egoísmo. Em primeiro lugar porque quem compreende realmente a tragédia sabe que a penalização do egoísmo não é a melhor solução. E em segundo lugar, mesmo que a penalização do egoísmo fosse a melhor solução, a maior parte das pessoas continuaria a ter um incentivo para defender a penalização dos outros, mas não a sua própria.

joão miranda, in blasfémias, 11/02/2005
editado por pedro figueiredo

Aeroporto na Giesteira

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Para quem não viu a reportagem da SIC no passado dia 14 de Abril:

Um homem, sozinho, está a fazer um aeroporto. Contra a Câmara de Ourém, que nunca respondeu ao projecto que Joaquim Clemente entregou na autarquia no princípio da última década do século passado. A história é contada numa reportagem de José Manuel Mestre, na rubrica Primeiro Plano, na SIC.

A obra começou há quase 21 anos, a partir de um sonho alimentado por um pequeno empresário de Fátima: fazer um aeroporto regional na terra. Sozinho, foi comprando terrenos a meia centena de pequenos proprietários e, com a ajuda apenas de quem depositava restos de entulhos numa encosta perto de Giesteira, a 5 quilómetros de Fátima, construiu uma plataforma e depois uma pista que já tem mais de quilómetro e meio e é maior que a pista do aeródromo de Cascais.

De há vários anos a esta parte a pista é usada no Verão pelo próprio Estado - a Protecção Civil serve-se da obra para base nacional de aviões para combate a incêndios. É a única parte legal no projecto do homem que deu forma ao sonho de fazer uma aeroporto. A obra continua a ser clandestina e a pista não está certificada nem aprovada pelo INAC. Mas há uma curiosidade: a Câmara de Ourém, que nunca aprovou nem travou a obra, já quis tornar-se sócia do projecto...

o ambientalista liberal, ix

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(continuação)

A solução moderna, a educação, também não é muito prometedora. Vale a pena lembrar o problema que se pretende resolver: os agentes racionais tendem a sobre-explorar a propriedade comum porque os ganhos são privados e as perdas são públicas. Esta situação mostra quão importante era a ignorância nas sociedades tradicionais. Aqueles que seguiam cegamente as tradições desenvolvidas ao longo de séculos sem as pôr em causa contribuíam primeiro para a preservação dos commons e só depois para si próprios. As tradições religiosas eram um antídoto contra a tragédia. Ora, os educadores andam há 200 a promover a razão contra a tradição. Se esperamos que os estudantes sejam racionais, não lhes podemos pedir que também sejam masoquistas e que abdiquem de tomar as decisões que mais os favorecem. Quem promove a razão não pode esperar que a razão não seja usada de acordo com os interesses de quem a usa.

joão miranda, in blasfémias, 11/02/2005
editado por pedro figueiredo

Eleições Autárquicas II

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Finalmente... Segundo notícia avançada pelo jornal "O Ribatejo" Paulo Fonseca é o candidato do PS nas próximas eleições autárquicas à Câmara Municipal de Ourém. Mais um candidato!

Querido, mudei a casa

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Este blog irá sofrer uma remodelação gráfica nos próximos dias. Por isso, não se admire se não conseguir aceder ao sítio por uns momentos ou notar algo de estranho no template ou perda de algumas funcionalidades. Haverá alterações no sistema de comentários, mas a seu tempo daremos mais pormenores. Pedimos desculpa pelo incómodo causado. A gerência agradece.

Grande Prémio de Karting

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Grande Prémio de Karting - Juventude Ouriense, Cidade de Ourém.

Uma boa notícia:

Facilitar o acesso a diversas informações relacionadas com a actividade da empresa e divulgar o concelho de Ourém é o objectivo da Verourém, ao lançar página própria na internet com o endereço www.verourem.pt Agora é possível fazer online, de forma simples e rápida, a requisição de qualquer pavilhão desportivo, de uma pista de natação nas piscinas de Ourém ou Caxarias, das salas do Cineteatro Municipal e consultar os serviços de Apoio à Família em funcionamento. Estão também disponíveis online, para encomenda, os artigos e edições gráficas do município de Ourém. No site estão informações sobre a marcação de visitas guiadas à zona histórica de Ourém, o percurso a realizar e as fotografias de cada local de passagem, promovendo o interesse nos visitantes. Consultar a agenda online com a oferta de iniciativas e actividades a realizar no concelho, ver os filmes que estão em cartaz no Cineteatro, consultar horários e condições de funcionamento dos equipamentos desportivos, são outras funcionalidades disponíveis. Para receber via e-mail as últimas notícias basta subscrever a newsletter da Verourém. Pretende-se um espaço dinâmico e eficaz para consulta fácil de todos os que o visitam, esperando tornar este site num meio de comunicação útil com os cidadãos.

IX Aniversário ASCF

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Fontaínhas - Seiça, 19 de Abril. Mais informações pelo contacto 919630291 ou em http://ascfontainhas.blogspot.com/

o ambientalista liberal, viii

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(continuação)

Destas 4, a solução liberal é a única que consegue escapar à lógica da tragédia.

A solução social, em que se espera que os membros de uma comunidade se controlem uns aos outros, só funciona em comunidades pequenas, nas quais todos se conhecem e cada membro da comunidade pode registar mentalmente a reputação e as dívidas sociais dos restantes. Nas comunidades maiores, as interacções são anónimas e o registo de reputações e de dívidas sociais é impossível. As comunidades maiores são ameaçadas por fenómenos de free riding, isto é, indivíduos que consomem mais recursos comunitários do que aqueles a que têm direito.

A solução socialista é a pior de todas as soluções. Perante um problema, a propriedade comum, o socialista propõe a criação de uma nova camada de leis, regulamentos e instituições cuja gestão tem que ser feita pela comunidade. Contra os commons o socialista propõe-se criar um novo common: uma burocracia em que o incentivo para a batota é superior ao incentivo para a cooperação.

A fé na democracia fundamenta-se em três equivocos:


  1. Na ideia de que os gestores da propriedade comum são respeitáveis servidores da causa pública sem quaisquer interesses mundanos;

  2. Na ideia de que os eleitores estão mais preocupados com o bem comum do que com os seus interesses mesquinhos;

  3. Na ideia de que os processos de controlo democrático são mais eficientes do que os mecanismos de mercado.


Um político está na mesma posição que os pastores dos commons tradicionais. Se ele fizer o que é melhor para si próprio ganhará mais do que perderá como membro da comunidade porque os ganhos são só dele e as perdas dividem-se por todos. Por isso, os políticos, pensando no seu próprio benefício, tenderão a agradar aos grupos de pressão mais poderosos e com mais capacidade de mobilização. Estes são aqueles que mais lucram com a pressão política e tendem a ser os que mais têm a ganhar com a destruição do ambiente. Este problema não pode ser corrigido pelo sistema de eleições por dois motivos. Em primeiro lugar, os grupos de eleitores estão mais interessados em defender os seus interesses económicos do que em defender o ambiente e pela mesmas razão: os ganhos são privados, as perdas são públicas. Em segundo lugar porque há um funil informativo entre o eleitor e o eleito. O eleitor individual não sabe muito bem o que o eleito anda a fazer nem tem os meios para obrigar o eleito a fazer o que é melhor para a comunidade. E o eleito não conhece as consequências específicas das suas medidas na vida dos eleitores.

joão miranda, in blasfémias, 09/02/2005
editado por pedro figueiredo

Futebol!...

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Também por aqui!O Desportivo de Fátima, empatou ontem no Tourizense. Mantém a liderança! A fase de apuramento da II Divisão, série C, rumo à divisão de Honra, parece estar no papo.
Parabéns ao seu treinador, Rui Vitória: Oxalá coloque o Fátima a voar mais alto, esperamos!

V Festambo

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Factos perturbadores!

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Quem gere uma Autarquia tem o dever de fazer a união de todos os munícipes. Entendo eu, entendem quase todos os cidadãos.
Por vezes acontecem factos insólitos no nosso Concelho, muitos já passados e comentados por aqui. Outros, que ficam atravessados, como espinhas na garganta, sendo sempre perturbadores, provocando alguma desunião no seio da Comunidade.
Refiro-me concretamente, à Santa Casa da Misericórdia de Fátima-Ourém. Que diacho, porquê tal nome?...Até parece que além do objectivo nobre da Beneficência e outros de ordem social, alberga outra intenção na sua designação. Será?... sou eu que tenho a mania de ver fantasmas?...não chegaria só o nome de Santa Casa da Misericórdia de Fátima ou da cidade de Fátima? Para quê englobar o nome de Ourém? Nada há no regulamento Eclesiástico, que se saiba, impedimento que proiba um Concelho de ter uma ou mais Santas Casas de Misericórdia. Por exemplo, bem perto de nós existe a Santa Casa da Misericórdia de Pernes, que pertence, como se sabe, ao Concelho de Santarém e, não é designada por Pernes-Santarém, para além de existir também, a Santa Casa da Misericórdia de Santarém.
Enfim, sou levado a dizer que o nome da Misericórdia de Fátima-Ourém, esconde rabo político, quais templários, que conceberam a designação.
Vamos dar " o seu a seu dono", contribuindo para a boa harmonia entre todos os munícipes do Concelho, atribuindo a designação correcta àquela obra..
Sabe-se lá, se a "velha" Misericórdia de Ourém, não poderá renascer das cinzas, parte envolvente do nosso Castelo.
Esperamos bem que sim!...

Imagem do Dia

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Via Sacra em Ourém. Fotografia de Paulo Vaz Henriques.

Formação Pedagógica Inicial de Formadores

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Com o objectivo geral de dotar os participantes de técnicas e métodos pedagógicos que lhes permita ministrar acções de formação de qualidade, vai dar inicio no dia 11 de Maio em Ourém a "Formação Pedagógica Inicial de Formadores" (110 horas)

Programa

1. O Formador e o Contexto em que se desenvolve a Formação (8 horas)
2. Autoscopia I (14 horas)
3. Teorias, Factores e Processos de Aprendizagem (8 horas)
4. Métodos e Técnicas Pedagógicas (12 horas)
5. Relação Pedagógica, Animação de grupos de formação e gestão de Percursos Diferenciados de Aprendizagem (8 horas)
6. Definição e Estruturação de Objectivos de Formação (12 horas)
7. Recursos Didácticos na Formação e as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (10 horas)
8. Planificação da Formação (10 horas)
9. Avaliação e Aprendizagem (8 horas)
10. Autoscopia II (16 horas)
11. Avaliação da Formação (4 horas)

Requisitos:

  • Licenciados ou Bacharéis
  • Técnicos Qualificados cuja experiência profissional lhes permita ministrar formação profissional
Valor do Curso: 350,00€

Para mais informações, consultar esta página. A ficha de inscrição está aqui.

Informação gentilmente enviada pelo Centro de Negócios.

A confirmação

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Ontem foi apresentado o anuário financeiro dos municípios portugueses referente a 2007. Entre 308 municípios, Ourém faz parte do top 20 dos municípios com menor liquidez (vide p. 114). A situação já não era famosa em 2006, ano em que Ourém já integrava o top 35 dos municípios na mesma situação. Compreendem-se, pois, as palavras seguintes de Vítor Frazão: “a resolução da situação financeira do município está no centro das minhas preocupações” (in Ourém e seu Concelho, n.º 885, 15.Março.2009, p. 7). Palavras que, no contexto actual, fazem recordar a atitude subjacente a uma modalidade de humanismo estranha, a do pirómano que é também bombeiro, alguém que surge disposto a resolver um problema depois de o ter provocado.

o ambientalista liberal, vii

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(continuação)

Quanto o dilema do prisioneiro é jogado por muitos jogadores o resultado é a chamada tragédia dos comuns. Imagine-se uma aldeia de pastores que partilham uma pastagem aberta a todos. Os direitos de propriedade sobre a pastagem são indefinidos. A pastagem não é de ninguém e é de todos ao mesmo tempo. Qualquer pastor pode lá colocar as suas ovelhas quando quiser e na quantidade que quiser. No entanto, a pastagem pode suportar um número limitado de ovelhas, digamos 100 ovelhas, de cada vez. Acima deste número, as ovelhas começam a prejudicar a renovação natural da pastagem.

Cada pastor tenderá a defender os seus interesses próprios e para isso analisará, consciente ou inconscientemente, não interessa, os seus custos e os seus benefícios. Por cada ovelha adicional que o pastor X coloca na pastagem:


  • o pastor X ganha Y unidades de utilidade;

  • a comunidade perde Y unidades de utilidade;

  • o pastor X, como membro da comunidade, perde uma fracção de Y unidades de utilidade. Para simplificar podemos supor que essa fracção é Y/N, em que N é o número de pastores.


Ou seja, enquanto as receitas de colocar uma ovelha na pastagem comum são do dono da ovelha, os custos são partilhados por toda a comunidade. Isto significa que cada pastor terá um incentivo para colocar todas as suas ovelhas na pastagem comum. O resultado é previsível e, se não forem tomadas medidas, inevitável: a destruição completa da pastagem. A esta destruição inevitável dos recursos naturais é a chamada "tragédia dos comuns" (Tragedy of the Commons - Commons = propriedade comunitária).

Têm sido propostas várias soluções para o problema da tragédia dos comuns:


  1. A solução moderna: a educação. As pessoas devem ser educadas a conterem os seus impulsos egoístas;

  2. A solução socialista: a gestão democrática dos comuns;

  3. A solução social: numa pequena comunidade em que todos se conhecem, os comuns podem ser geridos através da pressão social e com base em regras criadas espontaneamente pela comunidade;

  4. A solução liberal: privatização dos comuns.


joão miranda, in blasfémias, 09/02/2005
editado por pedro figueiredo

o ambientalista liberal, vi

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(continuação)

A relação entre direitos de propriedade e os problemas ambientais percebe-se melhor com a ajuda de dois conceitos da teoria dos jogos: o dilema do prisioneiro e a tragédia dos comuns.

O dilema do prisioneiro é um jogo entre dois prisioneiros, prisioneiro A e prisioneiro B, que são acusados de um crime. A polícia não dispõe de provas suficientes e por isso resolve propor a cada um dos prisioneiros um acordo nos termos seguintes:

  • se ambos confessarem (denunciando o parceiro), serão ambos condenados a uma pena intermédia (6 anos);
  • se um confessar (denunciando o parceiro) e o outro não, o que confessar é libertado, o que não confessar é condenado a uma pena pesada (10 anos);
  • se nenhum confessar serão ambos condenados a uma pena leve (6 meses).
A nega
(coopera)
A confessa
(não coopera)
B nega
(coopera)
6 meses para A e B10 anos para B, A é libertado
B confessa
(não coopera)
10 anos para A, B é libertado6 anos para ambos

Nenhum dos prisioneiros é previamente informado sobre a decisão do outro. Perante uma proposta destas qual é a opção mais racional do ponto de vista de um prisioneiro que pretenda minimizar o tempo que passa na prisão (este é que é o dilema do prisioneiro)? Note-se que se um prisioneiro opta por não denunciar o parceiro está a cooperar com ele esperando reciprocidade. Se opta por denunciar o parceiro está a traí-lo esperando uma redução de pena.

A resposta ao dilema depende da relação entre os prisioneiros. Se os prisioneiros mal se conhecem e se esta é uma interacção única entre os dois, então a opção mais racional é confessar. Qualquer que seja a decisão do outro parceiro, a decisão de confessar dá sempre uma pena menor. Por exemplo, se B negar, então A deve confessar para sair em liberdade em vez de apanhar 6 meses. Se B confessar, então A deve confessar para apanhar 6 anos em vez de 10. Como o mesmo raciocínio se aplica a B, a opção mais racional para cada prisioneiro é confessar. O prisioneiro que não confessar arrisca-se a ser enganado pelo parceiro e a ser condenado a 10 anos. Note-se que a soma dos tempos que ambos passam na cadeia é mínimo se ambos cooperarem, mas nenhum está interessado em confessar.

Se os prisioneiros se conhecem e se existir uma probabilidade elevada de esta situação se repetir no futuro então os prisioneiros podem estabelecer uma relação cooperativa porque ambos estão interessados em manter uma reputação de bom parceiro.

O dilema do prisioneiro é um modelo para todas as situações reais em que os incentivos para não cooperar são superiores aos incentivos para cooperar, excepto se se estabelecer uma relação de confiança entre os dois parceiros. É o caso dos recursos partilhados por dois parceiros. Por exemplo, dois marinheiros num barco com pouca comida. Neste caso, a sobrevivência de cada um depende do racionamento da comida. O racionamento é uma estratégia de cooperação. Comer às escondidas é uma violação da cooperação. Se ambos conseguirem comer às escondidas, os alimentos esgotam-se e morrem os dois. No entanto, se um deles se recusar a comer às econdidas e o outro não o fizer aquele que se recusa a comer às escondidas morre ainda mais depressa.

joão miranda, in blasfémias, 08/02/2005
editado por pedro figueiredo

Reforma/Autarquias...

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Um dos comentadores assíduos do castelo motivou este "post" que quero deixar à reflexão de todos os que por aqui passam. Afirmou ele, num dos seus muitos comentários, que uma determinada Junta de Freguesia não tinha razão de existir. Muito bem!

Calculando eu, que esta minha opinião poderá provocar alguma tempestade, pela irreverência - não devo vassalagem a ninguém - diria que as Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, são entidades que em pleno século XXI, não fazem falta às populações e sou pelas suas extinções. O espaço de gestão do bem comum das populações deve ser ocupado por um Órgão mais eficiente e com menos custos para o erário público.

Para isto acontecer, careceria de um debate profundo na sociedade, que teria como objectivo as seguintes questões:

1.- Torna-se necessário proceder à Regionalização do País.

2.- Agrupar os Concelhos, tipo "Comunidade Urbana" (chamem-lhe o que quiserem), tendo em vista não só as características socioculturais duma zona populacional com número superior a 125.000 habitantes, mas também o ordenamento do território face à Região onde se implantaria essa "Comunidade".

3.- Os Órgãos da Região seriam eleitos, existindo um órgão fiscalizador tipo Assembleia, e as ditas "Comunidades Urbanas" elegeriam os seus membros, nunca em número inferior a cinco nem superior a dez, dos quais um seria o coordenador ou presidente desta equipe executiva.

4.- A equipe coordenadora teria como objectivo traçar as políticas de desenvolvimento integrado para a população, racionalizando e operacionalizando recursos. Aos Técnicos cometeria levar a efeito o cumprimento das políticas traçadas e só a estes.

A ser feito, tal reduziria em muito o número de eleitos e seus assessores, logo com uma diminuição de vencimentos a serem pagos mensalmente. O dinheiro pago em tantos vencimentos contribuiriam e muito, para um melhor desenvolvimento integrado local e alívio da carga fiscal para os cidadãos. Muitos dos "boys" iriam tratar da "vidinha", porque é uma pena ver tantos jovens pelas câmaras sem nada fazerem, a atrofiarem profissionalmente, depois de um curso feito, pago pelos impostos dos contribuintes dos quais não resulta nenhum retorno útil à sociedade.

Sei que o que escrevi ao "currente calamo", é um atropelo às mentes que vivem tranquilamente, pensado que a nossa sociedade nesta área não carece de reformas, porém é o pensamento sincero de quem já fez o seu percurso de vida activa, que vive num mundo globalizado, em mudança contínua, com os cidadãos a esperar por novas respostas e por um espaço onde a vida tenha mais significado.

Talvez um dia, quem sabe, virá alguém mais novo colocar a razão do meu lado...

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Enviado pelos Caminheiros de Caxarias:

O Grupo de Caminheiros do Agrupamento de Escuteiros de Caxarias, encontra-se a desenvolver um projecto de Solidariedade e Voluntariado para com o povo da Guiné-Bissau chamado "SENTIR GUINÉ-BISSAU".

Este grupo irá estar presente de 6 a 19 de Setembro de 2009 na Guiné-Bissau a realizar um trabalho em parceria com duas instituições locais que desde à vários anos se encontram a prestar auxilio ao povo guineense. Trata-se do Hospital de Cumura e a Escola/Orfanato de Canhungo.

Para além da acção de Voluntariado que pretendem dar a este povo , irão também levar medicamentos, material escolar e informático, tendo vindo a realizar várias iniciativas de angariação de fundos para a aquisição destes bens.

Neste contexto irá realizar-se um Concerto de Solidariedade no dia 17 de Abril no Centro Pastoral Paulo VI em Fátima, que contará com vários artistas de renome no panorama musical português.

Do Cartaz de Artistas fazem parte Luís Represas, João Gil, Rão Kyao, Pedro Vaz, Humos, que irão associar-se a este projecto actuando gratuitamente neste espectáculo. As receitas deste espectáculo reverterão a favor da causa "Sentir Guiné-Bissau".


Para saber mais sobre este projecto consulte www.sentirguinebissau.net

o ambientalista liberal, v

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(continuação)

O que há de comum entre o caso das suiniculturas de Leiria e o caso do Mar Aral não é o lucro capitalista, mas a violação de direitos de propriedade. O que as pessoas criticam quando falam no lucro capitalista não é o lucro propriamente dito mas a ambição e o egoísmo humanos. A ambição e o egoísmo não são características de um determinado sistema económico mas da espécie humana. E não é por se mudar de sistema económico que se muda a natureza humana.

O comunismo na URSS não conseguiu abolir a natureza humana. Num sistema comunista a ambição e o egoísmo continuam lá, a diferença é que deixam de estar limitados pelos direitos de propriedade. Por detrás da destruição do Mar de Aral estão também a ambição e o egoísmo dos dirigentes do Partido Comunista, mas a tragédia do Mar de Aral só foi possível porque não existiam direitos de propriedade.

O que distingue o capitalismo dos outros sistemas económicos é o direito de propriedade. A ambição, o egoísmo e o lucro existem como em qualquer sistema, mas o direito de propriedade de terceiros tem que ser respeitado.

joão miranda, in blasfémias, 07/02/2005
editado por pedro figueiredo

Abril!...

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Ao abrir logo pela manhã a minha janela, observei o firmamento carregado de nuvens tristes e escuras e olhando para o chão, um estacionamento esventrado e poeirento que alberga carros, motos, camionetes e pessoas humanas. Então, a minha mente foi atirada para a leitura deste poema, do poeta Ary dos Santos: "a cidade" -

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

Isto também é comemorar Abril.

Carmen Zita Ferreira participará na II Antologia de Poetas Lusófonos, no próximo dia 5 de Abril, pelas 15h30, no Mosteiro da Batalha.

Carmen Zita Ferreira é natural de Ourém e nasceu no ano de 1974.
Estudou na Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, tendo concluído naquela instituição a Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas – Estudos Portugueses, a Pós-graduação no Ramo de Formação Educacional e a Pós-graduação em Cultura Portuguesa Contemporânea.

Publicou em 2004 o livro “Jogo de Espelhos” (Ed. Som da Tinta) e em 2006 “Do Mar Grande e d’outras Águas” (Ed. Gama), num projecto conjunto com mais quatro poetas portugueses. Viu publicado, também em 2006, um poema de sua autoria no livro “Foto&Legenda – O blog” (Ed. Som da Tinta).
Participou na I Antologia de Poetas Lusófonos (Ed. Folheto Edições e Design, 2007) e na Poiesis XVI - Antologia de poesia (Ed. Minerva, 2008).

Mais informações em http://folhetoedicoesdesign.blogspot.com/.

o ambientalista liberal, iv

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(continuação)

Todos os exemplos que têm sido apresentados nos comentários são exemplos de violação ou indefinição de direitos de propriedade. Três exemplos:

  1. Os transvases espanhóis são uma violação dos direitos de propriedade de quem vive a jusante do ponto de transvase;
  2. O problema do Mar Negro Morto deve-se à existência do Estado de Israel e o Estado de Israel é ele próprio uma gigantesca violação do direito de propriedade;
  3. O caso das suiniculturas de Leiria deve-se ao desrespeito pelos direitos de propriedade de quem tradicionalmente usa a água do rio Liz para beber.

joão miranda, in blasfémias, 07/02/2005

castelo de fátima

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o ambientalista liberal, iii

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(continuação)

O caso do Mar de Aral não demonstra, como é evidente, que só em ditaduras comunistas é que existem problemas ambientais. O que o caso do Mar de Aral demonstra é que não é por se abolir o lucro capitalista que os problemas ambientais desaparecem.

O caso do Mar de Aral é um caso em de desrespeito dos direitos de propriedade adquiridos ao longo de gerações por aqueles que tradicionalmente utilizam os recursos naturais. E o desrespeito dos direitos de propriedade é uma das principais causas dos problemas ambientais. A outra é a inexistência pura e simples de direitos de propriedade sobre recursos naturais valiosos.

O caso do Mar de Aral é apenas um caso extremo que só foi possível numa ditadura. Em Portugal tivemos, a uma escala menor, o caso de Vilarinho das Furnas, em que os direitos de propriedade dos habitantes de uma aldeia centenária foram ignorados a favor da construção de uma barragem.

(continua)

joão miranda, in blasfémias, 07/02/2005
editado por pedro figueiredo

Ourém mais periférica II

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O post da manhã, tinha efectivamente como objectivo a comemoração do "dia das mentiras" e, sobretudo criar em todos uma boa disposição, tantas vezes afastada de nós pelos problemas do dia a dia. Reconheço que o "escriba" devia tê-lo feito logo pela manhã.Enfim, é tão bom dormir!...

Acções de Formação

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Enviado pelo Núcleo Nersant de Ourém, Centro de Negócios de Ourém:

Foi enviado ainda este documento.

o jeito que isto vai dar por aqui

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A Quercus sobre o novo Regime Júrídico da Reserva Agrícola Nacional:


Depois da revisão da REN, Governo aprova legislação escandalosa que destrói bases essenciais do ordenamento do território

O novo diploma agiliza as exclusões à RAN e aumenta as excepções, passando os municípios a deter um papel central na sua delimitação e alteração. Passa a ser adoptado um sistema de aprovação por deferimento tácito no âmbito dos pareceres que cabem às entidades regionais da RAN e é admitido um maior números de utilizações para outros fins onde se destaca a construção de estabelecimentos industriais ou comerciais de actividades conexas à actividade agrícola, de estabelecimentos de turismo em espaço rural, turismo de habitação e turismo de natureza, complementares à actividade agrícola e campos de golfe, entre outros.


Artigo completo aqui.

Ourém mais periférica.

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Fontes bem colocadas perto do Gabinete de Projectos Século XXI, recentemente criado pela Câmara Municipal, adiantou que a cintura externa à cidade de Ourém, com inicio simultâneo com as obras do IC9, no nosso concelho, nascerá a oeste próximo do Escandarão, passará por Pinhel, Melroeira Sul, Regato, Carregal, e ligará a nordeste, ao cruzamento de Seiça. No Regato nascerá uma nova via de ligação rápida a Sto Amaro, onde vai ser construído um grande parque de estacionamento que abrangerá, não só as viaturas dos visitantes ao Castelo como servirá de Estação a um teleférico, já encomendado a John Smith e & Vieira, empresa com sede no Canadá. O teleférico ligará Sto Amaro à capela de N.ª Sr.ª da Conceição,obrigando assim os turistas a visitarem toda a zona histórica da cidade a pé.
Sabe-se ainda, que a CMO estabeleceu uma parceria com a Câmara de Leiria para a construção de um ramal ferroviário que ligará Caxarias ao TGV , na cidade de Leiria. Os estudos já realizados para esta obra estão muito avançados e prevê-se o inicio da expropriação dos terrenos necessários à implementação do ramal, no inicio de Setembro próximo.
Outra informação é que o Aeroporto de Fátima será construído no Bairro, nos terrenos das Pegadas dos Dinossauros, uma vez que a erosão dos ventos tem desgastado acentuadamente o monumento. Desaparecerão as pegadas, mas as mesmas serão perpetuadas através do nome de Aeroporto que se designará por Aeroporto das Pegadas dos Dinossauros, designação a constar em todos os roteiros Internacionais dos Aeroportos, logo uma memória mais abrangente e globalizada do monumento pré-histórico, de que o concelho de Ourém tanto se orgulha.

o ambientalista ilberal, ii

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(continuação)

Mas se assim é, se o capitalismo é assim tão mau para o ambiente por que é que os maiores problemas ambientais se encontram em países não capitalistas? Como explicar a água infestada de colera dos países do terceiro mundo ou a atmosfera irrespirável das cidades industriais do tempo da antiga União Soviética?

A destruição do Mar de Aral na antiga União Soviética deve ser um mistério para alguns ambientalistas. Na URSS o lucro tinha sido abolido e tudo era decidido pelo estado. Mesmo assim, entre 1960 e 1990 o Mar de Aral perdeu metade da sua área. Algumas aldeias de pescadores ficaram a quilómetros do mar. O que é que aconteceu se não havia lucro?

Na antiga URSS a economia era totalmente controlada pelo estado, o que implicava que toda a actividade económica estava sujeita às preferências dos planificadores dos ministérios e dos comissários políticos. As preferências do consumidor não se podiam manifestar, excepto por meios políticos através da hieraquia do partido comunista.

Ora, os burocratas do partido não podiam ter muitas prioridades. Eles não tinham nem a informação, nem os meios para atingir um número variado de objectivos. E por isso escolhiam apenas os objectivos que consideravam mais importantes. Neste caso, o que eles acharam mais importante foi produzir tanto algodão quanto possível e submeteram a este objectivo todos os outros. Para isso, precisaram de desviar os principais rios que alimentavam o mar de Aral para irrigarem os campos de algodão do sul desértico da antiga URSS.

O algodão era considerado pelos planificadores como uma espécie de ouro branco. Era portanto aquilo a que hoje chamamos um desígnio nacional. Os estatistas adoram desígnios nacionais porque eles viabilizam o planeamento. Cá também temos o nosso petróleo verde. É por causa dessa ideia do petróleo verde que Portugal está cheio de eucaliptos. E é por causa dessa ideia que Portugal tem uma floresta sobredimensionada que arde todos os anos.

A destruição do Mar de Aral só foi possível precisamente porque a URSS era tudo menos um país capitalista. A origem de todo o problema está na sobrevalorização do algodão em relação a outros bens que os consumidores normalmente valorizam como o peixe, a água, e o ambiente. Numa economia de mercado, nenhuma empresa se lembraria de produzir algodão no deserto pelo simples facto de o projecto não ser rentável. Numa economia de mercado, as empresas investiriam na indústria da pesca e no turismo do mar de Aral e nunca se lembrariam sequer de reunir investimentos para desviar dois rios.

O sistema político da antiga URSS também foi importante para a destruição do Mar de Aral. Numa democracia liberal, o governo nunca conseguiria desviar dois rios para irrigar campos de algodão por duas razões fundamentais:

1. Tal desvio violaria os direitos de propriedade de todos os que viviam à volta do Mar de Aral.

2. A decisão não resisitiria ao escrutínio da imprensa e dos eleitores.

joão miranda, in blasfémias, 07/02/2005
editado por pedro figueiredo

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