Realizou-se na passada sexta-feira mais uma sessão da assembleia municipal. Em que, às tantas, o grupo do psd apresentou uma moção, pela dignificação dos professores, contra as malfeitorias do governo, nomeadamente da sua secção da avenida cinco de outubro. A moção, com tamanho equivalente ao de um frasco de xarope para a tosse, foi aprovada e será publicada na imprensa local. Este pormenor, o da publicação, é bizarro.
Começo por notar que, enquanto expediente político, tal moção tem eficácia política nenhuma. Porque nada acrescenta à discussão travada no plano nacional entre o governo e os representantes sindicais do professorado e as oposições. Na prática, tal moção é uma espécie de réplica paroquial de uma parte de um jogo que transcende a escala local. Mas não é isto que constitui a bizarria do caso. Isto constitui apenas a sua pequenez.
A característica bizarra do caso deve-se ao facto de, pouco antes da moção ter sido apresentada nos termos em que foi - para, ao ser aprovada, ser também publicada na imprensa local -, Deolinda Simões ter pedido aos membros da assembleia municipal que dispensassem a sua morada, de modo a que a insignare pudesse remeter-lhes directamente correio, permitindo assim poupar uns cobres ao município. Ou seja, a presidente da mesa da assembleia municipal revelou preocupação com o custo que o orçamento municipal teria que suportar com umas quantas fotocópias para assegurar informação aos deputados municipais e, quase no mesmo instante, poucos minutos depois, como se Deolinda Simões nada tivesse dito, alguém do grupo municipal do psd propôs uma moção e a sua publicação na imprensa local, algo que constitui uma despesa acrescida e extraordinária (para além de desnecessária). Não percebi bem, mas deve ser a isto que se chama poupança.
No entanto a bizarria não cessa aqui. É que foi aprovada pela assembleia municipal uma moção (sobre uma matéria que nada tem a ver com atribuições municipais) e a sua publicação na imprensa local quando as ordens de trabalho das sessões desse mesmo órgão são publicadas na mesma imprensa local com irregularidade, umas vezes sim, outras vezes não, vá lá saber-se porquê (*). E mais ainda. É que há matérias muito mais relevantes (e úteis) tanto em termos institucionais quanto em termos simbólicos - como, por exemplo, os votos de pesar pelo falecimento de oureenses a que o município decidiu prestar reconhecimento - que não são objecto de publicação na imprensa local.
Enfim. Deu na veneta à malta do psd/ourém participar num jogo que só muito remotamente diz respeito aos órgãos municipais. Diz-lhes respeito na justa medida em que qualquer coisa – como a cotação do barril Brent (porque aqui também há postos de combustível), a amplitude térmica diária na Patagónia (porque Ourém também é no mundo) ou as receitas de lampreia (porque há uma espécie qualquer especial de corrida na ribeira de Seiça) – lhes diz respeito. Mas à malta do psd/Ourém não lhe bastou participar no jogo numa sessão da assembleia municipal. Não, isso era pouco. Vai daí entendeu que a arenga aí apresentada e aprovada devia transpirar com fartura e publicidade não vista antes, na imprensa local, porque o assunto versado é um assunto ó lá lá. Para além disto, ser bem vista e melhor achada, a publicação na imprensa local não faz mal. Até porque é a tesouraria do município que há-de pagar a publicação referida. Aliás, Deolinda Simões não pareceu incomodar-se com o assunto. E com toda a razão. As fotocópias para distribuir aos deputados municipais é que são caras. Isso e a coerência.
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(*) O município tem uma página electrónica, mas, por algum motivo, parece que não serve para disponibilizar as ordens de trabalho tanto das sessões da assembleia municipal quanto das sessões abertas ao público da câmara municipal. Fazê-lo, para além de ser uma empreitada hercúlea, deve provocar um rombo do caraças na tesouraria do município.
"Há matérias muito mais relevantes (e úteis) tanto em termos institucionais quanto em termos simbólicos - como, por exemplo, os votos de pesar pelo falecimento de oureenses a que o município decidiu prestar reconhecimento - que não são objecto de publicação na imprensa local."
Há que haver respeito pela memória dos mortos, sem dúvida, no entanto podiam ter "engendrado" outro exemplo, não?!
Acusam de pequenez e depois dizem isto...
Por favor!
Esperava mais do Dr Sergioi Faria esta semana...alias demorou muito a aparecer a critica á assmebleia.lembro que ha alturas em que duas horas depois e temos o castelo inundado de noticias.Realmente q assembleia municipal correu com outro ar,com outra fluencia e nao houve motivos para grandes reparos,daí este tempo todo ate encontrar motivo para esta tal critica.mas o sf sabe bem que as coisas correram bem...anormalmente bem...sem mais,...
no comentário das 2.56 pm foi afirmado incómodo em relação a um exemplo que usei num exercício de comparação em que tentei demonstrar a atitude desproporcionada e a duplicidade do psd/ourém num caso que testemunhei. como julguei tal exemplo adequado, usei-o. não tenho que pedir licença ou alvará para o fazer. e a sensibilidade ou o melindre dos outros não me comove. acresce ainda que usei tal exemplo com o propósito de demonstrar como matérias com relevância municipal muito superior à versada na moção do psd referida não são objecto de publicação na imprensa local.
no comentário das 5.43 pm é afirmado que o post a que este comentário está anexo «demorou muito a aparecer» e que precisei de «este tempo todo até encontrar motivo». de facto, por motivos diversos - entre os quais necessitar de disponibilidade para escrever aqui, n'o castelo -, não tive oportunidade de publicar o post antes - assim como não tive disponibilidade para escrever outros. mas se o post não foi publicado antes não foi por falta de motivo. é que o motivo já existia desde o momento em que assisti às apresentação, discussão e votação da moção referida na sessão da assembleia municipal. daí que seja estúpido alguém pretender que tal demora se deveu ao facto de eu ter tido necessidade de andar à cata de motivo. como se eu não tivesse mais que fazer.
quanto ao que interessa, afirmei e reafirmo: no caso, o psd/ourém revelou contradição em vários planos. o mais evidente é o seguinte: o psd/ourém decidiu dar destaque político e mediático a um assunto que nada tem a ver com as atribuições municipais, decisão que constrasta com o tratamento e a publicidade que mereceram outros assuntos com relevância comunitária muito maior no âmbito de outras sessões da assembleia municipal.
Sr. SF, sensibilidade ou melindre sentem-se quando se fala de algo importante. Não é o caso neste seu post.
Tudo, o título, o texto, e até os exemplos são de uma pequenez aviltante... Mais parece o enredo de uma TELENOVELA MEXICANA.
P.S. Os títulos dos seus posts são realmente inspiradores!
essa da «pequenez aviltante» aplicada a algo que não tem importância é muito generosa e tem uma monumentalidade honorífica que me parece um bocadinho contraditória. mas está bem. continuo sem me comover.
Para os vários leitores/comentadores, anónimos ou não, que passam aqui a vida a lamuriar-se e a atacar "ad nominem" quem aqui escreve sem contra-argumentar em factos e de maneira civilizada (não significa lamber-botas a quem quer que seja), têm sempre uma opção: vão à concorrência. Não há? Há pois...
Sr. SF foi com agrado que li o seu comentário das 5:26 AM onde admite que o seu post não tem importância.
É preciso ter coragem para engolir o orgulho próprio! Muitos parabéns sr. SF.
P.S. I won't feed you anymore regarding this post.
Em bom latim, não é "ad nominem", é "ad hominem"... "Nomen" é um substantivo de género neutro, não faz acusativo em "-em". "nominem" não existe em latim. :-) LOL
O anterior é apenas uma brincadeira (embora seja verdade).
Quanto à moção-que-tenta-passar-a-mão-no-pêlo aos professores, vale isso mesmo. Acho que nenhum professor se impressiona com tamanha compaixão, mas é capaz de haver gente que acha que sim. A mim só me parece uma espécie de tentativa de capitalização com a desgraça alheia, que só pega com os lorpas. Por isso é que tem de ser lançada na imprensa local. Só estranho não ser um pouco mais próximo das eleições. Mas se a mentalidade não dá para mais, o que havemos de fazer-lhes?
ao contrário do que é afirmado no comentário de ontem das 12.51 pm, eu não admiti que o post que escrevi não tem importância. aliás escrevi-o justamente por julgar o caso reportado relevante e sintoma do modo como decorrem as sessões da assembleia municipal. o que me mereceu reparo no comentário que fiz antes, às 5.26 am, foi o facto de, às 4.46 am, haver quem classifique como «pequenez aviltante» o mesmo que considera sem importância. é que parece-me haver uma contradiçãozita no exercício. só isso. quanto ao agrado suscitado pelo reparo que fiz, continuo sem me comover.
Gostaria tb de entender da oportunidade desta moçao:
-solidariedade da CMO e da AM na pessoa da sua presd. para com os profs, com direito a publicaçao? mesmo com restriçoes orçamentais para as necessidades basicas da CMO/AM?
-porquê só agora? sai uma providencia cautelar no ambito d avaliaçao docente, e aí surgem os resquicios de sindicalista? è que assim joga-se pelo seguro!
também é evidente que dada a ineficacia pratica e juridica da moçao, se deu inicio oficial à época de caça!ao voto, claro!!!
Debatam e resolvam o necessario para uma boa qualidade de vida dos municipes!
Ah! e já agora srª presid. da AM, aconselhe a CMO a ter tb contençao no corte de estacionamentos nao pagos, a agir com moderaçao e a NAO EXPLORAR ainda mais os eleitores!
isso sim, talvez fosse campanha coerente!