Semblable à toi même

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A câmara municipal de Ourém não é do psd. Mas há quem julgue que sim. Os sinais da mania não são de hoje.
A câmara municipal de Ourém é um órgão colegial e plural, composto por sete elementos, quatro eleitos em lista do psd - um dos quais é o presidente -, três eleitos em lista do ps. O psd tem a maioria na câmara municipal, obviamente. Mas isto não significa que tal órgão possa ser politicamente sequestrado pela maioria ou reservado a ela, seja em que circunstância for.
Ora sucedeu que, enquanto presidente da câmara municipal, Vítor Frazão «convocou a imprensa e representantes de instituições concelhias, (...) para fazer a apresentação do novo elenco da maioria psd na câmara municipal» (vide Notícias de Ourém, n.º 3711, 6.Fevereiro.2009, pp. 8-9). Essa apresentação aconteceu no dia 30 último, no centro de negócios de Ourém. Couberam na mesa de quem foi apresentado, para além dos quatro elementos eleitos pelo psd - cuja novidade, para além da mudança do presidente, era a entrada de Luís Albuquerque para vereador -, a presidente da assembleia municipal (eleita também pelo psd, mas que nada tem a ver com o órgão câmara municipal) e até - veja-se lá - a chefe de gabinete do presidente da câmara municipal (nomeada e militante sabida do psd e que também nada tem a ver com o órgão câmara municipal). Os três vereadores eleitos - friso: eleitos - pelo ps e, portanto, membros efectivos e de direito pleno da câmara municipal não couberam na mesa. Porquê?
Se a iniciativa era partidária - para «apresentação do novo elenco do psd no executivo municipal», como é referido na notícia -, Vítor Frazão deveria ter feito a convocatória e deveria ter-se apresentado enquanto presidente da comissão política da secção de Ourém do psd e não enquanto presidente da câmara municipal de ourém. É que, enquanto presidente da câmara municipal, ele é presidente da câmara municipal e não cabecilha de uma facção desse órgão. Aliás, se, por actos seus, não concorda com o que manifesta, Vítor Frazão poderia ter evitado ter escrito um comunicado, em tom gongórico e com empáfia suficiente para dar e vender à quinta-feira no mercado, a declarar «responsabilidade, respeito e humanismo», a sua disposição para «maior rigor e abnegação» e para criar «espaços de diálogo» e afirmar que «afinal 'somos todos oureenses'». Poderia ter evitado também exortar ao «espírito de unidade» numa sessão da câmara municipal em que os vereadores socialistas estavam presentes, se não é praticante desse «espírito de unidade» ou é só de vez em quando. E, já agora, poderia ter evitado também ter subscrito há pouco tempo um comunicado escrito vergonhosamente, como fez, a interpelar os socialistas locais sobre «promiscuidade partidária ou institucional».

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A verdade é que essa distinção entre Estado e Partido passa ao lado de grande parte do eleitorado, que acha que vai dar tudo ao mesmo. Essa coisa do protocolo é demasiado erudita e complexa para inquietar as mentes. Eu diria que isso escapa até mesmo aos próprios que ocupam os cargos, que muitas vezes não fazem as coisas por maldade senão por elementar ignorância.

Semblable à Personne!!!
Muito gosta este sr de "convocar"! Na qualidade de presidente da concelhia do psd, convocou o ex-presidente da CMO, agora tb na mesma qualidade "convoca" a imprensa local.
Lá que se convide, ainda é como o outro! Agora convocar? tem que se ser superior hierárquico para deter esse poder.
Ou as suas competências ainda não estão bem compartimentadas na sua cabeça, ou ninguém percebe patavina do que se passa neste burgo!
E que raio de relações protocolares são essas com os restantes eleitos? Xenofobia?
Lá diz o Povo "Presunção e...."

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