Falta de acordo sobre preços dos terrenos inviabilizam qualificação das zonas adjacentes ao santuário.
O presidente da Câmara de Ourém, David Catarino, admite que o plano de pormenor de urbanização de Fátima pode não avançar por causa de uma acção intentada no Tribunal Administrativo de Leiria. Em declarações ao PÚBLICO, Catarino diz que a acção não tem efeito suspensivo sobre a obra, mas que "começa a ganhar forma" o cenário de não avançar com a requalificação prevista para a zona envolvente do santuário.
"Nada está ainda decidido", diz o presidente da câmara, que se queixa dos donos dos terrenos onde o plano de pormenor contempla grandes intervenções. Tendo em conta a complexidade do cadastro dos terrenos, "os municípios não têm dinheiro para as expropriações e por isso é necessário ir pela via do acordo". Mas isso não se tem conseguido e o autarca diz estar cansado. A câmara já "não está para aturar" os proprietários em causa, desabafa.
O presidente da Câmara de Ourém, de cujo concelho Fátima faz parte, diz que, com o quadro existente, o plano de pormenor também não poderá avançar. Mas alguns projectos que diversos proprietários querem ver aprovados também "não serão edificados", acrescenta.
Uma das obras emblemáticas desse plano é o túnel rodoviário que passaria junto da nova Igreja da Santíssima Trindade, e que tinha sido previsto para estar pronto há um ano. A passagem inferior permitiria criar uma ampla praça pedonal, retirando o trânsito da zona central e mais movimentada junto do santuário.
À agência noticiosa Lusa, o autarca disse que a própria construção do túnel estaria em causa. Ontem, ao PÚBLICO, afirmou que o túnel será construído e que a Avenida D. José Alves Correia da Silva - a principal via da cidade - será requalificada com passeios e colocação de iluminação, mesmo que o plano de pormenor não possa avançar. Também à Lusa, o reitor do santuário, padre Virgílio Antunes, afirmou que o túnel é "fundamental para a requalificação prevista" para a zona e para a "segurança dos peregrinos". O plano de pormenor prevê várias zonas verdes e equipamentos colectivos e culturais, entre os quais uma biblioteca e um centro inter-religioso.
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* o título deste post e o texto acima transcrito corresponde a uma notícia da edição de hoje do Público (n.º 6771, 14.Outubro.2008, p. 13).
