Casos de uma barraca amarelo Simpson, intermezzo

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Alguém recorda o elenco de motivos debitados por David Catarino para justificar a criação da Verourém? Pouco interessa. O tempo demonstrou que o que foi dito então cumpriu sobretudo a função de friso verbal para a circunstância. Desde esse momento até hoje, o objecto da Verourém foi alargado muito para além do que foi programado ou estimado na origem, nunca tendo chegado a demonstrar-se a utilidade pública da empresa municipal referida ou sequer os ganhos de eficácia e de eficiência que a sua acção trouxe às missões municipais. Na prática, a Verourém existe porque existe e para existir. Aliás, a denominação «Verourém - Empresa Municipal de Comunicação» é um embuste não menor do que o nome da estação ferroviária de Vale dos Ovos, «estação de Fátima», que tanta eriça David Catarino. Que raio de empresa municipal de comunicação, hoje, não tem uma página electrónica? Quanto mais não seja para informar sobre o que acontece nos equipamentos sob sua gestão, como o cine-teatro municipal, por exemplo, ou para anunciar o preçário de utilização das piscinas municipais - que, suspeita-se, é o grande orgulho dos gestores do psd cá da paróquia. No mínimo, era suposto que, enquanto empresa municipal de comunicação, a Verourém fosse responsável pela página electrónica do município e das restantes empresas municipais. Mas quanto a isso nicles. A propósito, refira-se que é rara a informação municipal relevante veiculada pelo título Ourém em Revista, propriedade e sob responsabilidade da Verourém. A omissão em relação às deliberações mais importantes tanto da assembleia municipal quanto da câmara municipal é fenómeno mais do que recorrente. Ainda assim, contrário a este panorama, digno de registo, foi a inclusão na edição de Maio de 2007 da publicação Ourém em Revista, como anexo, de uma separata com a prestação de contas das empresas municipais, referente ao exercício de 2006. Ora vale a pena lançar um olhar sobre a demonstração de resultados da Verourém para verificar se se justifica o alarme e a preocupação manifestada por David Catarino. Antes de se avançar, no entanto, convém notar que o semanário O Mirante (n.º 793, 18.Outubro.2007, p. 7) noticiava como exemplo das causas da situação insustentável do município e das empresas municipais um conjunto de dívidas à Verourém que se cifrava na ordem dos 15.000 €. 15.000€, portanto, é o valor que se deve reter na memória. Adiante. Em 2006, a Verourém apresentou 766.000 €, números redondos, de proveitos e ganhos por conta de serviços prestados. Isto junto com outros proveitos, suplementares, extraordinários e subsídios de exploração, deu aproximadamente 956.000 €. Ou seja, o que apoquenta o melindre de gestor de David Catarino é uma dívida que representa menos de 2% do valor total dos serviços prestados pela Verourém em 2006 e menos de 1,6% do valor total de proveitos e ganhos da Verourém nesse mesmo ano. Há aqui qualquer coisa que não bate certo com a conversa de David Catarino. Mas há mais elementos que não parecem muito abonatórios para ele. É que, note-se, mantendo como referência o exercício de 2006, o valor da dívida referido na notícia (15.000 €) representa menos de metade do resultado líquido do exercício da Verourém (36.570 €). Ou seja, considerando o exercício de 2006 como parâmetro, mesmo com tal dívida a si, em 2007 a Verourém não só terá conseguido cobrir os seus custos de funcionamento - coisa que tanto preocupava David Catarino -, como ainda terá apresentado um resultado positivo, com uma folga mais de 20.000 € superior ao valor do que lhe era devido. Convenhamos, perspectivado nestes termos, o caso não mete um gato escondido com rabo de fora. Mete um elefante a dar às asas à frente de todos. Mais palavras para quê? O elefante é azul mas não se chama Dumbo. O Dumbo dá às orelhas e não tem asas. Ou será que o exercício de 2007 da Verourém foi um descalabro? Para saber, temos que esperar pela demonstração de resultados respectiva e consequente divulgação pública. Já falta pouco. Mas, por ora, os números não parecem calçar o discurso de David Catarino. Por que é que não surpreende?
(Amanhã estará disponível o fascículo quinto sobre o caso, com o capítulo iii.)

2 Comentários

Se os Coen lessem este argumento em vez de Anton Chigurn teríamos David Catarino. Só lhe falta o corte de cabelo.

"Call it...é a tua vida que está em jogo"

Realmente, este país não é para velhos...nem para novos.

Em quanto é que fica cada edição da revista da Loja do Serrano, Filhos & Associados?
E quem é que a faz?
E quem é que a imprime?
E quem é que a paga?
E se fossem bardamerda?

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