Porque na prática a teoria é outra

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Comentário do Pedro Lopes ao artigo "a surpresa":

Ora viva! Sempre defendi e defendo que os principais responsáveis dos destinos do país (ao nível do Estado) sejam eles politicos, gestores publicos ou autarcas deveriam ser bem remunerados. Como diria o meu antigo Director de Recursos Humanos: "Quem oferece amendoins só apanha macacos!". Portanto, não fico chocado se um determinado cargo público for bem remunerado sendo que o mesmo deverá ser exercido por alguém cuja competência seja reconhecida e cujo desempenho seja naturalmente avaliado. Mas esta minha idéia choca com duas questões que se instalaram em Portugal e que limitam o seu progresso: 1-Muitos dos nossos melhores profissionais não são políticos, pelo que os aparelhos partidários tratam de os hostilizar. Muitos cargos públicos são ocupados pelos compromissos que são assumidos no seio do partido (seja ele qual for). 2-O nosso país, sendo fértil no sentimento de inveja, não aceita que um bom profissional no sector público tenha que ser bem remunerado (senão opta pelo sector privado). Esta é a incongruência do nosso Portugal: Por um lado, o nível de competências da classe política é ridicula mas tomou conta do país, por outro lado, um bom profissional que entre no sector público arrisca-se a ser constituido arguido ou a ver a sua vida devassada por questões que muitas vezes são absolutamente ridiculas. Neste contexto,a ocupação do poder, para muitos, é de curto prazo, pelo que não há nada melhor do que criar mecanismos para aproveitar o melhor possível enquanto se está no topo. E daí que não seja surpresa a noticia que o Pedro Figueiredo apresenta no post. Muitas empresas municipais são apenas um instrumento de financiamento encapotado para as autarquias e de rentabilidade pessoal para alguns sujeitos que naturalmente saem sempre impunes destes assaltos. Por outro lado, veja-se o caso da Epul. Um administrador que gere com eficiência várias centenas de milhões de euros, que teve o seu ordenado congelado por 5 anos e leva um prémio de gestão de 7.500,00 Euros é um criminoso? Este estado da nação é da responsabilidade de todos e já vem assim desde há muitos anos. Já dizia o Eça nas suas farpas em 1871:"O país perdeu a inteligência e a consciência moral.Os costumes estão dissolvidos,as consciências em debandada,os carácteres corrompidos.A práctica da vida tem por única direcção a conveniência.Não há príncipio que não seja desmentido.Não há instituição que não seja escarnecida.Ninguém se respeita.Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos." Abraços,

Pedro Lopes
P.S.-Tem que ser a sociedade civil a dar a volta a isto. Já pensei em começar mas rapidamente me falta a vontade.

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"As Farpas", com a curosidade de serem escritas por Ramalho Ortigão e Eça de Queirós, é uma obra de leitura actual, a não perder. São as vicissitudes repetidas, em menos de dois séculos pela classe dirigente, ao longo da nossa história recente.

so' pela classe dirigente? so' 2 se'culos?

Se não me engano foi Gaius Julius Caesar (100-44 AC)que disse: "Há nos confins da Ibéria um povo que não se governa nem se deixa governar".
Realmente já lá vão mais de dois séculos.
Abraço,
Pedro Lopes

Na lápide de um cemitério em Portugal é possível ler:
"O Homem mais poderoso de Portugal -
Do Seculo XX, e modesto sem igual -
Nasceu humilde e humilde cresceu -
Viveu humilde e humilde morreu
...
Medíocre é o povo que com ele nada aprendeu
...
Havemos de chorar os mortos se os vivos o não merecerem".

Esta é a homenagem escrita na lápide desse que foi escolhido como o Grande Português - António de Oliveira Salazar.

A inexistência de uma sociedade civil activa e o forte peso do Estado na sociedade e na economia são heranças que ainda vêm do Salazarismo.

Entristece-me sentir que a minha geração não tem forças para mudar este estado de coisas.

Abraços,

Pedro Lopes

Calma Pedro!
Não é tanto assim. É certo que assusta um pouco ver o Salazar a ganhar o concurso. É certo que assusta perceber a ignorância em que tanta gente vive feliz, preocupada apenas com o telemóvel, a cor dos novos sapatos e saber se o Benfica ganhou.

Mas sempre haverá gente preocupada com o que *realmente* se passa há sua volta e os outros, aqueles por quem a vida passa, sem se preocuparem se estão a viver a vida que querem ou a que os outros programam para eles.

Eu paro pouco por Ourém. Gostava de viver mais a cidade, o concelho, mas realmente já percebi que a minha vida n vai passar por aí tão depressa. Contudo, sigo com interesse a Aurem, por exemplo.

Nem tudo está perdido, muito menos a esperança!

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