São vários os factores que permitem explicar a apatia política de muitos oureenses, a que foi feita alusão aqui. Destaco dois, os que me parecem mais salientes no caso, sem penhor de, se e quando oportuno, detalhar o argumento. Por um lado, subsiste uma cultura política de baixa intensidade, com marcas evidentes de desafeição em relação à política, matizada pelo desinteresse e por nenhum ou escasso envolvimento com as questões públicas locais. Por outro lado - e em conjugação -, verifica-se o persistente investimento dos órgãos autárquicos na despolitização da generalidade dos processos de decisão com impacto colectivo. Pelo que, se se verifica a demissão cívica de muitos oureenses, traduzida na abstenção relativamente a um leque variado de formas de participação política possíveis, também há a assinalar o sequestro dos processos de decisão pelos órgãos representativos locais, traduzido no estreitamento ou quase fechamento do espaço público e na opacidade das instituições políticas. Aliás, não por acaso foi e é assumido e entendido por tantos que recentemente escassas cinco centenas de militantes da secção local do PSD decidiram quem será o futuro presidente da Câmara Municipal de Ourém. O que significa que, apesar de tudo, muitos oureenses sabem com quem o que podem contar. Com o destino que democraticamente lhes vai caindo sobre a cabeça.
Ou por outras palavras, em jeito curto e grosso, Ourém é governada por uma grande máfia e a população já sabe a quem deve pedir favores. Tenho dito.