David, o poupador de vontade recente

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David Catarino merece uma estátua, se ela for de borla. Explico porquê. Ontem aconteceu mais uma sessão da Assembleia Municipal. Às tantas, lá para o fim da sessão, estava o órgão a tentar definir a constituição de acompanhamento de uma comissão com vista ao acompanhamento da realização e da prossecução de um plano municipal que visa a igualdade entre os sexos, David Catarino, sem ninguém lhe ter perguntado o que quer que seja, entendeu meter o bedelho e interpelar a Assembleia Municipal mais ou menos nestes termos: «vocelências já viram quanto vai custar em senhas de presença essa comissão?». Desconheço os critérios que, antes, levaram a bancada do PSD a sugerir que a referida comissão fosse constituída por sete elementos. Sete elementos. Três do PSD, dois do PS, um do CDS/PP e um da CDU. Estava no pleno da sua competência fazê-lo. E a intervenção de David Catarino constituiu uma ingerência objectiva numa matéria que não lhe dizia o mínimo respeito. Para além disso, o reparo de David Catarino é patético. E enternece as almas sobretudo por dois motivos. Por um lado, porque parece não ter assomado ao juízo de David Catarino que os membros da referida comissão viessem voluntariamente a prescindir das senhas de presença a que têm direito - como fizeram, pelo menos alguns. Compreende-se esta dificuldade de David Catarino. É que não consta que ele tenha recusado e manifestado pejo em acumular os vencimentos vários que auferiu num passado recente - tendo até feito questão de fazer notar que entendia tal acumulação devida e justa, porque, enquanto presidente da Câmara Municipal e presidente do conselho de administração das empresas municipais, acumulava responsabilidades em várias sedes, ainda que em sedes que ele mesmo havia inventado e proposto. Por outro lado, a intervenção de David Catarino também comove porque o valor a despender com as eventuais sete senhas de presença, para além de ser no âmbito de uma missão de acompanhamento e controlo da acção do executivo municipal, seria de montante módico e, por exemplo, significativamente inferior ao custo do parecer jurídico que sentiu necessidade de encomendar para saber se, conforme inequivocamente inscrito no regime jurídico das autarquias locais, tinha mesmo que providenciar um gabinete aos vereadores da oposição.

2 Comentários

Grande sf!
Conto contigo para continuares a denunciar estas aberrações. Saudações do Vitório.
Abraços,
Pedro Lopes

Isto é que tb havia de vir chapado nos jornais locais em forma de notícia e não de artigo de opinião... tenho a certeza que depois de 3 ou 4 manchetes o sr. dr. presidente mudaria de forma de agir. Isto se ele for realmente uma pessoas de bom-senso...

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