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fotografia © Nuno Abreu
Entre o final da tarde e o princípio da noite de ontem – com o termómetro a marcar sete ou menos graus centígrados ao relento, nos arredores do pavilhão do Pinheiro –, em jogo a contar para a 13.ª jornada da primeira fase do campeonato nacional de hóquei em patins, a J Ouriense foi derrotada no seu reduto pelo SL Benfica. Marcou um golo, sofreu dois. Pelo que, porca miséria e má safra, os do sêlêbê arrecadaram os três pontos em disputa.

Vamos ao elenco dos factos.

O alinhamento inicial das equipas foi o que adiante se apresenta.
Pelas insígnias da J Ouriense, o mister Luís Cunha escalou o Pedro Santiago (21) – para estar agachado diante da baliza e com um capacete a cobrir a cabeça -, mais os três mosqueteiros, que são quatro, Nuno Domingues (2 e Manel na camisola), Luís Brandão (3), Gonçalo Favinha (7) e Jorge Godinho (9), todos levantado e armados com aléu na mão. Ad initio, abancados pelos da casa estavam o Bruno Aires (82) – guarda-redes –, o Hélder Ferreira (4) – capitão da equipa –, o Luís Peralta (5), o João Capitolino (6) e o Cristiano Calado (8). Os jogadores da J Ouriense envergavam um equipamento quase supremo. Camisola listada, ao alto, a branco e azul, mas azul outro, celeste, cueca.
Quanto à equipa do SL Benfica, Carlos Dantas, o treinador dos encarnados, ordenou inicialmente para o ringue Carlos Silva (1), o vigilante da baliza, Valter Neves (2), Mariano Velasquez (3) – capitão da turma –, Carlitos (6) e Tó Silva (8). Durante o jogo, foram ainda utilizados Vitor Hugo (4), Ricardo Barreiros (7) e Pedro Afonso (9). Trajavam, como costume, o encanado e pluribus unum.
Sem patins, com camisola preta, apito e cartões foram os dois juízes da contenda, João Paulo Romão, a contar por Lisboa, e Joaquim Carpelho, a contar por Setúbal.
***
O jogo começou com Mariano Velasquez a tocar a bola para Valter Neves. Aos trinta e cinco segundos Carlitos rematou, o guarda-redes da J Ouriense defendeu. E ainda não tinha dado para aquecer, havia menos de um minuto de jogo – mais precisamente havia cinquenta e três segundos de tempo útil corrido -, já o número 7 da J Ouriense, o Favinha, era admoestado com um cartão amarelo, por falta sobre Valter Neves, com direito a marcação de golpe livre directo. Mau começo, porque um golpe livre directo é uma espécie de código postal, meio caminho andado, para a baliza adversária. Tó Silva marcou o livre directo, tam tâ, tocou a bola para diante, tam tâ tam tâ tam tâ, em direcção às redes à guarda da J Ouriense, tam tâ tam tâ tam tâ tam tâ tam tâ tam tâ, rematou e, safa, uipi uipi lá lá lá!, o Santiago defendeu categoricamente. Primeira grande salva de palmas. À entrada do segundo minuto de jogo, portanto, mantinha-se o resultado da origem, 0-0.
A J Ouriense reagiu. Antes do fim do segundo minuto de jogo, o Manel passou a bola ao Favinha, que, com o esférico na órbita do seu stick, passou por trás da baliza, entrou pela direita e saiu pela esquerda, para depois rodar sobre si e rematar à meia volta. Depois desta ameaça, acentuou-se a marcação individual a Favinha por Valter Neves, condicionando significativamente a dinâmica ofensiva da equipa da casa.
O jogo prosseguiu num ritmo mais allegro do que vivace. Os homens do SL Benfica faziam circular a bola, em jogo oscilando entre o círculo largo e o círculo apertado – tendo um e outro por centro a baliza guardada por Santiago –, e o seu domínio advinha daí. Tinham dificuldade em penetrar no reduto defensivo da J Ouriense e, mesmo quando conseguiam acercar-se da baliza, o Santiago resistia e chegava para as encomendas.
A equipa da J Ouriense, essa, tendia a jogar de modo mais directo, em contra-ataque, tentando destacar ou o Favinha, apertado e com pouco espaço de manobra, ou o Manel. Também se verificaram algumas combinações entre eles, mas, sobretudo pela marcação cerrada ao Favinha, não era fácil aproveitar esse tipo de jogadas de envolvimento. Para além disso, a equipa do SL Benfica, quando em manobra defensiva, era rápida e eficaz no fechamento das linhas de passe e de remate. O Favinha tentou – na aproximação aos sexto e nono minutos de jogo –, o Manel tentou também – nomeadamente entre o décimo e o undécimo minuto de jogo, após passe do Godinho –, porém nada. Carlos Silva, puta guarda-redes, segurava o que os sticks dos seus colegas de equipa não estorvavam.
Marcava o cronómetro, passados – o que significa que é necessário fazer contas de substrair –, quarenta e seis segundos sobre os doze minutos, quando, na equipa da J Ouriense, o Favinha foi substituído pelo Luís Peralta. Pouco antes, também dentro do duodécimo minuto, na equipa do SL Benfica, Carlitos foi substituído por Ricardo Barreiros. Este foi o primeiro catalisador do jogo.
Com ele no ringue, a equipa de encarnado várias vezes imprimiu uma dinâmica vivace ao jogo, tendo, em um ou outro momento, chegado mesmo a um andamento presto. Ganhou maior velocidade e mostrou que as redes atrás de Santiago eram o seu escopo. Consequência disso foi que, após um carrossel de bola, com transmissão, primeiro, em círculo largo e, depois, em círculo mais apertado, Ricardo Barreiros conseguiu ganhar posição no interior do quadrado defensivo da equipa da J Ouriense e desferir uma stickada potente, fazendo anichar o preto redondo na baliza dos da casa. O golo foi celebrado. Entre muitos, tipo praga, havia benfiquistas no pavilhão.
Corridos pouco mais de dois minutos sobre o golo, aconteceu uma boa jogada do Peralta. Avançando da esquerda para a direita, conseguiu isolar-se diante do guarda-redes do SL Benfica e rematar, mas Carlos Silva defendeu, remetendo o esférico para a tabela final. Trinta segundos depois, do outro lado do ringue, o autor do golo do SL Benfica obrigou Santiago a aplicar as suas luvas tipo pá do pão, para evitar a dilatação da vantagem dos da águia.
Faltava um segundo para o décimo nono minuto da primeira parte do jogo, o SL Benfica pediu o seu minuto de desconto. Alterações nos cinco de cada equipa. Na J Ouriense, o Brandão saiu, sendo rendido pelo Hélder Ferreira. No SL Benfica, Vitor Hugo substituiu Tó Silva.
Após o reatamento do jogo, há sobretudo a assinalar um remate cruzado de Godinho, descaído sobre a esquerda, e uma combinação entre o Manel e o Peralta, com este, após rotação para a sua direita, a rematar ao lado da baliza. Embora tenha moderado o ritmo das suas manobras de ataque, também o SL Benfica tentou a sua sorte, nomeadamente através de Ricardo Barreiros, o mais assanhado dos benfiquistas. Porém, tanto para um lado quanto para o outro, nada, rien.
Faltavam dois minutos e doze segundos para encerrar a primeira parte, o Favinha regressou ao ringue, por troca com o Manel. Quase nada mais aconteceu. Merece referência um remate do Peralta, na sequência de um contra-ataque, após intercepção de um passe falhado de Mariano Velasquez para Vitor Hugo. E pouco mais.
O pouco mais é este episódio. A cinco segundos do final da primeira parte, o sinhor do apito deu em ser pior do que a Deolinda. Após a marcação de uma falta a favor do SL Benfica, o Favinha retornava à posição defensiva e, de costas, tocou a bola para trás, num gesto que pareceu de tentativa de endosso do esférico a quem haveria de marcar o golpe livre indirecto. A bola, porém, não foi parar a Mariano Velasquez, que se posicionara para a cobrança da tal falta. Vai daí o sinhor do apito interpretou o acto do Favinha como insolente, revolveu o bolso da camisola, sacou a tarjeta amarela, exibiu-a e, como era a segunda vez que a exibia ao mesmo jogador, acto contínuo, exibiu o cartão azul. Consequência, o Favinha saiu para cumprir a penalização de dois minutos e entrou o Manel.
***
Cinco segundos depois soou a bezerra. Os jogadores recolheram aos balneários durante os dez minutos do intervalo. Pausa que foi aproveitada por nove meninas, uma delas má sobrinha e afilhada de bom tio e padrinho, com farpela escassa, à Mata-Hari, para patinarem artisticamente. Acima, abaixo, rodopia, levanta uma perna, agarra uma perna, mais manobra assim, mais manobra assado, uma patinadora levanta outra patinadora, duas patinadoras fazem a roda, mais patinadela para ali, mais patinadela para acolá, todas fazem fila, todas fazem a roda. Bonita coreografia. No final soaram os merecidos aplausos. Este momento de comunidade, quase família, mostrou como, mesmo com uma equipa a disputar a competição nacional maior de hóquei em patins, a J Ouriense é um clube ainda da terra e não da estratosfera.
***
A segunda parte do jogo começou com as equipas constituídas como tinham partido para o descanso. Pela J Ouriense, o Santiago, na baliza, o Manel, o Hélder Ferreira, o Peralta e o Godinho. Pelo SL Benfica, Carlos Silva, na outra baliza, Valter Neves, Mariano Velasquez, Vitor Hugo e Ricardo Barreiros.
Recomeçou a contenda com o Peralta a tocar a bola para o Godinho. O jogo evoluiu em toada mansa, allegro ma non troppo, com as equipas mais a medirem a distância entre si do que a projectarem-se uma sobre a outra. Para o SL Benfica a vantagem era escassa e, portanto, havia que tentar aumentá-la, porém sem expor-se excessivamente ao risco de a ver desaparecer. Para a J Ouriense, embora em desvantagem no placard, era necessário tentar marcar, porém sem expor-se excessivamente ao risco de sofrer mais um golo. O jogo prosseguiu assim.
O primeiro momento de ruptura desse ritmo ocorreu aquando uma stickada do Godinho, passavam quinze segundos sobre o segundo minuto de tempo útil da segunda parte do jogo. Pouco mais de um minuto depois, Ricardo Barreiros, o mais inconformado dos benfiquistas dentro do ringue, foi censurado com um cartão cor de icterícia, por protestar em relação a uma decisão da equipa de arbitragem. Volvidos noventa segundos sobre esta admoestação, nova censura amarela ao mesmo jogador, por ter atingido Peralta com o stick. Uma vez que era censura dobrada, isso valeu-lhe o cartão azul e consequente suspensão por dois minutos. Para o lugar de Ricardo Barreiros entrou Tó Silva.
Entretanto, o Peralta e o Manel, à vez ou em combinação, ensaiavam assalto à baliza à guarda de Carlos Silva. Houve mesmo um momento em que, na sequência de um contra-ataque, o Manel obrigou o guardião benfiquista a aplicar-se ao melhor nível. Stickada a meia altura e, zás!, bola enxotada para a rede sobre a tabela final.
Quando faltavam sete segundos para entrar no décimo minuto de jogo da segunda parte, aconteceu nova alteração no cinco do SL Benfica. Vítor Hugo out, Pedro Afonso in. Um minuto depois, na equipa da J Ouriense, reentrou o Favinha, rendendo o Peralta.
Com a entrada de Pedro Afonso, outro assanhado como Ricardo Barreiros, os benfiquistas tonificaram o respectivo élan. Pelo que, tal como havia sucedido aquando a presença de Ricardo Barreiros no tabuado, também com Pedro Afonso o SL Benfica ganhou velocidade e sentido de baliza. O Santiago voltou a ser apertado e a rechaçar as tentativas da equipa adversária. Só que…
Aos onze minutos e quinze segundos da segunda parte, Pedro Afonso recuperou a bola, avançou sobre a esquerda, simulou o passe para diante da baliza, onde o Hélder, o capitão da J Ouriense, estava a marcar um adversário, e dali mesmo, com força, stickou para o buraco enredado atrás das costas de Santiago. Dois para os encarnados. Ó, que porra!, para os de Ourém.
Com a vantagem cifrada nos dois golos, o SL Benfica ensaiou o rengorrengo. Os da ave de rapina confortaram-se e começaram a patinar à velocidade do carro do Noddy. Mariano Velasquez marcava o ritmo, sereno, pausado. Tornou-se lassa a marcação ao Favinha.
A J Ouriense ensaiou uma reacção. Ao catorze minutos o Favinha rematou à meia volta, obrigando o guarda-redes do SL Benfica a sacudir com dificuldade a bola. Ao dezasseis minutos, o Manel fez um passe rasgado para o miolo da área defensiva benfiquista, mas o Favinha falhou a stickada.
Entretanto, um dos sinhores do apito, o tal que a cinco segundos do intervalo se armou em ser pior do que a Deolinda, embirrou com um fotógrafo marreta que estava junto ao varão do ringue. A pedido do sinhor do apito, lá veio um sinhor gênêrrê puxar o dito cujo fotógrafo marreta e colocá-lo à distância. Havia mais fotógrafos a cobrir o evento, mas nenhum deles, pelo que se sabe e pelo que pareceu, é marreta.
Faltavam oito minutos e vinte e nove segundos para o final do jogo, a J Ouriense solicitou o desconto de tempo a que tinha direito. Nessa oportunidade, o Cristiano entrou para o lugar do Hélder.
O jogo recomeçou no registo anterior. Quase aos dezoito minutos da segunda parte, Mariano Velasquez viu ser-lhe mostrado o cartão amarelo. Aos vinte minutos, depois de uma substituição no SL Benfica - saiu Tó Silva, entrou Carlitos -, também o Godinho foi admoestado com cartão amarelo. Durante a paragem do jogo, na equipa da J Ouriense, o Capitolino rendeu o Manel.
O jogo manteve a toada. Os remates do Godinho - enquanto não foi substituído pelo Hélder - iam esbarrando ou no stick dos adversários ou em Carlos Silva, o guardião benfiquista, ou na tabela final. O Favinha tentou algumas reviengas e remates em rotação. E o Cristiano concedeu balanço para diante à equipa, à semelhança do que havia acontecido no primeiro jogo do campeonato, também no pavilhão do Pinheiro, contra o OC Barcelos.
Foi sobre ele a falta que originou o golpe livre directo a favor da J Ouriense. Amarelo para Pedro Afonso, que havia derrubado o Cristano. E, a faltar pouco menos de três minutos e meio para o término do jogo, o Favinha, tau!, vai buscar Tibi!, concretizou o golpe livre directo.
Finalmente o povo urrou com motivo. O hóquei em patins é um jogo de mar estranho. O peixe que se colhe é aquele que se põe nas redes alheias. O povo urrou com motivo, mas escasso. O SL Benfica vencia por dois abanares de rede contra um da J Ouriense.
Antes do jogo reatar, o SL Benfica pediu o seu segundo desconto de tempo. Carlos Dantas transmitiu a ordem aos seus comandados para segurarem o jogo. Foi o que fizeram. Aos vinte e três minutos e trinta segundos da segunda parte ocorreu a última substituição do jogo. Saiu Pedro Afonso, o autor do segundo golo dos encarnados, reentrou Tó Silva.
A J Ouriense ainda tentou o empate, mas sem êxito. Entretanto a buzina da mesa soou. E povo aplaudiu.
***
Com esta jornada, a 13.ª, terminou a primeira volta da primeira fase do campeonato nacional de hóquei em patins. Até ao momento, a J Ouriense amealhou dezassete pontos, em trinta e nove possíveis, e situa-se na sexta posição da tabela classificativa. Situação provisória porque há um jogo em atraso da 11.ª jornada, entre CD Portosantense e HC Sintra, que, caso a equipa insular empate ou triunfe, terá consequências sobre a posição que a J Ouriense ocupa, com derrapagem para um lugar abaixo na tabela classificativa. Nada mau, dirão uns. Muito bom, dirão outros.
Que seja. Na segunda volta, desejo, têm mais doze jogos para vencer. O outro, farpa, é para os campeões.

3 Comentários

Grande JO continuem assim!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

E que frio, aquele que a escaça fatiota deixa sentir...

quando for grande também quero ter um desses jogos.
ser jogadora de hóquei é o meu sonho.
bons jogos :D

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