Ó valha-nos a santa paciência

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O Estado português é laico. A administração pública, porque elemento estatal, é laica. E a presidente da mesa da Assembleia Municipal de Ourém, que se chama Deolinda Simões, parece que não sabe o significado deste princípio fundamental da organização política do país ou não quer saber e faz o que lhe dá na real gana, como se não devesse, por lei, comportar-se dentro de determinados limites. É que hoje assina um artigo de opinião no Notícias de Ourém (n.º 3568, 14.Abril.2006, p. 15) onde parte da prosápia prosa destilada é discurso de catequista da madre Igreja una e santa e católica e apostólica e romana e não discurso conforme de alguém que seja presidente da mesa de uma Assembleia Municipal. Isto é, Deolinda Simões pode escrever o que lhe apetecer sobre Cristo, louvá-lo, glorificá-lo, pregar os evangelhos e o diabo et cætera. Pode escrever também sobre Baco e fazer a apologia religiosa dos desmandos orgíacos das bacantes na floresta, se para aí se inclinar a respectiva vontade. A presidente da mesa da Assembleia Municipal de Ourém, enquanto presidente da mesa da Assembleia Municipal, é que não pode, por limite legal à sua acção. O que não deveria ser difícil de encaixar por Deolinda Simões. Certo que é o seu domínio do jejum e da abstinência, bastar-lhe-ia transpor tais virtudes para a prática republicana. E nada haveria a dizer sobre o caso, porque não haveria caso.

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Mais do que com a ética republicana, concordo com uma sociedade organizada onde se tente obter algum equilíbrio com a separação de poderes em democracia. Como o Sérgio apontou (e bem) a má concentração de dois poderes, presumo que se a Presidente da Assembleia Municipal pregasse as virtudes de Shiva, Vishnu e Brhama, nada de mal viria a este mundo. Digo eu. Também não gosto de religiões oficiais, nem de éticas oficiosas. Andamos nisto deste os tempos do republicano Afonso Costa, a combater pela força ou pelo papel, alguma da cultura secular que ainda persiste por aí, embrenhada no povo. O mesmo que elegeu Deolinda Simões.

"O Estado português é laico. A administração pública, porque elemento estatal, é laica.", se realmente assim é, porque é que ainda ninguém apresentou uma proposta de decreto para acabar com os feriados religiosos? Os mesmos que ninguém (seja de que cor política for) se importa de haver...

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