Ó pai, afasta de mim esse Vítor Frazão quando ele estiver a discursar

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Não sou de dramas, como não sou de muitas outras coisas. Mas, exortado e com motivo, lá fui ver a peça escrita por Sérgio Ribeiro e levada ao palco, mais do que à ribalta, do cine-teatro municipal de Ourém pela rapaziada do Grupo Desportivo e Cultural de Seiça. Uma comédia de costumes, os nossos. Comédia a que se seguiu uma outra. Faltou - e ó que grande falta! - a prosápia de Deolinda Simões, que encaixa sempre bem nestas circunstâncias e em todas as outras que lhe dê na veneta. Porém houve substituto de semelhante coturno, Vítor Frazão, e faladura adequada ao caso. Vamos lá a ver. Já é pungente todo aquele protocolo, sem cerimónia, dos senhores da Câmara Municipal a distribuírem toda a raça de salamaleques e a requisitar aplausos por tudo, por nada e porque há girassóis, a coruja pia à noite e o mais que no instante sulcar no trambelho do palestrante. Como se isso não fosse martírio suficiente, depois vêm as palavras, amanhadas no registo de quem está a armar ao pingarelho. E se a peça era para rir, as palavras do vereador foram para rir muito mais. Por um euro, o preço dos dois espectáculos foi módico. É que, por si só, o discurso de Vítor Frazão valeu todos os cêntimos dispendidos. Pena foi o tempo. Ouvir aquelas palavras tardou a saída do edifício. Mas no problema. Paguei por uma comédia. Assisti a duas. A franqueza do vereador e a naturalidade com que representou o seu papel foram tais que, mesmo quando ele avisou e rogou solenidade à audiência, para dizer que o autor da peça, embora um comuna desgraçado, até tinha jeito para dramaturgo e tal, fez rir. E suscitou piedade, conforme aconteceu com Deolinda Simões a propósito de uns profetas da desgraça quaisquer. É isto o que somos. E mais. Porque, para gozo meu, também paguei o bilhete a quem me fez companhia. Chama-se a isto, fraternidade nas comédias. Correu bem. Até porque não gosto de rir sozinho.

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esta um espetaculo parabens

Vozes de burro não chegam ao céu!

A prosa do seu blog, dá sono...

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