Cowboyada, ii

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Na sessão da Assembleia Municipal realizada ontem, David Catarino classificou o discurso de Luís Vieira, representante da CDU, como “discurso arruaceiro”. Não se vislumbram os motivos de tal classificação. Mas paciência. Ainda assim ficaram a saber-se outras coisas.
Que David Catarino tem predilecção pela proposta 2N do traçado do IC9.
Que David Catarino se lembra do tempo dos trincos nas carroças traccionadas por mulas. Explicou ele, numa disponibilidade pedagógica extraordinária, que tais trincos eram úteis sobretudo na progressão em caminhos inclinados. Quando a alimária quadrúpede estava em dificuldades no avanço pela ladeira, accionava-se tal trinco como segurança, o que, para além de aliviar o esforço exigido à besta, permitia-lhe recuperar o fôlego. Depois, após um compasso de espera, voltava-se a assestar o látego no lombo do animal ou a utilizar qualquer outro estímulo e a azémola, tonificada, arribava no plano declivoso, evoluía pelo chão rampeado. (A referência ao trinco, à carroça e à mula foi um expediente metafórico, utilizado por David Catarino para ilustrar o auditório em relação a alguns processos da administração pública e que afectam o município de Ourém).
Que David Catarino entende que pessoas do ambiente somos todos nós, mas que, para além de todos nós, há ainda umas pessoas do «ambiente», assim, entre aspas. Não nomeou tais pessoas. Mas, pelas alusões feitas, depreende-se que estava a referir-se a quem, utilizando recursos de cidadania - isto é, dentro da lei -, vigia os processos da administração pública e, se aí detectar vícios ou erros, os obriga a serem conformes as regras, o que, para ele, David Catarino, designadamente em relação a alguns casos, parece ser uma chatice. (Orlando Cavaco também se referiu às tais pessoas do «ambiente», entre aspas, chamando-lhes "alguns seres". À semelhança de David Catarino, e como ser que é, parece sentir também cócegas com a acção de alguns cidadãos. Porquê? Provavelmente porque tanto um quanto o outro julgam que os agentes administrativos têm mais o direito de errar do que os outros têm o direito de obrigar tais agentes à correcção e à conformidade com a regras que referenciam a administração pública).
Que David Catarino tem uma explicação para a diminuição das verbas consignadas à protecção civil no orçamento municipal para 2006. Como no verão passado as chamas lavraram em 25% do território oureense, já não há muito mais para arder. Portanto, neste domínio a despesa pode ser retraída. (É quase caso para dizer: que infelicidade não ter ardido tudo, pois, se assim fosse, já não era necessária qualquer despesa neste capítulo).
Que David Catarino, em sessão de Assembleia Municipal, tem dificuldade em comportar-se como membro alheio a tal órgão. Por várias vezes falou e debitou bitaites sem que a mesa da Assembleia Municipal lhe tivesse concedido autorização para tal ou o tivesse admoestado por evidente atropelo à ordem e ao regimento do órgão.

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O título mais que perfeito para um artigo que também se adequa ao que de melhor tenho lido do Sérgio. É este o funcionamento do orgão democrático do concelho, por excelência (digo eu) e que por si só, diz muita coisa. E digo mais, todo este acontecimento relatado pelo olhar do sf, é do melhor que se pode ter a nível de jornalismo (isso mesmo, jornalismo), mesmo que misturado com a sua opinião sobre os factos. E isto é muito raro de ver na imprensa, onde o cinzentismo do texto da redacção se dilui com as colunas de opinião de quem é do contra, mas estando por dentro, dizem muito para não dizer nada, no doce centrão que nos governa e se alimenta a si próprio, alternando um situacionismo que entorpece e faz de conta e que finge a mudança, mas apenas entre castas do mesmo sistema rotativista.

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