À sombra de um azinhal

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Segundo a edição de hoje do Público (n.º 5755, 28.Dezembro.2005, Suplemento: Local - Lisboa, p. 49), “a Quercus apresentou nova queixa à Comissão Europeia e solicitou a suspensão do financiamento comunitário às obras de um troço do IC9 no concelho de Tomar, que a associação considera ilegal. (...) A Quercus lamenta que, apesar da providência cautelar por si interposta em Novembro, o secretário de Estado adjunto das Obras Públicas e das Comunicações, Paulo Jorge Campos, tenha determinado a continuação da obra. (...) A associação diz ter constatado que não existiu o estudo de alternativas nem houve fase de discussão pública para o projecto de execução, e que o actual nó de Carregueiros, previsto na obra, não constava do estudo prévio apresentado em 1995 pela então Junta Autónoma de Estradas. A associação ambientalista diz ainda que o projecto de aprovação do referido troço não está de acordo com a directiva comunitária Habitats”.

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a propósito deste assunto ver semiramis num post de 28/12 aqui:

http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/2005/12/o_criador_e_as.html#more

Já aqui deixei a minha opinião sobre este assunto, e continou a achar ridículo tudo isto... Podemos defender cegamente o ambiente, haja ou não razão. Agora prejudicar o país por causa dumas azinheiras... Não esquecer que a Quercus "pediu a suspensão do financiamento europeu à obra!" Fantástico. Vale tudo! Grandes patriotas!!

li o post da Joana e, para além do registo paródico, não vislumbro o que acrescenta ao caso. deus é outra conversa. die schöpfung de haydn também. a questão crucial, parece-me, é a responsabilidade. não a defesa cega do ambiente. que, como qualquer outra cegueira que não tenha a ver com dioptrias, é estupidez.

também não me parece que a questão seja o prejuízo do país por causa de umas azinheiras. a questão é saber por que é que, estando protegidas as azinheiras - e estão protegidas por algum motivo -, o traçado do ic9 passa sobre o azinhal e não sobre o eucalipal que, segundo a Quercus, está mesmo ali ao lado.

e nisto do patriotismo não é apenas o dinheiro que vale. pois há outros patrimónios e valores que também valem. enquanto forem preservados. e um deles é justamente a responsabilidade da acção pública.

Apesar da atitude do senhor secretário de estado em continuar a obra (eventualmente ele será julgado por isso...), não compreendo o que a questão do "embargo" ao financiamento comunitário tem a ver com o problema do IC9.

Acho que o interesse do país está acima de outros interesses, nomeadamente ambientais, logo truques deste tipo não são razoáveis.

Temos de acreditar que os tribunais em Portugal funcionam e serão eles (e mais ninguém) que irão julgar quem tem razão neste aspecto. Agora arriscarmo-nos a perder os fundos por uma questão que ainda não está resolvida....

Se por acaso perdermos o financiamento comunitário (mais de 25 milhões de euros) e se se vier a provar que o traçado é o correcto, quem irá acarretar com os custos? Os contribuintes mais uma vez.

Acho que é ir longe de mais este "embargo" ao financiamento comunitário. É egoísmo. É pôr os interesses (legítimos) de uma associação acima dos interesses do país.

Não tenho preferência quanto ao traçado, é-me indiferente que ele passe a norte ou a sul do concelho. Desde que passe.

Há 30 anos gente da minha terra não podia construir, pois estava "em estudo" este traçado. Vamos continuar nisto por mais 30 anos?

A Joana do Semiramis que me perdoe mas é uma deusa. O blog dela foi eleito o melhor blog de direita do ano pelo Insurgente (http://oinsurgente.blogspot.com/2005/12/grande-votao-insurgente-2005_21.html), e além disso tem mais de 500.000 visitas em pouco mais de dois anos. Os posts dela são (além de individuais, quase diários!!) assertivos e quando alguém não o pensa assim tem o espaço das mensagens para o contraditório.

A frase com que ela inicia o referido post é brilhante “A omnipresença ambientalista em tudo o que seja fazer, é obcecante...”

Um abraço e bom ano.

É também um bom texto de realpolitik, começa com a diversão, segue com argumentos ao lado do fulcro das questões e acaba com um toque de intelectualidade para dar consistência à coisa.

os deuses, se existissem, na~o plagiariam. a senhora do semiramis na~o faz outra coisa.

http://bde.weblog.com.pt/arquivo/053667.html
http://bde.weblog.com.pt/arquivo/055924.html

(ah, que saudades tinha de um ido'latra!!! sa~o ta~o giros!!!)

começo por afirmar que sou leigo em matéria de azinheiras e alcatrão. afirmado isto, sigo.

não me parece que os interesses do país estejam acima dos interesses ambientais porque os interesses ambientais, como os entendo, são interesses dos país. aliás, por o país ser uma unidade plural, complexa e com história – isto é, com passado, presente e futuro -, tenho dificuldade em saber inequivocamente o que são os interesses do país.

não tenho fé excessiva nos tribunais, nomeadamente quanto ao seu ritmo de funcionamento, mas quer parecer-me que entendo o que pf afirma. neste pormenor, suspeito, a minha posição não é muito diferente da dele. com um senão. parece que o secretário de estado está determinado a tornar facto consumado o traçado do ic9 no lanço em apreço e, por isso, não obstante..., ordenou a continuação dos trabalhos. se a primeira inquirição das testemunhas para averiguar a pertinência da providência cautelar vai acontecer apenas a 5 de janeiro... pode muito bem acontecer – e é isso que a Quercus afirma temer - que, por essa altura, nada ou pouco haja já para acautelar. portanto, é provável que não sejam «os tribunais em portugal que irão julgar quem tem razão neste aspecto»...

há uma coisa que se chama responsabilidade. seriedade e precaução, se se quiser. e isso tem um custo. não me parece curial que se ande a brincar à rede natura 2000, classificando parcelas do território – e fez-se isso por algum motivo -, e depois, sem a devida fundamentação ou através de processos canhestros, se faça tabula rasa dessa mesma rede natura 2000.

mais. tenho dificuldade em olhar para a relação entre portugal e a união europeia como uma relação oportunista, motivada e justificada pelo propósito de sacar dinheiro sob a forma de fundos. por isso, no meu juízo, não faz sentido a união europeia definir políticas de protecção ambiental e ao mesmo tempo financiar iniciativas que implicam a destruição de património ambiental protegido e classificado. não me parece sensato, seja por qual motivo for, haver uma directiva que define uma política de protecção a determinado valor ou património e, depois, havendo alternativas que poderiam ter sido consideradas, financiar projectos ou acções que implicam a destruição desse mesmo valor ou património. fazer as coisas mal feitas tem um custo. e a responsabilidade é de quem as faz mal. não de quem denuncia as mal feitorias. é por isso que tenho dificuldade em assacar responsabilidade a quem, de boa fé – e presumo que a Quercus está de boa fé; se não estiver de boa fé, claro, a conversa é outra -, exige que os processos públicos sejam conformes às regras existentes. o ic9 é uma via importante para ourém e para o país. óquei. se assim é, as coisas deveriam ter sido feitas como deve ser. é isso a competência. é para isso que as criaturas envolvidas auferem remuneração. não para andarem com malabarismos.

finalmente. não me parece que a tal frase da Joana seja brilhante. o post também não – aliás, já li muito melhor no semiramis. e não me parecem tal frase e post brilhantes sobretudo por um motivo. sabem os liberais – e eu esforço-me por ser um liberal old fashion - que liberdade implica responsabilidade. e as cautelas ecológicas, hoje, são uma das dimensões dessa responsabilidade. pois há custos da acção que são diferidos e evidentes apenas depois. muitas vezes quando é já tarde para remediar. é por isso, por exemplo, que a exigência de avaliação de impacte ambiental, mais do que uma obsessão, pode ser considerado um instrumento de responsabilização da acção pública. e a esquiva, por qualquer motivo, a essa responsabilização suscita-me suspeita.

O desenvolvimento de um concelho, de uma região, de um país ou mesmo se quiserem do planeta terá de ser feito em bases sustentáveis. Isto é, um desenvolvimento que não hipoteque o futuro. Penso que é por esta causa que os ambientalistas da Quercus lutam. Deveria ser por esta causa que nós, diariamente, deveríamos lutar e trabalhar, adequando os nossos modos de vida.
Sem dúvida que o IC9 é importante para o desenvolvimento do concelho e da região mas a também o é a preservação dos ecossistemas. Será que alguém duvida que se consegue construir o IC9 com impactos ambientais mínimos? Haja vontade política para tal porque conhecimentos e tecnologia já existem. Duma coisa não tenhamos dúvida, não são só as azinheiras que estão em causa mas também a qualidade da água, do ar... E, que eu saiba, o Homem, tal como as azinheiras, é parte integrante do ecossistema, e ainda precisa de ar e água para viver!
Paulo Santos Fonseca

Dêmos então o benefício da dúvida à Quercus.

Ao acusar alguém de plágio é preciso cautela porque nunca se sabe quem está a plagiar quem.

Tem havido um interessante debate na blogoesfera sobre isso nos últimos dias. A outra Joana dos Bichos (http://bichos-carpinteiros.blogspot.com) também é acusada de plagiadora.

Uma questão. Se quisermos escrever um artigo de um acontecimento de há 100 anos, como podemos fazê-lo sem consultar fontes (sites, livros, jornais) visto que não vivemos in loco esse acontecimento?

A joana (do semiramis) pode não ser deusa, mas é pelo menos filha de deuses ;-) (http://en.wikipedia.org/wiki/Semiramis).

A internet é de participação livre e quem quiser pode mentir e plagiar.

Mas só prevalecerão os que forem assertivos, tal como vocês aqui n'o.castelo.

para além do que li, nada sei sobre os tais plágios. mas sei que as fontes em que alguém baseia a sua escrita devem ser manifestadas. e que existe uma técnica chamada citação. não creio que as divindades e respectiva prole estejam isentas deste mínimo de reconhecimento ao trabalho de outros. porque nem tudo é da Joana.

100% de acordo.

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