A Saúde

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Em Agosto, desloquei-me ao Centro de Saúde de Ourém para levar uma vacina, que por sinal já tinha em atraso. Entre o tempo de entrar, ser atendido e sair, esperei cerca de uma hora. Estavam duas pessoas à minha frente para serem atendidas pela Sra. Enfermeira. Enquanto esperava, assisti a inúmeros episódios rocambolescos, como mandarem um doente para Fátima, para depois as funcionárias se terem apercebido que se tinham enganado, que afinal o Sr. pertencia ao CS de Ourém. Logo depois o 'programa informático' não funcionava e pedia um código, depois veio a ajuda de mais duas funcionárias para resolver o problema e afinal o código era outro, já eram três funcionárias para resolver o problema e entretanto a fila de pessoas perto do balcão se avolumava. Depois descobriram que afinal o Sr. estava inscrito em dois Centros de Saúde?!? e era isso que gerava o problema. Enquanto isso, as três funcionárias iam discutindo em voz alta, perturbando toda a gente que ali passava. Na porta à minha frente, vi um cartaz que dizia qualquer coisa do tipo, 'Está num Centro de Saúde, Aguarde em silêncio'. Depois, apercebi-me que a maior parte das pessoas que ali paravam, ou estavam enganadas no sítio correcto para serem atendidas ou apenas queriam uma informação. Logo à entrada do Centro existe um guichet e de vez em quando está lá alguém, agora não sei o que é suposto fazer. Apercebi-me também das queixas que eram feitas a quem tinha que efectuar exames, porque só se podem fazer em certos dias, ou que existem máquinas para isto e para aquilo, mas estão paradas numa sala algures porque não existe ninguém para as operar. Eu dou graças a Deus por não ter que frequentar muito o Centro de Saúde. Na mesma semana, tive que fazer um exame rotineiro. O médico recomendou-me um hospital privado, porque eram certinhos a fazer os tais exames. Desloquei-me ao British Hospital em Lisboa. Entre entrar no hospital, fazer o exame e sair com o resultado na mão demorei cerca de 20 minutos. Fui logo atendido, disseram-me para onde tinha que ir, sentei-me numa sala acolhedora, e de seguida fui chamado e pouco tempo depois do exame já tinha o papel na mão. Tudo com o maior profissionalismo. Esse exame foi pago na totalidade, obviamente. Agora, chego a pensar que mesmo com os impostos que pago e com a quantidade de dinheiro que o Estado gasta na Saúde, nem a porra de um Centro de Saúde funciona em condições neste país. Não me venham mais falar do Estado Providência! E não me venham mais falar em desenvolvimento com rotundas, estádios de futebol e outras coisas porque o progresso começa sempre pelo essencial. E enquanto tivermos Centros de Saúde como o de Ourém, não me venham falar de desenvolvimento. Haja vergonha! E não ouvi uma palavra sequer dos quatro candidatos às próximas eleições locais sobre o funcionamento do Centro de Saúde de Ourém. Gostaria que me dissessem que eu estava enganado. Mas já sei a resposta: isso é da competência do Ministério da Saúde, as autarquias pouco podem fazer. Pois, provavelmente têm razão. Mas depois não venham defender com unhas e dentes o seu modelo de Estado Social, porque esse, meus amigos, está falido e é uma vergonha.

14 Comentários

A minha avó esteve lá ultimamente, nas urgências. E se não fosse o Hospital de Tomar, tinha morrido. Porque receitaram-lhe só umas pomadinhas em Ourém... e ela estava com cancro.

Ai Fred,Fred...
Não me digas que só agora é que te apercebeste de como funciona o Centro de Saúde de Ourém.
Eu dou-te a minha opinião porque trabalho directa e indirectamente com o Centro de Saúde.
Existe dois atendimentos que é o SAP( urgencias) e o Centro de Saúde mesmo onde há as consultas do médico de familia.
Posso-te dizer que na minha modéstia opinião trabalham lá excelentes médicos mas que não teêm condições para fazer melhor e também teêm excelentes enfermeiros.
É claro que o SAP não está preparado para receber certas emergências como feridos graves de acidentes,etc...
Quanto há comparação que fazer entre o Brithish Hospital em Lisboa é um pouco ridicula porque um Hospital é um Hospital e um Centro de Saúde é um Centro de Saúde,mas lembra-te que nem todas as pessoas podem pagar o que tu pagaste para fazer o exame.
Infelizmente a saúde do nosso país vai de mal a pior e agora a ultima guerra é entre o INEM e os Bombeiros e só espero que as populações não sejam ainda mais prejudicadas.
Já agora tenho uma ideia para ti que te revoltas com certas coisas,gostava que um dia fosses visitar a morgue ao lado do Centro de Saude para veres a miséria e a nogeira que é,só com o cheiro te assustavas.
Depois dos cadáveres lá estarem e serem transferidos para o Hospital de Tomar,aquela morgue fica dias,semanas e até meses sem ser lavada e desinfectada,estando o chão e as gavetas das arcas cheias de sangue.
Havias de lá ir ver e denunciar essa situação,porque o responsável é o Ministério Publico que não se tá pa chatear.

Caro Pipas,

Ai Fred,Fred...
Não me digas que só agora é que te apercebeste de como funciona o Centro de Saúde de Ourém.

Não é de agora, conheço a saga do Centro de Ourém já há muito tempo. Desse e de muitos outros.

Posso-te dizer que na minha modéstia opinião trabalham lá excelentes médicos mas que não teêm condições para fazer melhor e também teêm excelentes enfermeiros.

Se reparares bem, eu não critiquei médicos nem enfermeiros. Critiquei o facto de ter esperado 1 hora para levar uma vacina. E já passei por muitas esperas bem piores. Eu critico é a falta de organização. Dos médicos de família do centro de saúde só tenho precisado de atestados e medicação para maleitas de Inverno, portanto não tenho experiência para dizer se são bons ou maus médicos.

Quanto há comparação que fazer entre o Brithish Hospital em Lisboa é um pouco ridicula porque um Hospital é um Hospital e um Centro de Saúde é um Centro de Saúde,mas lembra-te que nem todas as pessoas podem pagar o que tu pagaste para fazer o exame.

Certo, pode ser demagógico comparar um hospital a um centro de saúde, mas quis demonstrar duas experiências diferentes no tratamento da saúde que tive em uma semana. Se quiseres, podia comparar o British Hospital ao Hospital de Leiria e também nesse caso as diferenças no atendimento e organização eram mais que muitas. Além disso, o centro de saúde não tem desculpa por ser pequeno e ter uma péssima organização. Devia até ser uma vantagem, comparativamente com a dimensão e competências de um hospital, não achas? E lá por ter pago o exame eu não deixei de pagar impostos. E pelo que pago de impostos, o mínimo que o Estado podia fazer nesta questão era ter Centros de Saúde que funcionassem.

Já agora tenho uma ideia para ti que te revoltas com certas coisas,gostava que um dia fosses visitar a morgue ao lado do Centro de Saude para veres a miséria e a nogeira que é,só com o cheiro te assustavas.

Infelizmente tive a oportunidade de visitar a morgue quando a minha avó materna faleceu o ano passado. É uma experiência que não me aviva boas recordações.

Havias de lá ir ver e denunciar essa situação,porque o responsável é o Ministério Publico que não se tá pa chatear.

Com esta frase, já estás tu, como bombeiro, a denunciar a situação. Quanto ao Ministério Público, enfim, se não se chateia a cuidar dos vivos, porque razão vai-se chatear para cuidar dos mortos?

Já lá estive 6 horas à espera de uma consulta... esperei... esperei... fui almoçar a casa... voltei... e esperei... esperei... esperei...
Mas pior, foi um senhor que esperou mais de meia hora, chegou de pé e acabou no chão contorcendo-se com dores renais...

Caro Fred, é claro que não posso deixar passar esta verdadeira provocação aos quatro candidatos.
A primeira coisa que devo dizer é que nada percebo de saúde, como tal, qualquer opinião que expresse é de utente normal. Julgo que o mesmo acontecerá com os outros três candidatos pelo que ficamos em pé de igualdade.
Vamos lá...
Gostei de 98% do post do Fred. Detestei a referência ao Estado Social. O Fred tem toda a razão, tudo isto funciona miseravelmente. Pelo calvário do utente da Parede, que sou eu, imagino o calvário do utente de Ourém. Só que isto não é Estado Social, isto é Contra-Estado Social e só se mantem assim pelos miseráveis políticos e gestores que têm sido seus responsáveis e assim vão alimentando opiniões como as que o Fred transmite e que eu próprio muitas vezes sinto. Portanto, o Estado Social será outra coisa em que estas prestações funcionarão bem.
E que se propõe este candidato para Ourém?
Mais uma vez tem toda a razão. A saúde é com o Ministério e, como tal, não vou prometer mais e melhores centros de saúde, mais e melhores médicos, mais e melhores comparticipações e acordos e, muito menos, um hospital para Ourém. Não é da responsabilidade da autarquia, logo fazer aí qualquer promessa é demagogia. É prometer e depois dizer que a responsabilidade de nada se conseguir é de outros. Política suja, portanto...
Mas será que, a exemplo do enriquecimento do conhecimento da nossa língua, do melhorar a cultura a nível matemático, se não pode mesmo fazer nada?
Aí a resposta terá de ser outra. Ainda não falei com os meus camaradas de coligação(CDU, como sabem), mas penso que será aceitável para eles uma actuação como a seguinte:
Se eleito, 1) promover um levantamentamente de todos os problemas relativos à saúde (instalações e médicos em quantidade e qualidade, atendimento, etc., etc. a nível concelhio), enviar esse levantamento ao Ministério e pressionar pela sua solução; 2) criar nos serviços da autarquia e até ao nível de freguesia a possibilidade de registo em linha de reclamações quanto ao atendimento nos centros de saúde e quanto a abusos de poder, procurando o seu averiguamento posterior e resolução com satisfação para o utente; dirão: mas já existe um Gabinete para o utilizador em hospitais e centros de saúde; pois há, mas quantas vezes, as reclamações caem em cesto roto, quantas vezes batemos com o nariz na porta; 3) estudar um sistema convidativo para a fixação de mais médicos e melhores no concelho quer a nível público quer privado, mas evitando a promiscuidade; 4) promover a figura do médico ao domicílio e da consulta à freguesia em termos rotativos (a especialidade x, hoje, em Seiça, amanhã, na Freixianda); 5) todas aquelas que sejam viáveis e que os nossos amigos nos tragam até ao dia 9 Outubro...
Já está....

Há de facto muitos problemas na saúde da saúde do nosso concelho.
Em primeiro lugar em termos hospitalares é surrealista estarmos servidos por um centro hospitalar (CHMT) cujas especialidades estão esquartejadas por três unidades, em que qualquer uma delas dista da nossa região pelo menos 40 Km, para não falar de Abrantes onde está por exemplo a ortopedia. Isto por um lado mostra como a mania dos elefantes brancos fez com que essas três unidades sejam insuficientes per si,
e a sua distribuição seja um enorme disparate pois deveriam ter sido realizadas por área de habitantes por elas servidos e criadas com as principais especialidades em unidades funcionais, e não três gigantes hemi-funcionais.


Assim temos três unidades sub-lotadas e sendo edificios novos funcionam com quadros provenientes das unidades anteriores à sua criação, onde a batuta dos recursos humanos é a precaridade com pessoas sucessivamente a rolar pelos contratos (e às quais é sucessivamente necessário fazer a integração com o que daí resulta. É que a liberalização no trabalho não selecciona os melhores profissionais selecciona sim a melhor forma de mostrar contas no final do ano), funcionários como os auxiliares de acção médica a fazer o que devia ser competência exclusiva da enfermagem (mas assim poupa-se em enfermeiros) e por aí fora...

Neste quadro o papel do Centro de Saúde ganha uma dimensão muito maior pois sendo aqui prestados os cuidados primários e as urgências através do SAP é pois fundamental que aqui existam os necessários meios complementares de diagnóstico para que efectivamente sejam prestados esses serviços. Um exemplo: o doente x chega com uma dor abdominal localizada o exame fisico não elimina a hipótese de apendicite, um hemograma poderia ser conclusivo mas não há análises clínicas ( e deveria haver pois é um dos meios fundamentais para o diagnóstico/avaliação de muitas patologias, e deveria funcionar com colheitas em todos os centros de saúde, é claro que iria estragar negócios muito bem instalados pois o estado julga poupar ao adjudicar mas como vemos por este exemplo todos saem prejudicados) tal como não há radiologia a tempo inteiro, nem cardiopneumologia. Na realidade por muito bons que sejam os profissionais que aí trabalham a sua tarefa não pode ser cabalmente concluída pois a sua capacidade de resposta está limitada pelas insuficientes condições em que trabalham.

Excelente reflexão a do Marco
Continuemos no tema...
Como cidadão posso e devo discutir o modelo organizativo e o modelo de financiamento da saúde do meu país.
Como autarca, devo procurar o melhor para as pessoas a quem a autarquia serve no quadro do que existe.
É difícil ou impossível despir a casaca de autarca e vestir a de cidadão ou vice-versa. Mas tentemos avançar um pouco na perspectiva do autarca...
Reflectindo um pouco, após o anterior post, fui levado a considerar que um sistema de reclamações é, pela sua natureza, um sistema reactivo, pelo que vamos tentar, sem o suprimir, algo de diferente.
Como autarca, é-me possível definir um quadro de referência para a prestações de serviços de saúde e complementares de diagnóstico.
Eis o meu: serviços produzidos no momento em que são necessários, o mais perto possível do local onde se manifesta a necessidade, com um padrão de qualidade elevado e tendencialmente gratuitos para o utente.
Não me interessa, porque não é problema da autarquia, se a gratuitidade é garantida pelo cheque-saúde ou pelo baixo preço, isso não é problema da autarquia, mas do Governo.
Um quadro de referência como o preconizado exige um sistema de controlo. Assim, a autarquia deverá realizar regularmente um inquérito a um painel largo de utilizadores do sistema de saúde do concelho em ordem a conhecer tempos de espera, integralidade do sistema, necessidade de deslocação, qualidade do serviço prestado e satisfação sentida (...). Poderá ser assim acompanhada com regularidade a qualidade dos serviços de saúde prestada no concelho e desencadeadas acções junto de entidades responsáveis para a solução de problemas.
Por outro lado, a exemplo do que está preconizado para o turismo e o móvel não vemos razão para a não existência de um portal de saúde para o concelho que inclua informação sobre todos os agentes existentes, as condições de acesso aos mesmos e um sistema de marcações de consulta em linha (e pelo telefone) que evite longas bichas como aquelas que se vêm em meios mais desenvolvidos. É parte da concretização da ideia " a informática ao serviço da saúde".

o exemplo brita^nico, embora os ingleses digam mal mas mal do nhs.

Luis, o meu objectivo não era provocar, mas sim levar à discussão (nesta altura de discussões), o funcionamento do centro de saúde que temos no concelho e demais ramificações. E fico contente pela rapidez da sua resposta e ter-nos transmitido o que pensa sobre o assunto. Gostava era de saber também outras opiniões. E penso que não devo ser o único.

Gostava era de saber também outras opiniões. E penso que não devo ser o único.

e' de facto incri'vel a ta~o fraca (ou inexistente) participac,a~o das outras candidaturas nas discusso~es d'o castelo, e na~o me digam que e' pq na~o o le^em.

concerteza que deve ser so' por ainda na~o estarem habituados 'as novas tecnologias.

Fred,
quando falei em provocação foi num sentido (muito) amistoso...
... e até lhe agradeço ter falado no assunto porque isso obriga a que nós próprios façamos um esforço de esclarecimento em matérias que não nos são nada fáceis.
Sempre atento e aempre ao dispor do Castelo
Abraço
Luis

a ler coisas destas até dá vontade de ser espanhol

Eu limito me a dizer que o Centro de Saude de Ourem é uma autentica vergonha...
Porque que razão,gostava eu de perceber, nos utentes ficamos de repente sem médica de familia,demoram meses e meses até por alguem a substituir,alias não chega a ser substituição...e para marcar uma simples consulta, como foi o meu caso hoje, so conseguimos marcação para daqui um ou dois meses, e isto , se não nos chamarem no proprio dia para nos dizer que :" o médico não vem hoje,quer marcar sua consulta para outro dia?" que seria o mesmo que dizer:"quer marcar uma consulta para daqui um mes???" por amor de Deus..não me admira nada que haja uma taxa elevada de mortalidade em Portugal e emigração..
Eu ja vivi em França, não gosto muito de fazer comparações , mas a termo de Saude sinto me obrigada a fazer,lá se eu precisasse de uma consulta eles até conseguiam fazer com que eu fosse atendida pelo o meu médico de familia no proprio dia,nem que fosse as 23h!!Aqui os médicos tem horários muito bons e não passam dakele horário!!Agora,toda a gente se queixa das filas de espera nas urgencias do centro de saude de ourem..Pensem um bocadinho!!!é mais do que lógico que haja tanta gente nas urgencias...pois eu tambem prefiro ir ja amanha as urgencias e esperar o dia todo até ser atendida, do que precisar de ir ver um médico AGORA e ter que esperar um a dois meses para ser vista por um médico!!é uma autentica estupidez!!sem falar do modo como somos atendidos ao telefone e a reçepção, não estou a generalizar, até porque naquela porcaria toda ainda se encontra gente decente,sensiveis e simpaticas... mas muitas delas são simplesmente INSUPORTAVEIS...quantas vezes não lá estive e o telefone fartava se de tocar, a mulher olhava para o telefone e não atendia...ao fim de 100chamadas, começa a irritar todas as pessoas que lá estavam..se o telefone lá está,é por alguma razão,se elas lá estao é tambem por alguma razão, ou são pagas para tarem atras do balcão a lerem "marias" e a falar arrogantemente para os utentes???!!!isso é que não entendo..com tanta gente desempregada, guardam pessoas desse genero a atender os utentes...
não haja dúvida que isto tem que mudar..porque assim não vamos a ado nenhum..irremos sim, morrer antes do tempo....

Vão dizendo os que lhes apetece...

Qualquer dia vem a ministra dizer que é para fechar o Centro de Saúde e nesse dia já vai fazer muita falta...

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