As sondagens valem o que valem

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Dias atrás numa conversa informal, vieram-me com a pergunta: Então pá, viste a sondagem do Notícias de Ourém? Dão maioria absoluta ao PSD com 40,1% dos votos no concelho! O PS vai muito atrás com 18,9% das intenções de voto. Não falaste disto no teu blog, pá!? Eu? O que é que eu percebo de sondagens? Ainda por cima Ourém é conhecida por ser o laranjal do distrito já desde o tempo em que o Herman José tinha piada. Isso não é nada de novo. Mas ouve lá, tu acreditas em sondagens? Sei lá, elas estão por todo o lado. Mas pronto, embora estejamos em época de veraneio mais para o silly season, decidi perder uns cinco minutos e verificar os arquivos. Na ficha técnica, a empresa responsável pela sondagem publicada no NO é o IPOM, Instituto de Pesquisa de Opinião e Mercado, Lda com sede em Vila Nova de Gaia (uma casa de 3 pisos ali na Cândido dos Reis). E que, por coincidência, porque este mundo é mesmo muito pequeno, é a mesma empresa que fez uma sondagem em Janeiro deste ano para o PSD Ourém sobre a actividade da Câmara Municipal de Ourém e o desempenho do respectivo presidente. A notícia que refere o assunto no Jornal Região de Leiria (RL) (14 de Janeiro de 2005) alega que a sondagem terá sido encomendada pela própria edilidade, mas que, foi prontamente desmentida pelo presidente de câmara que afirmou, Nunca a Câmara pagou sondagens e não começa agora a pagar”, explica o responsável, sublinhando que essa é uma iniciativa “associada ao PSD”. E o entrevistador da IPOM que telefonou à própria jornalista do RL deve-se ter enganado concerteza:

A sondagem em causa - a que a jornalista acedeu responder na tarde do passado domingo na condição de lhe ser comunicada a entidade que a encomendou, tendo o entrevistador afirmado ser a Câmara de Ourém - versava sobre o trabalho desenvolvido pela autarquia.

Este mundo é mesmo pequeno. Quem conhece o mercado, afirma que o IPOM portou-se bem nas legislativas. Mas há quem diga o contrário, que no caso das legislativas regionais nos Açores de 17 de Outubro de 2004, uma sondagem encomendada pelo "Diário Insular" (Terceira) e "Correio dos Açores" (São Miguel) ao IPOM deu 33,3 por cento dos votos à coligação PSD/PP, contra 30,8 por cento para o PS. O PS veio a ganhar estas eleições. Mas na altura, o então Ministro dos Assuntos Parlamentares, Rui Gomes da Silva mostrou-se insatisfeito face à forma como foram divulgadas algumas sondagens pela empresa dirigida por Rui Oliveira e Costa referentes às eleições dos Açores. Rui Oliveira e Costa está ligado ao PS e a empresa era a Eurosondagem. O Ministro chegou mesmo a propor uma proposta de Lei que visava impedir que dirigentes políticos fossem proprietários de empresas de sondagens. O destino deste projecto de Lei e do Ministro é conhecido, mas no entanto, o Grupo Parlamentar do PS, não gostou das declarações de Gomes da Silva e pela mão do deputado António Galamba chegou a escrever um requerimento ao Presidente da Assembleia da República e que muito sucintamente, acusa o PSD de só querer censurar as sondagens que não lhes eram favoráveis. Mas o IPOM volta à baila, porque, por coincidência, certamente, é propriedade de um dirigente do PSD/Gaia (O PS deve saber do que fala):

"... os estudos contratados para diversos órgãos de comunicação social não correspondem às expectativas e anseios do PSD, ao invés do que acontece com as sondagens estratégias realizadas pela IPOM, propriedade de um dirigente do PSD/Gaia."

3) qual a posição do XVI Governo Constitucional face à publicação de estudos sobre a intenção de voto completamente desfasados dos resultados que são registados como ocorreu nos Açores durante as eleições para o Parlamento Europeu com a empresa IPOM ?

Por curiosidade, o IPOM, para além de fazer sondagens, tem um portfolio de serviços sócio-políticos(sic) como Posicionamento de Imagem de partidos e líderes, perfil de eleitores, motivações, estudos sobre gestão autárquica e quem lá trabalhou afirma que a empresa também faz publicidade partidária em vésperas de eleições, entre outras coisas. O seu Director-Geral, Aguiar Falcão e Castro é Director da Revista Autárquica. Pronto, era só isto. Continuo a não perceber nada de sondagens.

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4 Comentários

A propósito, vejam lá se acabam com a vossa sondagem... mas quando o Zé Manel Alho estiver à frente porque não tenho nenhum carro velho (ou qualquer outra coisa) para vender.

Já foi refrescada!

Nome mais inovador? Muito bom!

Fred: parabéns por mais uma "lição". Excelente trabalho de investigação, que com toda a certeza impediu alguns comentários que já se estariam a perfilar a um artigo sobre este tema.

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