Impostos: Carta Aberta

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Já que estamos numa onda de cartas abertas, por sugestão da Aurélia Madeira, publicamos uma relativa aos impostos e dirigida ao nosso Primeiro Ministro:

Caro Sr. Primeiro-ministro.

Venho por meio desta comunicação manifestar meu total apoio ao seu esforço de modernização do nosso país. Como cidadão comum, não tenho muito mais a oferecer além do meu trabalho, mas já que o tema da moda é Reforma Tributária, percebi que posso definitivamente contribuir mais. Vou explicar: Na actual legislação, pago na fonte 31% do meu salário (20 para o IRS e 11 para a Segurança Social).

Como pode ver, sou um cidadão afortunado. Cada vez que eu, no supermercado, gasto o que o meu patrão me pagou, o Estado, e muito bem, fica com 19% para si (31+19P) Sou obrigado a concordar que é pouco dinheiro para o governo fazer tudo aquilo que promete ao cidadão em tempo de campanha eleitoral. Mas o meu patrão é obrigado a dar ao Estado, e muito bem, mais 23,75% daquilo que me paga para a Segurança Social.

E ainda 33% para o Estado (50+23.75+33+6.75). Além disso quando compro um carro, uma casa, herdo um quadro, registo os meus negócios ou peço uma certidão, o Estado, e muito bem, fica com quase metade das verbas envolvidas no caso.


Minha sugestão, é invertermos os percentuais. A partir do próximo mês autorizo o Governo a ficar com 100% do meu salário. Funcionaria assim: Eu fico com 6.75% limpinhos, sem qualquer ónus mas o
Governo fica com as contas de:

-Escola,
-Seguro de Saúde,
-Despesas com dentista,
-Remédios,
-Materiais escolares,
-Condomínio,
-Água,
-Luz,
-Telefone,
-Energia,
-Supermercado,
-Gasolina,
-Vestuário,
-Lazer,
-Portagens,
-Cultura,
-Contribuição Autárquica,
-IVA,
-IRS,
-IRC,
-IVVA
-Imposto de Circulação
-Segurança Social,
-Seguro do carro,
-Inspecção Periódica,
-Taxas do Lixo, reciclagem, esgotos e saneamento
-E todas as outras taxas que nos impinge todos os dias.
-Previdência privada e qualquer taxa extra que por ventura seja repentinamente criada por qualquer dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Um abraço ao Sr. PM e ao Senhor PR e muito boa sorte, do fundo do meu coração!

PS: Podemos até negociar o percentual!!!

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23 Comentários

longe de mim querer defender o governo, mas esta carta e' um excelente exemplo de demagogia e populismo sem ce'rebro. como qualquer pessoa com 2 dedos de testa pode rapidamente ver pela idiotice de somar os 31+19 logo no princi'pio.

mas enfim, o que e' um racioci'nio completamente errado qdo se quer dizer mal do governo e parecer revoltado?

pfig, so´por curiosidade por raio e´que agora deste em escrever com os acentos fora do lugar. E´moda? Na~o tenho visto isso a mais ningue´m.

Pensava que a moda era escrever como nas sms!lol

Por este andar qq dia kero escrever e ñ sou capaz. tb n faz mal.

obg e bom fds :-)

Pois é!!! Essa dos 19% (21% no próximo dia 1 de Julho)tb ñ percebi, Fred. A conta do IVA ñ é complicada, mas tem alguns pontos a ter em consideração. Por Ex: O tal supermercado de k fala (e bem) ñ entrega os tais 19% que voçe ou eu pagamos no acto da compra directamente ao estado. Entrega apenas a diferença entre os 19% que pagou na compra dos artigos e os 19% da venda. Resumindo, entrega 19% da margem de lucro! (claro que nesse supermercado tb há artigos a 5% e a 12%, mas a conta é a mesma)
Já agora a sua conta dava um total de 113.50%!!! Esquesito,não..... Além de ñ ser correcta a presuposta soma k fez.
Já agora, um empregado ganha kuantos ordenados Por ano? 14, certo? E trabalha quantos? 11, certo?
Pensem nisto....

miguel, tenho um teclado ingle^s que na~o me deixa fazer caracteres acentuados, dai' preferir colocar os acentos a seguir 'a letra em causa do que enveredar pelos 'k' e 'ehs' dos sms :)

ja' agora, lembrei-me da frase com que queria acabar o meu anterior comenta'rio: que a verdade nunca te estrague uma boa histo'ria!

Caros, confesso que publiquei o texto sem o ler bem. Li-o na diagonal, pois foi-me enviado por correio como sugestão. No entanto, é bom que apontem erros pois os comentários servem para isso mesmo. Apesar das contas não baterem certo, não é preciso ser matemático para concluir que temos impostos a mais neste país. Fica aqui o meu acto de contrição.

A luta política, porque é luta política, não pode abdicar da exigência de rigor, e menos ainda da ética (embora as duas - rigor e ética - sejam uma espécie de "siamesas"). Diria mesmo que, por ser luta política, não deve abdicar da exigência do rigor. Mas há quem passe a vida a fazê-lo, a abdicar de rigor, de coerência, com o argumento de que... é política, demonstrando um grande desprezo pela política e, por isso, pelos outros.
Adiante. O Fred fez o seu mea culpa quanto à publicação da "carta aberta", mas não tinha que o fazer porque a carta não é dele e as falhas de rigor nem são muito graves, na minha opinião. O autor da "gracinha" não se preocupou com o rigor porque essa despreocupação é a "moeda corrente" e grassa nas posições mais aparentemente sérias (porque quem as toma não se ri... nunca!). De qualquer modo, também acho que o castelo passaria bem sem esse tipo de "cartas abertas".
Mas, por outro lado, não posso deixar de reagir a quem vem, aparentemente, dar lições de rigor e pouco rigoroso é. Aliás aconselhava o nosso vizinho toyote a rever os seus conhecimentos sobre o IVA e sobre quem o paga e como é recuperado para que não haja pagamentos a dobrar. (5, 12 e 19/21% da margem de lucro???)
E ainda respondia às duas perguntas "envenenadas" do mesmo toyote. É certo que um trabalhador trabalha 11 meses por ano e é certo que recebe 14. E já pensou o caro toyote nisto? E já pensou porque será assim?
E já pensou que a mercadoria força de trabalho não é igual a uma qualquer outra mercadoria porque o seu posuidor, quem a vende, é um ser humano? E já pensou quanta luta foi necessária para que assim seja?

È claro que a carta tem pouco rigor... mas acho que a ideia também não era essa, mas sim comparar o que pagamos com o que recebemos... e provar que sem dúvida alguma, pagamos impostos a mais, isto sou só eu a falar... que pouco percebo de finanças!

Pagamos impostos a mais? É um axioma?
Para mim, não é!
Para mim... depende do uso que se dá àquilo que pagamos.
É a saude um direito? É a educação um direito? Há outros serviços públicos que correspondem a direitos? Então... como se suportam os custos da satisfação desses direitos que estão (deveriam estar, a meu ver) fora da órbita e lógica mercantil?
Lembremo-nos, amigos, de uma palavrinha que a ideologia dominante foi excluindo do nosso léxico: solidariedade. E já pensaram que essa palavrinha está (e deveria continuar, e cada vez mais reforçada) na origem dos impostos que todos pagamos (ou deveríamos pagar) para que todos, como colectivo, beneficiássemos do viver em sociedade?

Pois, solidários e contribuintes fiscais... para fazer estádios de futebol...

Sim, solidário com os que fazem do Rendimento Mínimo Garantido, um incentivo para não trabalhar, solidário com o dinheiro que se gasta na Educação para termos malta nova que não sabe sequer escrever sem erros, solidariedade com as listas de espera nos hospitais e as pessoas que morrem porque não puderam ser operadas, solidariedade com incentivos a empresas obsoletas que só sobrevivem porque o patrão só o consegue ser com um governo protecionista, solidariedade com o excesso de funcionários públicos, solidariedade com o péssimo atendimento nas repartições públicas, solidariedade com os tribunais carregados de processos e pela justiça lenta, solidariedade com uma polícia que tem que pagar a farda e não dar tiros, solidariedade com o ministério da agricultura que tem um funcionário para cada três agricultores, solidariedade com os 417 milhões de Euros gastos por ano com os Ministros da República nos Governos Regionais, solidariedade com os lobbies vários que se alimentam do Estado e do nosso dinheiro (desde gabinetes de advogados até as farmácias), solidariedade com empresas públicas como a TAP, RTP, GALP e outras que só nos comem o dinheiro e que deveriam ser privatizadas, solidariedade para com as centenas de capelinhas e institutos públicos, empresas municipais e demais entidades que só servem para empregar os amigos e consumir riqueza. E poderíamos continuar. Eu sou um gajo cheio de solidariedade.

Já pensaram um segundo, meus caros António e C. Ferreira, que aquilo que tão bem denunciam foi obra de mandatários vossos e que nada teve a ver com solidariedade mas com falta da dita, que tem a ver com uma sociedade organizada na base de cada um para si e espectáculo para todos, pão para uns, manteiga para poucos e circo para todos. Que quem se serve do Estado é quem ataca o Estado, por formas directas e indirectas, para que ele não seja, efectivamente, solidário.
Atacar, abstractamente, o Estado é ignorar quem, em concreto, se serve do Estado para benefício próprio, ver o mal nos impostos é demitir-se da exigência da sua aplicação (repito!) solidária, ao serviço dos direitos... humanos.

se'rgio, em portugal pagam-se impostos a mais, desnecessa'rios, pq 60% (!!!!) da colecta sa~o para alimentar o pro'prio sistema, e na~o para a sau'de; educac,a~o, etc. isto e', a meu ver, so' por si inaceita'vel, mas mesmo que na~o fosse este o caso, qdo 70% da riqueza produzida por um indivi'duo volta para o estado, que incentivo e' que ha' para trabalhar mais e melhor?

uma discussa~o que tenho tido nos u'ltimos tempos e que acho que vale a pena ter, a este respeito, e' a da substituic,a~o dos escalo~es progressivos e do iva (ou grande parte dele) pela flat tax, que esta' a ter excelentes resultados nas economias de leste, que foram as 1as a adopta'-la, dando uma excelente lic,a~o ao mundo. 2 excelentes artigos introduto'rios da economist: the flat-tax revolution e simplifying tax systems

Caro Pedro Figueiredo e "todos quantos"
Quando se entra neste tipo de discussão, e há boa fé da parte dos interlocutores, vamo-nos esclarecendo ou, pelo menos, vamos esclarecendo as nossas diferenças.
Não avancei, nem avançarei, com questões mais ou menos técnicas, de percentagens, de escalões, de directos e indirectos, de progressividade.
Só reagi, e reagirei, à diabolização do que são tão-somente meios e instrumentos, cuja utilização, essa sim, pode ser perversa porque ao serviço de objectivos que nada têm a ver com as finalidades para que os meios e instrumentos teriam sido criados.
Aliás, é essa a grande questão do Estado... e do estado em que estamos.
Mas, por agora... por aqui me fico, com mais este passo de (tentativa de) esclarecimento da minha posição. Que não defendo como indiscutível, que terá vícios mas que é muito reflectida.

Para que não hajam dúvidas, eu não sou contra os impostos. Mas nao acredito no Estado Social impingido pelo socialismo autista. Para o Estado Social funcionar (e todo a idéia da solidariedade) , este precisa de se alimentar de quem produza riqueza, coisa que em Portugal foi sempre feito à custa do mercado e consumo interno, porque exportar, só o fazíamos com o azeite, enlatados de sardinha, cortiça e alguma indústria baseada em salários baixos. Antigamente ainda podíamos emitir dinheiro e dar a ilusão que eramos todos mais ricos. Hoje em dia com o Euro estamos tramados e temos que cumprir com o PEC. Se formos a ver, o aumento dos impostos, é a ponta do iceberg, revela o abismo para onde caminhamos por conta de um estado demasiado gordo, omnipresente e que asfixia a sociedade. Os socialistas estão a conseguir pouco a pouco o que o ideal marxista-leninista sempre ambicionou: a nacionalização do nosso rendimento, com uma fatia crescente do que ganhamos a ser engolida pelo Estado. Aprendi com um professor da quarta classe: estamos a ficar cada vez mais pobres, de carteira e de espírito. Acredito nas boas intenções de pessoas para com a sociedade, como a solidariedade, mas quando se entra para a política, essas boas intenções por parte de 'cima' para 'baixo' sempre se revelaram desastrosas. Enfim, o Estado Social sempre foi anunciado como uma maneira de combater desigualdades sociais, mas no fundo o que faz é promover o igualitarismo, é promover injustiças a troco da solidariedade, é mediocrizar e amputar a liberdade daqueles que querem produzir riqueza, e que por causa disso, à custa do seu egoismo natural fazem com que crie mais emprego e gerem mais riqueza. Não é preciso ler Adam Smith para afirmar isto, basta ver história, mas com olhos de ver, sem lupas, palas nem revisionismos. Produzir riqueza é bom para a sociedade. O dinheiro é uma parte dessa riqueza. Eu gostava de nivelar Portugal com uma Inglaterra, com uma Holanda, com uma Espanha, com os Estados Unidos. Não ambiciono para Portugal uma ex-União Soviética, uma Cuba, uma Coreia do Norte, uma Venezuela, uma Argentina. Numa altura que a Europa caminha para a descida de impostos (a França não conta), Portugal faz precisamente o contrário. E então o que se diz dos países de Leste que adoptaram o modelo económico mais liberal para se desenvolverem? Estão todos errados? Não acho.... E a Irlanda, que obteve um desenvolvimento brutal numa década, acham que adoptou um modelo de estado social? Portugal caminha para uma sicília. Estado omnipresente e caciques/máfias a controlar as suas terras. O Estado vai aumentando o IRS, IVA, IRC. Madrid está a uma hora de avião. Vai-se de Porto a Vigo de carro. Em Londres, cria-se uma empresa em um dia. Qualquer dia vão proibir a transferência de capitais? E que tal fechar o país? Para bom entendedor... Vim aqui parar pelo Google, grande motor de busca desenvolvido por 2 jovens empreendedores nos.... Estados Unidos, um deles é russo.....

A carta de Adão Marx(?) é interessante, diria mesmo um exemplo.
Eu, que autista serei, apenas lhe digo que a minha informação, o que conheço da História, o que dela vou aprendendo (sempre crítico, sempre querendo saber mais e melhor... o que será contraditório com o autismo que assumo), é bem diferente das histórias que nos contam e que alguns assimilam como o leitinho materno e tornam certezas suas.
Este é um diálogo difícil, algumas "pérolas" da argumentação de Adão Marx são verdadeiramente assustadoras de tal modo ilustram as tais mentiras tantas vezes repetidas que se tornaram verdades indiscutdas e indiscutíveis. E o "último argumento", definitivo!, de que um dos criadores do Goglie é russo ter-me-ia esmagado não fosse eu tão incuravelmente autista...
Se riscarmos o verniz das palavras, numa coisa estaremos de acordo: a riqueza só existe se criada, e só criada é pelo trabalho do homem, vivo ou cristalizado no que já antes criou, e toda a solidariedade só pode ter por base essa riqueza que permite satisfazer necessidades humanas, de que algumas se vão tornando direitos. Aprendi isto, e muitas outras coisas, no homónimo do Adão que, indirectamente, me interpela.

Curiosa discussão que esta se tornou. Independentemente das questões ideológicas, existem factos. Lembro aqui as contas feitas por Medina Carreira:

"...com cerca de 50% do produto nos gastos públicos, Portugal funciona mal, não haverá dinheiro que chegue para funcionar bem;"
...
"Que uma economia que cresce durante um quarto de século à taxa anual média de 2% não pode sustentar, ao longo de mais outro quarto de século, uma despesa pública que continua a subir, anualmente, à taxa de 4,7%, porque se isto fosse pensável, as despesas públicas corresponderiam, em 2030, a 97% do Pib;"


Na minha humilde opinião, o défice resolve-se a atacar pelo lado da despesa e não da receita. Combater o défice pelo lado da receita é a medida mais fácil e popular, mas é de efeito curto. As regalias e reformas acumuladas da classe política fazem parte do problema, mas são amendoins. Temos é políticos a mais (com todo o respeito, Sérgio Ribeiro). Este país poderia funcionar com metade do Estado ou ainda menos. Como já aqui foi dito, poderíamos começar com a pura extinção dos ministros da república, dos governadores-civis, de uma miríade de institutos que nítidamente não se percebe para que é que existem e por aí além. A despesa do Estado está a aumentar a um ritmo superior ao crescimento da Economia. O aumento de impostos só vai criar mais desemprego e agravar mais o défice. Ou então vamos voltar a nacionalizar empresas e comprar senhas de compras nas lojas do cidadão. Vai-se abolir o IA e cada português terá direito a comprar o carro do povo, um UMM ou Sagres 1.4, fabricado numa Indústria Automóvel de Setúbal, EP. Mas isso já é imaginação minha a mais. Espero eu. Eu já nem pedia muito, eu gostava que o o dinheiro dos meus impostos fossem correctamente gastos, que tal como foi aqui dito, que os hospitais funcionassem, que os tribunais também, a educação, etc. Bastava-me isso. Só que não acredito que isso aconteça sem haver sangrias.

O que para aqui vai na sequência de um panfleto pouco credível!!!
Vou escandalizar.
O estado até podia levar 100% do meu rendimento...
Queria lá saber...
O importante era que o aplicasse bem. O importante era que houvesse um retorno de qualidade para a sociedade. E a verdade é que o nosso país não é exemplo disso. A saúde não presta, os nossos filhos não aprendem, a justiça é um nojo.
Mais, bastaram algumas medidas do governo de Sócrates para mostrar essas coutadas que deputados, gestores de topo, magistrados, etc. etc., criaram para eles. Como é que é possível alguém ter uma pensão de 8000 euros com seis anos de descontos? Foi nessas mordomias que eles aplicaram o nosso dinheiro. Não foi num estado solidário como o Sérgio pretende. Foi na nossa solidariedade para com eles... já eram uns privilegiados e ainda o querem ser mais. E o que dizia respeito à totalidade da sociedade trataram a pontapé.
O problema não está em se ser igual aos Estados Unidos, à Irlanda ou em se pretender ser diferente da URSS e Cuba. E já agora porque não mencionaram países nórdicos como a Suécia? Essas experiências não se conseguem repetir. Temos de descobrir a nossa via, com mais ou menos estado desde que funcione, aprendendo obviamente com os exemplos e erros dos outros. O problema está em como partir do estado em que estamos, respeitando os compromissos assumidos com as pessoas, para um país melhor. E aí não cabem políticos que aplicam o nosso dinheiro em seu benefício pessoal e se estão nas tintas para a qualidade dos serviços públicos.

Decido: acho que já dei para este "peditório", vou "fechar a loja" e vem de lá o Fred e diz-me: "com todo o respeito, Sérgio Ribeiro" porque disse que temos políticos a mais! Posso calar-me? Claro que não posso.
Agraduço ao Fred o respeito mas quero dizer-lhe que também acho que há "políticos" a mais! Aliás, no sentido que se dá à palavra e "função" diria que um que haja é demais. Mas também acrescento que há políticos a menos, enquanto
houver um cidadão que não se sinta político na acepção que a democracia lhe define.
Se o Fred acha que eu sou desses políticos de que fala, e tem alguns sinais de que eu o seja... por favor, desrespeite-me!
E vem o solidário provocar dizendo coisas certíssimas. Posso calar-me? Não posso! Mas, para não falar mais, apenas sublinho: "Temos de descobrir a nossa via, com mais ou menos estado desde que funcione, aprendendo obviamente com os exemplos e erros dos outros." E aplaudiria o resto!

Esta frase:
O estado até podia levar 100% do meu rendimento...
Queria lá saber...

Desculpe lá, mas nessa não alinho. Estas frases são perigosas. O crescimento do Estado é inversamente proporcional à liberdade de cada um. O Estado existe porque cada um de nós decidiu abdicar de um pouco da sua liberdade, para o entregar ao Estado sob forma de monopólio: uso legal da violência (polícia, defesa), tribunais, impostos, entre outras coisas. Há muita vida para além do Estado. Por enquanto. Falou na Suécia, mas olhe que o modelo social nórdico só sobreviveu porque estes países sempre tiveram um modelo económico liberal (blasfémia!) que proporcionasse isso. Eu gostaria de ter a liberdade de escolher a escola dos meus filhos, de os educar como entender, escolher os médicos que quero para os tratar. Não preciso do Estado para isso. E dos descontos que faço actualmente, não vou receber um tusto na altura da reforma. Não tenho dúvidas quanto a isso. Dúvidas tenho quanto ao unanimismo reinante sobre a inevitabilidade do aumento de impostos para combater o défice.

Caro Sérgio Ribeiro, quando disse, temos políticos a mais, é em número, englobei isso em termos *genéricos*, que extravasa partidos ou ideologias. Estou a referir-me ao sistema. Dou um exemplo, porque não reduzir o número de deputados da AR? Estarei a dizer um disparate? E sempre com todo o respeito, disse-o em parêntesis, para não meter todas as laranjas no mesmo saco, como ocorreu em discussões passadas e que equívocamente a minha generalização 'ofendeu' a classe (para ofensas, já basta o Alberto João). Neste caso, a classe política. Mas o que é a classe? E classe política? O Sérgio Ribeiro identifica-se com uma área política, com o seu partido, com as suas convicções ideológicas. De certeza que a classe política no seu todo é algo de mais difuso. É dessa que estou a falar. Confuso? Isto são apenas desabafos meus. Para acabar, esta discussão começou com um texto inquinado e já ouvi algumas 'bocas' que afirmam que este tipo de artigos ultrapassa o âmbito do Castelo. Gostava de saber a vossa opinião sobre isso.

Caro Fred,
apenas um apontamento porque o tempo está muito escasso e pouco agradável com os eventos que o estão marcando. Um apontamento para clarificar um pouco mais. Para mim, não há classe política. A heterogeneidade entre os "eleitos", que a "classe política" se pretendem assimilar, é enorme. Por outro lado, há um conceito sociológico de classe - como o aprendi em VMGodinho, e noutros - que não se coaduna com uma "classeficação" ou rotulagem, a partir do exercício de mandatos de representação. Eu, por mim, recuso-me a ser considerado "da classe política": sou um cidadão que tem o direito (e o dever!) de estar disponível para representar os outros e que intervem, eleito ou não, na defesa daquuilo que considera melhor para a sociedade enquanto organização social. E procurando sempre combater as raízes das desigualdades sociais e das injustiças, sem que alguma vez defenda, ou tenha defendido, o igualitarismo.
Só um apontamento para lhe lembrar uma dificuldade no que parece muito fácil: diminuir o nº de deputados. É verdade que há deputados que nada ou pouco fazem. São, normalmente, os que entram "sem saber ler nem escrever" porque o partido teve 40 e tal por cento, foram para o governo ou outros lugares os primeiros das litas e entraram os que estavam cá muito para trás nas listas. Mas já reparou que, apesar do método de Hondt ainda preservar alguma proporcionalidade, se diminuisse o nº de deputados, as representações que mais iriam ser diminuidas seriam as dos partidos com menor representação que, são, precisamente, as que têm os deputados que mais trabalham e que mais oposição fazem, sendo esta a essência da democracia? Com a redução agravar-se-ia a alternância bi-polar (ao centro) que é, a meu ver, perversa à democracia.
Isto sou eu a pensar em voz alta, quer dizer, a teclar à solta.

Quem diria que um simples panfleto, emitido sabe-se lá por quem, que aparece nas caixas de correio, cuja "inquinação" -assim o entendi eu - mais não serve que caricaturar uma realidade e que por isso mesmo a hiperboliza, viria a provocar tão interensa e interessante discussão. Penso que só por isso já cumpriu bem o aquele que acredito ter sido o seu propósito - daí que eu o tenha enviado para um espaço publico e livre, de discussão - que era fazer-nos pensar. Penso que isto pode responder ao Fred: o que começou por ser um raciocínio errado com contas mal feitas acabou por ser o mote para o pensamento colectivo e a troca de ideias. Valeu!

Retirado do Insurgente:

Few social experiments have caught the imagination of politicians and students of political economy like the ‘Swedish model’. To successive generations of the centre-left Sweden was something of a paradise. In the report -Sweden after the Swedish Model from Tutorial State to Enabling State, the renowned economic-historian Mauricio Rojas tells us the story of the rise and fall of the old Swedish model and introduces a debate over the present quest for a welfare society that combines fairness with freedom.

Prime Minister Tony Blair has recently expressed an intention to bring the European Social Model up for discussion, so when Great Britain takes over the chairmanship of the European Union on July 1st, these questions will be a top priority.

– The future organisation of the welfare society will depend, to a great extent, on how new problems are tackled. In the end, just like every other product of history, the Welfare State was incompatible with the development of the society, which created it and therefore, it now belongs in the world of myths and memories, says Mauricio Rojas

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