Outrora agora

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Nas vésperas da madrugada que havia de abrir a liberdade aos portugueses, Mário Albuquerque, para o Notícias de Ourém, entrevistou Carlos Vaz de Faria e Almeida, o então presidente da Câmara Municipal de Ourém. Vale a pena ler uma das passagens dessa entrevista - publicada edição de 12 de Janeiro de 1974 -, recuperada para a memória por uma das janelas aqui próximas, o blog Ourém Outrora.
"- Muito se tem especulado acerca do aeródromo de Fátima. Para integral esclarecimento dos nossos leitores, poderia V.ª Ex.ª enumerar os factores que mais têm obstado o início das obras? Neste momento quais as démarches que se aguardam?
- Esta pergunta já teve a sua resposta, melhor que a melhor que aqui se pudesse dar. Quando da última campanha eleitoral os deputados propostos pela Acção Nacional Popular para este círculo eleitoral deslocaram-se a esta vila para contactar com os eleitores fazendo assim a sua apresentação. Fez-se uma pergunta. Em que posição se encontra o aeródromo de Fátima? Respondeu um ilustre deputado, que os seus pares escolheram como cabeça, que o mesmo estava incluído no IV Planeamento de Fomento. Sendo assim, não o estaria em qualquer outro plano e portanto não financiado para suportar os encargos daí resultantes – umas dezenas de milhares de contos – nem sequer previsto para além das expropriações – mais de duzentas parcelas – a desobstrução do mesmo de estradas nacionais e camarárias sujeitas a novo traçado e ainda de ramais de alta tensão que o cruzam ou colidem com a sua zona de protecção".
O que se revela extraordinário neste excerto não é apenas o estilo da entrevista, claramente conforme os modos e os costumes ditados na época. É também a questão colocada e os termos da resposta. Porquanto torna evidente que alguns dos novos horizontes, afinal, são tão velhos.

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É sempre a mesma tanga...
O Cadeirão não deixa "respirar", ontem tal como hoje, os príncipes do poder, usam um discurso empoado, cheio de rendilhados, tal qual o retábulo em talha dourada do altar-mor de uma igreja do mais puro estilo rococó ao qual não limpam o pó desde que foi construido; muito bom discurso, cuidado, pleno de figuras de retórica, redigido em bom português de nível culto: a velha professora Arminda classificaria essa redacção com um Muito Bom, anotado na folha a tinta verde ou vermelha (uhm... já não me lembro) com a sua caligrafia perfeita:
- Lindo menino, muito bem! - uma palmadinha no ombro - parabéns!
- Senhora Professora, a minha mãe disse que estava a criar uma pedrês para lhe oferecer na Festa do Galo....
- Shora Proshora, na pracebi nada das redacções do m'nino Carlos e do m'nino Antóino nim do m'nino Mário e do m'nino David... falam, falam, nã dizem nada!... observa o colega Esquim.
- Menino Joaquim, não diga asneiras, senão conto ao senhor Prior e chamo o seu Pai... Vamos lá ver... 25 reguadas em cada mão...
- Maz'ê na disse nhum'àsnera - balbuciou Esquim, com uma lágrima a escorrer-lhe pela cara maltradada pela geada, pela chuva, pelo calor, pelas "sopas de cavalo cansado", pela porrada, pelo trabalho e, sabe-se lá, por que mais!
Cuidado com o Cadeirão: há, sempre, gajos que caem dele abaixo: ás vezes aleijam-se (será "magoam-se"?), outras vezes batem as botas ("falecem", talvez?).
- Isso é só "verbo de encher"! - dirá qualquer velhote que mal sabe ler ou escrever, entre duas jogadas de bisca lambida e um copo de três, numa qualquer tasca do nosso concelho. Muito boa síntese para tão pouco conhecimento "escolar". Tanta coisa dita apenas com três palavras: surpreendam-se senhores candidatos a políticos, que mais não conseguem do que produzir discursos ocos de conteúdo, numa tentativa de agradar a gregos e a troianos.
Faz lembrar aquelas maçãs do hiper, grandes, bonitas, que, contudo, sabem a palha.
Em trinta anos, neste concelho e também neste país, na s'mexeu uma palha... arre porra.

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