O progresso triste

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«Se eu sair daqui e andar sempre a direito, por montes e vales e estradas, a voo de pássaro, até ao mar, o que encontro é um retrato de Portugal bem triste e sinistro, que se agrava todos os dias, numa obra de destruição em que muitos portugueses estão activamente empenhados, perante a complacência e colaboração activa do Estado e das autarquias, em nome de um "progresso" que pouco mais significa que dinheiro, egoísmo e vistas curtas.»

São palavras de José Pacheco Pereira, num artigo recente do Público e que tão bem se aplica a Ourém. Nas últimas décadas a cidade ficou cada vez mais feia, com vários mamarrachos de arquitectura, rotundas ridículas, inexistência de ordenamento e planeamento urbano, construção indiscriminada, pouco respeito pela valorização do património histórico do concelho. Para mim, Ourém continua a ser uma Vila cortada a meio por uma avenida onde o caos e o trânsito de passagem é cada vez mais real. Uma Vila onde os edifícios mais antigos são os que gosto mais. No entanto, não me considero retrógado ou conservador, gosto de idéias novas, de um certo vanguardismo até. Nem apoio uma certa ruralidade tardia que está bem patente em algum pensamento de contra-poder. Mas não compreendo. Parou tudo no tempo ou os gostos pioraram? É que o novo que se constroi, é tão feio. Já sei que a resposta é: Não está contente? Vá-se embora! Mas já estou habituado. Parece que é mau visto aquele que deseja viver melhor na sua terra e ter orgulho nela. Não será isso o progresso? Pois o progresso, o que queiram entender dele, nunca foi nem nunca será de modelo único.

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5 Comentários

em portugal, a única solução é ir embora. já só tenho mais 4 dias disto.

Pedro mandei-te um mail para o me.

Não coloquem as coisas nesses termos.
Sinceramente, neste artigo foram notáveis algumas ideias de uma ordem «excomungada».
Assim não vão lá. Acabem, de uma vez por todas com os fantasmas do passado.
A cidade necessita de desenvolvimento e admito que tal não tem sido feito pela melhor forma, mas defendendo o velho como se trata-se do melhor é como bater no mesmo.
Deixem-se de hipocrisias e trabalhem!
Abraço.

Caro Nelson, duas coisas. Primeiro, o que é a ordem excomungada? Infelizmente, não atingi nem 'fui lá'. Se calhar enganou-se, mas esteve 'quase lá', porque o que temos é uma desordem comungada. Segundo, imagine que me teria dito isso vinte anos atrás. Veja como estamos agora. Pior ou melhor? Ou então, ao contrário, imagine que me diz a mesma coisa daqui a 15 anos. Que a cidade necessita de desenvolvimento, as coisas não tem sido feitas pelo melhor, etc, e tal, mas nada de idolatrar o que foi feito no passado porque o futuro, esse, será sempre melhor. Disso não tenho dúvidas. É muito fácil dizer que o futuro será sempre melhor porque nunca se presta contas pelo passado.

É comum ser-se mal interpretado nestas questões. Existem coisas que ninguém gosta de ouvir, sobretudo quando se trata da nossa terra. Como em tudo, existem excepções. Se não formos realistas e não nos apercebermos de facto qual é a realidade em que vivemos nunca poderemos evoluir para melhor. Respeitar o passado é aprender com o mal que foi feito e valorizar o que de bom o velho também pode ter. O nacional-porreirismo nunca nos levou a lado nenhum. Nem o tradicional bota-abaixo.

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