Será Ourém um deserto cultural?

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A ler no blog da Livraria Som da Tinta, um artigo de Sérgio Ribeiro:

Não é Ourém, notoriamente, o que se possa chamar uma “terra de cultura”.
Ou, melhor, não é Ourém uma terra com fortes tradições de uma “certa” cultura.
No entanto, qualquer terra que não seja um deserto, onde há séculos viva (e conviva) GENTE, tem tradições, tem “fundo histórico”, tem uma cultura sua, própria. Ourém tem, e não é pobre.
Pelo que, não sendo um deserto, e até bem povoada sendo, não é Ourém um deserto cultural. No que toca a música, no que é arte…sanato, na gastronomia, no que respeita a esforços locais para manter tradições, sei lá… num passado recente (de há pouco mais de um século) de luta republicana, num presente de atracção religiosa, sei lá...
Estará é por conhecer, por descobrir, por socializar, a cultura própria, as manifestações própria da cultura de uma terra como Ourém.

Mas não é, evidentemente, “desta” cultura” que fala quem fala, e se queixa!, de deserto cultural em Ourém, e estranha que haja quem não queira viver num deserto ou para o deserto não se canse de pregar. Porque se notam, em Ourém, alguns sinais de que se querem criar espaços em que haja actividade cultural. Dessa de que Ourém estará tão carente. O que é particularmente significativo quando (e se) esses sinais e passos para que haja tais espaços são dados por jovens.
Que fazer então?
• Desconfiar das intenções de quem a tal se propõe, medir presumidas intenções pelas que serão as suas intenções em tudo quanto se metem, e nada fazer ou, pior, combater/sabotar os esforços de quem os faz, como combate às intenções que se quer presumir que suas seriam?
• Ter um olhar de simpatia piedosa, “coitados!, no que eles se foram meter nesta terra…”?
• Manifestar admiração sincera e reagir, ficando-se pelo estímulo de um comentário ou de uma palavra desesperançada mas, apesar disso, cúmplice?
• Aderir, empaticamente, ao que possa estar a tentar ser feito, e… atirar-se de cabeça?
• Procurar (ou criar) esses espaços e, sempre atentos, com espírito crítico, acompanhar as realizações e, se for caso disso, colaborar com elas, apoiá-las, ir progressivamente também as fazendo suas, emprestar-lhes marcas e intenções pessoais, aproveitando, desfrutando e promovendo, o que são (ou poderão vir a ser) espaços culturais?

Nós temos as nossas opções. Não nos sentimos ETs, nem estar a pregar num deserto sem eco.
Quer isto dizer que é fácil, que não há dificuldades? Oh!, se há…
Mas vale a pena!

(Domingo de manhã, mal refeito da madrugada onde nos trouxe a presença de Hélder Costa trazido pela Som da Tinta, enquanto outras madrugadas se faziam no “Centro de Negócios” a palpitar de actividade cultural outra, no final de um dia em que se reuniu a Associação de artesãos... e sei lá que mais)

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1 Comentário

Mais uma vez, subscrevo em absoluto a opinião do Dr. Sérgio Ribeiro.
Para que se possa fomentar a diversidade, é preciso que os agentes promotores de novas iniciativas (especialmente os mais jovens) respeitem e, até, levem em consideração a actividade cultural já existente.
É muito comum vermos os jovens aderirem a "eventos" só porque são moda, mas que se esgotam em si próprios, que não dão origem a movimentos sólidos, a "rotinas" culturais.
Se, tal como S.R. diz, é possível que haja várias "culturas", é preciso que se complementem, que gostar de uma não invalide poder gostar de outra. Resumindo: não é por gostar de ver um rancho folclórico que me podem chamar de bimbo, nem é por gostar de assistir a um bailado da Olga Roriz que isso faz de mim mais que qualquer outro.

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