Photomaton e borrões

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O episódio exposto abaixo, reportado por Sérgio Ribeiro e argutamente apanhado pelo Luís - que tratou de lhe dar a devida publicidade -, tem tanto de eloquente quanto de pungente. Pois é a denúncia, em acto, sem clemência, pelos próprios actores cabotinos implicados, que, às vezes, não sabem o que fazem. Mas fazem. Mal.

"Fui ter com o Gageiro, velho amigo que encontrara ontem na Botica. Com sacrifício. Depois de ver o livro que me oferecera. que é uma obra de grande qualidade.
O homem estava enervado, irritado. E o que ele me contou é… de anedota tipicamente oureense.
Vem o grande fotógrafo, internacionalmente reconhecido como dos melhores, premiadíssimo (ainda na semana passada na Áustria), e começa por ser recebido displicentemente pelo responsável pela «cultura municipal», que não sabe quem é o senhor Gageiro (quem é esse gajo?) e o trata como a um fotojornalista em começo de carreira e à procura de acertar com a objectiva uns bonecos.
Isto sou é que conto assim, a partir do que o dito profissional (e artista) da fotografia me contou ontem, sem (se) dar qualquer importância. Porque ele é assim. Um homem muito modesto.
Mas hoje é que foi pior. Ou melhor: hoje é que foi péssimo.
Foi o fotógrafo consagrado e cioso da sua profissão fazer o que lhe parecia certo, e encontrou pela frente coisas estranhas. Como um senhora, de capa-máscara a fazer de figurante «da paixão», mas de máquina fotográfica (decerto digital) a entremear figuração com tiragem de fotos.
Achou o homem que assim não podia exercer seriamente o seu mester, e pediu à senhora para se limitar à figuração deixando a fotografação para quem disso tem tarefa e (no caso) currículo.
Pois foi mal recebido. Que não senhora, que ela não tinha nada de se submeter a ordens de um fotografozeco qualquer («quem é o senhor?»), que ela era «funcionária da câmara» (argumento definitivo).
Claro que o tal Gageiro não gostou, e terá dito que nem que ela fosse o Presidente da República podia fazer o que não era correcto (... cortado pela Comissão de Censura...)
E foi ao dito responsável pela «cultura municipal» apresentar reclamação pelas condições em que estava a fazer o seu trabalho, sem dizer, porque modesto é, que por todo o mundo lhe procuram criar as que melhor sejam. Como ainda há dias, no Egipto, em que foi o convidado por Portugal, ao lado de um «colega» por cada um dos países da União Europeia.
Pois o (ir)responsável, já decerto avisado pela funcionária das chatices que o senhor estaria a provocar no acontecimento e seu registo fotográfico, deu uma resposta seca e definitiva: «se a senhora está a fazer o que está é porque sabe as ordens que tem…»
Ficou o fotógrafo, que é Eduardo Gageiro e tem direito a entrada na Enciclopédia Luso-Brasileira – mas que fosse um simples profissional a fazer, honesta e profissionalmente, a sua profissão… – bastante chateado e, promete!, isto não fica assim… Pelo menos prometeu-me.
No Xico Santo Amaro, já mais calmo da justa indignação e muito satisfeito com a «outra» recepção oureense que teve. Amiga de amizade de meio século
".

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1 Comentário

Não se pode enviar este texto para o Notícias de Ourém? Não será isto notícia?
É típico... Só faltou a sra. pedir para que o fotógrafo a tratasse por Doutora! Que venha o tratado de Bolonha para acabar com os doutores todos. Passa tudo a graduate e acabou a conversa!

Mais a sério: é por coisas assim que ás vezes me sinto tão pequenino, mas tão pequenino, que tenho vontade de fugir daqui. Outra vez.

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